O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e pela primeira vez, uma análise da Anvisa mostrou que consumir laranjas pode causar contaminação aguda. E não é só a laranja, não. Muitas frutas, verduras e legumes têm concentração de produtos químicos acima do permitido.
Em geral, os agrotóxicos são utilizados de maneira errada, o agricultor não segue a recomendação de quantidades, modo de aplicar, tempo para colheita, tipo de cultura que pode receber aquele produto, etc, e isso resulta em resíduos no alimento acima do permitido.
Preferir alimentos orgânicos certificados é sempre melhor, verifique se o produtor possui o selo de certificação ou a embalagem. Outra dica é preferir alimentos da época, pois eles precisam, em tese, de menos agrotóxicos. Alimentos in natura que são da sua região também precisam de menos produtos químicos para estarem em boas condições, mas em todos os casos, nunca devemos deixar de comer frutas, legumes e verduras por causa dos agrotóxicos porque os benefícios são muito maiores que os riscos.
Os alimentos orgânicos precisam ser lavados antes do consumo com hipoclorito de sódio, como todo alimento in natura. Os procedimentos de lavagem e a retirada de cascas e folhas externas contribuem para a redução dos resíduos de agrotóxicos presentes no exterior do alimento, mas são incapazes de eliminar os contidos no interior. Fonte: G1. Foto: RBA.
Créditos: Focando a Notícia
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Banco Central reduz Selic para 13% ao ano
Pela terceira vez seguida, o Banco Central (BC) baixou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu hoje (11) a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano. A decisão surpreendeu os analistas financeiros, que previam o corte de 0,5 ponto percentual.
Com a decisão de hoje, a Selic está no menor nível desde abril de 2015, quando estava em 12,75% ao ano. Mantida em 7,25% ao ano, no menor nível da história, de outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Somente em outubro do ano passado, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia.
Em comunicado, o Copom informou que a demora na recuperação da economia contribuiu para a autoridade monetária acelerar o corte dos juros. “O conjunto dos indicadores sugere atividade econômica aquém do esperado. A evidência disponível sinaliza que a retomada da atividade econômica deve ser ainda mais demorada e gradual que a antecipada previamente”, destacou o texto.
O Copom ressaltou que as incertezas externas ainda não trouxeram efeitos sobre o Brasil e que o comportamento da inflação, que fechou 2016 abaixo das expectativas, favoreceu a redução maior da Selic.
“A inflação recente continuou mais favorável que o esperado. Há evidências de que o processo de desinflação mais difundida tenha atingido também componentes mais sensíveis à política monetária e ao ciclo econômico. A inflação acumulada no ano passado alcançou 6,3%, bem abaixo do esperado há poucos meses e dentro do intervalo de tolerância da meta para a inflação estabelecido para 2016”, acrescentou o Banco Central.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA fechou 2016 em 6,29%, o menor nível desde 2013 (5,91%).
Até o ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia meta de inflação de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Para 2017, o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual. A inflação, portanto, não poderá superar 6% neste ano.
Inflação
No Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA encerre 2017 em 4,4%. O mercado está um pouco menos pessimista. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, a inflação oficial fechará o ano em 4,81%.
Até agosto do ano passado, o impacto de preços administrados, como a elevação de tarifas públicas, e o de alimentos, como feijão e leite, contribuiu para a manutenção dos índices de preços em níveis altos. De lá para cá, no entanto, a inflação começou a desacelerar por causa da recessão econômica e da queda do dólar. Em dezembro, o IPCA ficou em 0,30%, a menor taxa para o mês desde 2004.
A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores impulsionam a produção e o consumo num cenário de baixa atividade econômica. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos projetam crescimento de apenas 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2016. No último Relatório de Inflação, o BC reduziu a estimativa de expansão da economia para 0,8% este ano.
A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.(EBC).
Créditos: WSCOM
Bilhete Único de SP são bloqueados sem explicação aos passageiros
do transporte coletivo da cidade de São Paulo foram surpreendidos com o bloqueio de alguns cartões do Bilhete Único. Nesta quarta-feira (11), uma fila enorme se formou no posto de atendimento da São Paulo Transporte (SPTrans, que administra os ônibus na capital), no Centro.
