O teólogo e escritor Leonardo Boff avalia que o governo de Michel Temer está “provocando o povo” e a consequência pode ser uma convulsão social. “Nossa tarefa é tentar evitar essa situação e fazer com que essa pressão toda coloque o Congresso para atuar em prol do povo, mas se acontecer essa sublevação, eles são os culpados”, afirmou, durante participação no programa Entre Vistas, na TVT.
Um dos mentores no Brasil da Teologia da Libertação, Boff foi duro com Temer ao dizer que seu governo é ilegítimo e não deve ser reconhecido, pois rompeu o pacto social do país. Para o frei, é preciso recolocar o país no rumo do desenvolvimento e refazer o prestígio global que havia conquistado até poucos anos atrás, a partir das potencialidades e riquezas naturais brasileiras, o que, para ele virá com a eleição de um novo governo de perfil progressista. “O Lula pode resgatar a credibilidade do povo”, afirmou.
O teólogo avalia que Lula conseguiu abrir “brechas sociais” mas, apesar dos elogios, diz que o ex-presidente se equivocou ao não redistribuir a riqueza – que seria “tirar de quem tem demais para dar a quem tem de menos". É nesse contexto que Boff analisa a conjuntura que permitiu o impeachment de Dilma Rousseff e o golpe em curso no Brasil.
“Quando se deram conta de que as políticas sociais se tornariam políticas de Estado consolidadas, eles deram o golpe”, observou, ressaltando a necessidade de o país construir uma sociedade minimamente igualitária. “Vivemos uma luta de classes onde a classe operária sempre perde.” Ainda assim, disse acreditar na resistência aos retrocessos, na construção de um novo rumo para o país e na crença de que a sociedade não pode se manter indefinidamente na injustiça.
“O que nos faltou foi uma Bastilha”, afirmou, se referindo à revolta que pôs fim à monarquia na França em 1789. “A casa-grande continua com a mesma lógica, paga um salário como se fosse esmola. Temos que criar as mediações com políticos que lutam pela justiça e o Estado de bem-estar social.”
Durante o programa, gravado no Café do Sindicato dos Bancários, no Edifício Martinelli, centro de São Paulo, Leonardo Boff criticou o papel da Igreja Católica na conjuntura atual, em que movimentos sociais são perseguidos e há retrocessos em diversas áreas sociais. Para ele, nos últimos 30 anos os padres perderam sua capacidade "profética".
"Hoje temos uma Igreja enfraquecida, dividida, com alguma posição diante da Amazônia e da Previdência, mas que se calou diante da reforma trabalhista e do Estado de exceção que persegue. É uma Igreja adaptada à situação”, disse. Na sua visão, a missão da igreja é estar ao lado dos mais pobres e defender seus direitos. Apesar da opinião contundente, o teólogo por outro lado elogiou a postura do Papa Francisco e sua atitude de não apenas “dar discurso” para os pobres, mas sim ir ao encontro deles, estar onde eles estão.
E fez uma revelação: “A Dilma pode não falar, mas o Papa enviou uma carta de apoio durante o impeachment. Enquanto houver esse governo, ele não virá ao Brasil. Ele viria porque é um grande devoto de Nossa Senhora Aparecida, mas não veio. E não recebeu o Temer quando ele foi a Roma, porque ele é um homem de princípios”.
Boff defendeu um melhor diálogo com os grupos evangélicos dispostos a enfrentar as injustiças do Brasil, pois acredita ser preciso se comunicar melhor com os pobres e excluídos, e que os evangélicos têm uma linguagem mais apropriada para esse desafio. “Precisamos sim abrir dialogo com eles”, reconheceu. O programa Entre Vistas vai ao ar todas as terças-feiras, às 21h. Fonte: RBA.
Créditos: Brasil de Fato
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
Com lucros recordes em 2017, bancos fecharam mais de 17 mil postos de trabalho
Os três maiores bancos privados do Brasil – Itaú, Bradesco e Santander – tiveram, juntos, lucro líquido de R$ 53,8 bilhões. A cifra representa um crescimento de mais de 15% em relação a 2016. Somente o Itaú alcançou o maior lucro de uma instituição financeira na história do Brasil: R$ 24,8 bilhões.