Segundo a SPTrans, existem cartões bloqueados indevidamente por erros no sistema, o que pode ser o caso da Adriana. Mas, segundo a empresa, o grande volume de bloqueios que se vê atualmente tem a ver com um processo de investigação de fraudes na venda de créditos.
Os créditos estariam sendo inseridos em bilhetes sem pagamento à SPTrans. O presidente da empresa diz que a concentração de pessoas no posto da Rua 15 de Novembro, pelo menos por enquanto, é inevitável. “Essa investigação mais aprofundada, em termos de como que é que a pessoa conseguiu carregar créditos indevidos no cartão, ela é mais demorada”, disse José Carlos Nunes. “Por isso ela tem que ser feita neste local específico."
No começo da noite desta quarta, o secretário municipal de Transportes, Sérgio Avelleda, determinou aumento no número dos pontos de atendimento. Ele também pediu para a SPTrans diminuir o tempo de espera dos passageiros na fila. Isso deve ocorrer nos próximos dias.
Créditos: G1
Segundo a SPTrans, existem cartões bloqueados indevidamente por erros no sistema, o que pode ser o caso da Adriana. Mas, segundo a empresa, o grande volume de bloqueios que se vê atualmente tem a ver com um processo de investigação de fraudes na venda de créditos.
Os créditos estariam sendo inseridos em bilhetes sem pagamento à SPTrans. O presidente da empresa diz que a concentração de pessoas no posto da Rua 15 de Novembro, pelo menos por enquanto, é inevitável. “Essa investigação mais aprofundada, em termos de como que é que a pessoa conseguiu carregar créditos indevidos no cartão, ela é mais demorada”, disse José Carlos Nunes. “Por isso ela tem que ser feita neste local específico."
No começo da noite desta quarta, o secretário municipal de Transportes, Sérgio Avelleda, determinou aumento no número dos pontos de atendimento. Ele também pediu para a SPTrans diminuir o tempo de espera dos passageiros na fila. Isso deve ocorrer nos próximos dias.
Créditos: G1
quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Juros sobem em todas as linhas de crédito para pessoa física em 2016
A taxa média de juros cobradas pelas instituições em operações de crédito caiu na passagem de novembro para dezembro, mas subiu no acumulado do ano de 2016 em todas as modalidades de crédito pesquisadas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Segundo a Anefac, a taxa de juros média geral para pessoa física recuou de 8,2% ao mês (157,47% ao ano) em novembro de 2016 para 8,16% ao mês (156,33% ao ano) em dezembro de 2016 – a menor taxa de juros desde agosto de 2016.
A taxa média, entretanto, ficou bem acima da registrada em dezembro de 2015, de 7,56% (139,78% ao ano). No cartão de crédito, o juro médio caiu de 459,53% ao ano em novembro para 453,74% ao ano em dezembro – a menor desde outubro do ano passado. O cartão de crédito, no entanto, encerrou 2016 com juros maiores do que há um ano, quando a taxa estava em 399,84% ao ano.
Das seis linhas pesquisadas, apenas a do cheque especial subiu em dezembro: a taxa passou para 314,51% ao ano em dezembro, ante 313,63% em novembro. Trata-se da maior taxa desde março de 1999. Em dezembro de 2015, o juro médio estava em 240,88% ao ano.
Já no crédito para empresas, das três linhas de crédito pesquisadas, todas foram reduzidas no mês. A taxa de juros média passou de 4,82% ao mês (75,93% ao ano) em novembro de 2016 para 4,74% ao mês (74,32% ao ano) em dezembro de 2016, sendo esta a menor taxa de juros desde julho de 2016. No ano, entretanto, os juros também subiram. Em dezembro de 2015, a taxa média era de 65,16% ao ano. (G1).
Créditos: Focando a Notícia
Segundo a Anefac, a taxa de juros média geral para pessoa física recuou de 8,2% ao mês (157,47% ao ano) em novembro de 2016 para 8,16% ao mês (156,33% ao ano) em dezembro de 2016 – a menor taxa de juros desde agosto de 2016.
A taxa média, entretanto, ficou bem acima da registrada em dezembro de 2015, de 7,56% (139,78% ao ano). No cartão de crédito, o juro médio caiu de 459,53% ao ano em novembro para 453,74% ao ano em dezembro – a menor desde outubro do ano passado. O cartão de crédito, no entanto, encerrou 2016 com juros maiores do que há um ano, quando a taxa estava em 399,84% ao ano.
Das seis linhas pesquisadas, apenas a do cheque especial subiu em dezembro: a taxa passou para 314,51% ao ano em dezembro, ante 313,63% em novembro. Trata-se da maior taxa desde março de 1999. Em dezembro de 2015, o juro médio estava em 240,88% ao ano.
Já no crédito para empresas, das três linhas de crédito pesquisadas, todas foram reduzidas no mês. A taxa de juros média passou de 4,82% ao mês (75,93% ao ano) em novembro de 2016 para 4,74% ao mês (74,32% ao ano) em dezembro de 2016, sendo esta a menor taxa de juros desde julho de 2016. No ano, entretanto, os juros também subiram. Em dezembro de 2015, a taxa média era de 65,16% ao ano. (G1).
Créditos: Focando a Notícia
Cientistas criam regenerador de dentes
Uma nova droga pode tornar as obturações obsoletas, afirmam cientistas britânicos. Uca equipe do King's College de Londres desenvolveu uma substância química que, em testes com ratos, estimulou células da polpa dental a taparem pequenos buracos nos dentes. Para isso, uma esponja biodegradável embebida no produto foi colocada na cavidade.
Em um estudo publicado pela revista científica "Scientifica Reports", a substância teve, segundo os cientistas, efeito reparativo "completo, eficaz e natural". Dentes têm capacidade limitada de regeneração. Podem produzir uma pequena faixa de dentina - a camada abaixo do esmalte - se a polpa fica exposta, mas não podem consertar cavidades maiores. Isso é feito com obturações, em que dentistas usam um amálgama metálico ou um composto feito de vidro em pó e cerâmica.
Só que esses reparos frequentemente precisam ser substituídos ao longo da vida. Os pesquisadores, então, tentaram ampliar a capacidade regenerativa natural dos dentes - foi assim que descobriram a droga, chamada Tideglusib. A substância aumentou a atividade de células-tronco na polpa dental dos ratos - elas conseguiram fazer reparos em buracos de 0,13mm nos dentes dos roedores.
"A esponja é biodegradável, isso é a chave", disse à BBC Paul Sharpe, um dos cientistas do King's College. "O espaço ocupado pela esponja fica cheio de minerais enquanto a dentina regenera, então você não tem nada ali que possa falhar no futuro."A equipe agora quer descobrir como conseguir aumentar o poder de ação da Tideglusib.
"Não acho que vamos esperar muito tempo. Tenho esperanças de que (o tratamento) estará comercialmente disponível em três a cinco anos", completou Sharp.
O campo da medicina regenerativa, que encoraja células a se dividir rapidamente para reparar danos, volta e meia desperta temores sobre o risco de câncer. A Tideglusib altera uma série de sinais químicos nas células, o Wnt, algo que já foi ligado à ocorrência de alguns tipos de tumor. Mas a droga já foi usada em testes com pacientes humanos em pesquisas sobre demência. (G1).
Créditos: WSCOM
Verba destinada a SAMU ’se perde’ nas transferências entre Governo Federal e municípios
Um levantamento recente feito pelo Ministério da Transparência apontou que os recursos destinados ao Samu não possuem qualquer fiscalização. A verba que é destina a compra e manutenção das ambulâncias, treinamento e contratação de pessoal especializados é repassada pelo Governo Federal aos estados e municípios e não é destinada apropriadamente.
Segundo o relatório do governo das 663 ambulâncias analisadas, 23% estão fora da circulação; com relação as motolâncias (motocicletas equipadas para atendimento aos primeiros socorros) cerca de 46% estão paradas. O governo envia um repasse mensal de R$ 2,4 milhões com a finalidade de manutenção do programa do SAMU. Em algumas cidades do país foram constatadas que havia apenas uma ambulância na cidade e esta se encontrava em situação de precária sem previsões de reparo.
Quando se trata de saúde todo o tempo e dinheiro destinado e aplicado pode ser vital. As verbas são destinadas aos municípios que acabam por escoar o dinheiro público para finalidades mil, inclusive para os próprios bolsos e o trabalhador que depende da saúde pública é o principal atingido. Acordos com instituições privadas são travadas para destinar a verba para quem financiou e apoiou as campanhas políticas. Frente ao lastimável cenário aberto pela aprovação da PEC 55 que corta recursos da Saúde e Educação, encontrar o pouco que ainda é destinado para este setor “se perdendo” nas mãos dos políticos só mostra para quem de fato eles estão governando, para os empresários, banqueiros, grandes fazendeiros e para as elites locais.
Créditos: Esquerda Diário
Cresce o número de famílias em situação de rua
Os dados mais recentes disponíveis, levantados pelo censo de São Paulo em 2015, contabilizam 15.906 pessoas em situação de rua na capital aquele ano. Quase o dobro do contabilizado em 2000, quando 8.706 pessoas dormiam pelas ruas da cidade. Para o frei José Francisco, diretor-presidente do Sefras, Serviço Fransciscano de Solidariedade, que é um centro de acolhida da região, ligado à Igreja Católica, coloca claramente que este número é subestimado “ Os próprios órgãos públicos com quem dialogamos, todos admitem que nas ruas de São Paulo existem mais de 20 mil pessoas, e que esse número cresce.”
Os mais de dois anos de recessão profunda que o país enfrentou e vem descarregando na população brasileira, aumentaram significativamente a demanda por serviços sociais, bem como, mudou-se muito o perfil predominante dos usuários destas instituições.
"Hoje você vê muitas famílias que vão com a barraquinha para o meio da rua. Você percebe que são pessoas que teriam condições de trabalhar, mas perderam o emprego e entregaram a casa", afirma Kaká Ferreira, 63 anos, fundador do Núcleo Assistencial Anjos da Noite, que há 27 anos distribui comida, roupas e ações de resgate de autoestima as pessoas em situação de rua de São Paulo, além de ser o idealizador da já tradicional ceia de Natal que é realizada para os moradores há anos no Pateo do Collegio, no centro da cidade.
"A demanda aumentou muito desde o fim de 2015. Demorava três horas para distribuir 800 marmitas. Agora levo 40 minutos, e a quantidade de gente que vem desesperada atrás de comida é muito grande", diz Kaká, que é servidor do Ministério da Agricultura há 40 anos, e semanalmente, lidera grupo de cerca de 60 voluntários que caminham por roteiros que tradicionalmente concentram grande parte da população de rua de São Paulo, como a Praça da Sé, a Rua 25 de março, o Vale do Anhangabaú, a Rua Amaral Gurgel, entre outros.
Segundo o freio José Francisco, “Nos dez anos em que atuo nesse trabalho, este é o pior momento que vi [...] Em todos os lugares você encontra barracas com famílias dentro. Não precisa ter muita sensibilidade para notar que essas pessoas estão por toda a cidade”.
A alta do desemprego reforça em todo o país a tendência de que mais pessoas percam suas moradias. As próprias pesquisas de desemprego sinalizam um aumento desalento, bem como de mais pessoas que param de procura-los e saem dos radares do IBGE. Ainda que com estes expressivos dados, o sociólogo Gabriel Feltran, diretor cientifico do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e um dos organizadores do livro “Novas Faces da Vida nas Ruas”, que reúne pesquisas sobre o tema ao longo das últimas décadas, diz que não dá pra dizer que a crise cause um aumento no número de pessoas em situação de rua.
Os mais de dois anos de recessão profunda que o país enfrentou e vem descarregando na população brasileira, aumentaram significativamente a demanda por serviços sociais, bem como, mudou-se muito o perfil predominante dos usuários destas instituições.
"Hoje você vê muitas famílias que vão com a barraquinha para o meio da rua. Você percebe que são pessoas que teriam condições de trabalhar, mas perderam o emprego e entregaram a casa", afirma Kaká Ferreira, 63 anos, fundador do Núcleo Assistencial Anjos da Noite, que há 27 anos distribui comida, roupas e ações de resgate de autoestima as pessoas em situação de rua de São Paulo, além de ser o idealizador da já tradicional ceia de Natal que é realizada para os moradores há anos no Pateo do Collegio, no centro da cidade.
"A demanda aumentou muito desde o fim de 2015. Demorava três horas para distribuir 800 marmitas. Agora levo 40 minutos, e a quantidade de gente que vem desesperada atrás de comida é muito grande", diz Kaká, que é servidor do Ministério da Agricultura há 40 anos, e semanalmente, lidera grupo de cerca de 60 voluntários que caminham por roteiros que tradicionalmente concentram grande parte da população de rua de São Paulo, como a Praça da Sé, a Rua 25 de março, o Vale do Anhangabaú, a Rua Amaral Gurgel, entre outros.
Segundo o freio José Francisco, “Nos dez anos em que atuo nesse trabalho, este é o pior momento que vi [...] Em todos os lugares você encontra barracas com famílias dentro. Não precisa ter muita sensibilidade para notar que essas pessoas estão por toda a cidade”.
A alta do desemprego reforça em todo o país a tendência de que mais pessoas percam suas moradias. As próprias pesquisas de desemprego sinalizam um aumento desalento, bem como de mais pessoas que param de procura-los e saem dos radares do IBGE. Ainda que com estes expressivos dados, o sociólogo Gabriel Feltran, diretor cientifico do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e um dos organizadores do livro “Novas Faces da Vida nas Ruas”, que reúne pesquisas sobre o tema ao longo das últimas décadas, diz que não dá pra dizer que a crise cause um aumento no número de pessoas em situação de rua.
Isso porque, de acordo com o mesmo, o fenômeno da população de rua, responde a fatores que estão pra além da economia. A atuação do crime organizado, a sazonalidade que atrai moradores de rua para determinadas áreas, ou o aumento das ações de assistências no fim do ano, atrai moradores de outras regiões. “Não é que, quando aumenta o desemprego, mecanicamente aumenta a população de rua [...] Aumenta a tendência no país todo. Mas, por exemplo, se o crime estivesse dando muito dinheiro na periferia e o cara que perdeu o emprego formal consegue ser olheiro em uma “biqueira”, ele fica por lá mesmo”.
Feltran cita outras influencias da atuação do crime organizado sobre o comportamento da população de rua, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) que desde 2000 passou a regrar o comportamento dos usuários de crack na cidade, elevando a migração da periferia para o centro. “O moleque, por exemplo, não pode fumar pedra no meio da comunidade, e muitas vezes é expulso. E aí, após ser expulso de uma e outra favela, se endivida, e acaba indo parar no Centro”, exemplifica.
“Acompanhei várias pessoas que se viciaram no crack na periferia, na favela, mas que terminaram no Centro. Ninguém vai expulsar ele da Cracolândia”, diz Feltran, que busca destacar a heterogeneidade do perfil dos moradores de rua, bem como reduzi-los em si a culpa por estarem nessas condições, ao alencar dos maiores agravantes o sofrimento psíquico de alguns, ou o rompimento da família de outros, sem se quer questionar o papel ausente que o Estado assume, e muito menos o caráter paliativo de cada uma das políticas constituídas.
O discurso utilizado por esse pesquisador pra tratar da temática tão agravante que é o aumento de famílias em situação rua, e consequentemente em situação de extrema vulnerabilidade social, é de assustar qualquer profissional coerente que estudou minimamente para atuar na área. Começa pelo ponto crucial de não enxergar da relação direta do desemprego e do aumento do número de famílias em situação de rua, bem como de não apontar fatores tão significativos como é o valor do salario mínimo, os postos precarizados de trabalho, nem mesmo a feroz especulação imobiliária que se intensificou muito sob a gestão de Haddad na cidade. Estas pessoas geralmente têm famílias, sustentam filhos e necessitam também pagar um aluguel que não se encontra por menos de R$600 em qualquer um dos cantos da cidade.
Isso sem falar à funcionalidade que o pesquisador legitima ao crime organizado, que além de ter parte de responsabilidade, também se utiliza de controle, para com esses munícipes que, teórica e constitucionalmente, deveriam ter acesso à educação, a saúde, ao trabalho, ao lazer, a segurança, bem como a assistência quando desamparado, sem contar o salario mínimo, que deveria atender as necessidades mais vitais suas e de sua família, tal como moradia, alimentação, vestuário, higiene, transporte, previdência, entre outros.
Essa afirmação é com base na mesma Constituição Federal que foi o pilar para a aprovação do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, mas que também vem se desdobrando a legitimar cada canetada dos inúmeros ataques e retrocessos aos direitos conquistados dos trabalhadores, que seguimos denunciando. Pra conhecimento, essa é a mesma Constituição Federal, que se propõem a construir uma sociedade livre, justa e solidária, bem como a garantir o desenvolvimento nacional e erradicar a pobreza e marginalização, assim sendo, reduzindo as desigualdades sociais e regionais.
O que vai bastante contrario as interpretações e atuações das políticas públicas pra essa população na própria cidade de São Paulo, que como vimos recente, teve como uma das primeiras medidas de Dória, realocou dezenas de moradores de rua abaixo do Viaduto da 9 de Julho, além de colocar telas nas grades do viaduto.
Reintegrar os moradores de rua ficou mais difícil em meio à crise. "Este ano me assustou bastante. Foi muito mais difícil encaminhar para entrevistas nas empresas", diz a engenheira civil Caroline Garcia Pinto, que em 2014 deixou seu antigo emprego como executiva de RH e voltou a morar na casa dos pais para realizar o sonho de criar Instituto Muda Vidas, dedicado a recolocar moradores de rua em vagas de emprego formal ou no empreendedorismo. "Hoje os moradores de rua estão competindo com pessoas qualificadas que perderam os empregos", afirma.
O aumento da demanda ocorre justo no momento de queda mais expressiva nas receitas das instituições, que se articulam de formas distintas, para alavancar o numero de doações, para dar conta de uma demanda que só cresce e tem necessidades das mais básicas como são as alimentares.
Na visão de Feltran, as políticas públicas para a população de rua do país vêm sendo “engolida” pelos programas de combate ao crack, “Todo recurso do Centro de Referencia Especializado de Assistencia Social – População de Rua, por exemplo, faz parte do guarda-chuva de um programa de combate ao crack. Em termos de políticas públicas, o que se pressupõe? Que toda pessoas que esta na rua é usuário de crack”, conclui. Sem pensar com devida consequência, o aumento da criminalização da vida dessas pessoas, e de tantos outras que ficam de fora desse enfoque.
Enquanto a moradia for tratada como privilegio e parte de merecimento do suor que damos todos os dias para os lucros dos patrões, continuará a ter e a crescer o número de pessoas em situação de rua, e consequentemente o desenrolar dos agravos das questões sociais de derivam na vivência, ou subexistência, destes indivíduos.
Se torna cada vez mais necessário o questionamento acerca destas políticas publicas e seu caráter eletivo a situações que se colocam de forma cada vez mais agravada para a população, bem como a responsabilidade do Estado e a forma a qual vem sendo gestadas, uma vez que o próprio município de São Paulo encontra-se com uma defasagem que ultrapassa a de 800 Assistentes Sociais, de acordo com o Plano Municipal de Assistência Social – PLAS 2014/2017, que tem exigido o acumulo de atribuições de muitos profissionais, e a repartição de tais demandas, para responsabilidades de ONG e de Instituições beneficentes, uma vez que o Estado insiste a não cumprir seu papel. Fonte: Valor Econômico.
Créditos: Esquerda Diário
Créditos: Esquerda Diário
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