De outro lado, o setor cortou muitos postos de trabalho. É o que lembra Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
“O setor bancário fechou 17.905 postos de trabalho em 2017, de acordo com dados do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados]. Para ajudar o Brasil a crescer, o setor bancário precisa começar a retribuir a sociedade, praticando juros civilizados, elevando a oferta de crédito, melhorando o atendimento à população através de contratações e contribuindo para melhorar as relações de trabalho e a estrutura salarial num país que ainda figura no topo do ranking mundial de desigualdade de renda”, diz.
Um dos pontos citados por Silva é um fator fundamental para compreender os lucros altos dos bancos brasileiros: os juros de empréstimos. É o que aponta também Vivian Machado, mestre em Economia Política e técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
“O que explica [os altos lucros] é o rentismo. Os lucros dos bancos são muito grandes por conta do spread: o que eles gastam para captar é muito inferior ao que eles cobram dos clientes. Quanto maior é a crise, maior é o risco, mais ele cobra. Se o país está em crise, eles emprestam menos, mas ganham em outras frentes”, indica.
Machado afirma que os bancos encontram “saídas em qualquer cenário” e, mesmo com a alta do desemprego e queda no consumo, eles vêm aumentando as receitas por conta das taxas cobradas de clientes pela prestação de serviços, como a manutenção de contas.
A opinião é compartilhada por Roberto van der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). Ambos dizem que só os valores desse tipo de receita possibilitam o pagamento de funcionários, uma das principais despesas destas instituições.
“O Itaú teve de receita, só com essas tarifas, mais de R$ 35 bilhões. Essa receita vem crescendo ano a ano. Sozinha ela cobre toda despesa de pessoal”, aponta Silva.
Van der Osten ressalta que, além do fechamento de postos de trabalho, o lucro dos bancos não se reverte em melhores condições de trabalho para seus funcionários, pelo contrário: as situações a que são submetidos os trabalhadores e as trabalhadoras vem se agravando, o que deve piorar com a reforma trabalhista. O sindicalista cita como exemplos a prática de home office, que flexibiliza a jornada, e a estipulação de metas exageradas, acontecimentos “compensados” por shows e espetáculos “motivacionais”.
“Os trabalhadores do ramo financeiro estão entre os mais afastados. É um dos setores que mais apresenta afastamento por distúrbio mental e vários outros tipos de doença do trabalho. O que é 'curioso', porque é um emprego em que aparentemente não existe penosidade em sua execução. Ele é um trabalho onde se enfrenta várias situações”, analisa.
O lucro do Banco do Brasil deve ser anunciado dia 22 de fevereiro. A divulgação deve confirmar a expectativa de menor presença relativa das instituições públicas no setor financeiro em comparação a anos anteriores. Edição: Nina Fideles.
Crédito: Brasil de Fato
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018
O fracasso do golpe e o aprofundamento da injustiça
Instalado desde 2016, o programa denominado Ponte para o Futuro pelo governo Temer não produziu fracasso maior, não fossem medidas de natureza bastarda do keynesianismo, contraditoriamente adotadas ad hoc pela equipe econômica neoliberal – aquela dos sonhos do mercado. A mensagem original era a do ajuste fiscal e do resgate da credibilidade para fazer com que a economia voltasse a crescer pela retomada dos investimentos privados.
Mas o que se viu foi um protundo fracasso. Em meio ao prolongamento da recessão, o ajuste fiscal produziu mais desajuste nas contas públicas, sufocando os governos federal, estaduais e municipais e degenerando ainda mais as condições de vida da população. Os péssimos indicadores de avaliação do governo Temer apenas confirmam a realidade nacional.
No mesmo sentido, a credibilidade esperada mesmo com a falsa propaganda do novo governo austero não apareceu. E os investimentos terminaram seguindo a mesma rota de queda, o que jogou por terra toda a ladainha da economia pelo lado da oferta, cuja redução de custos (sociais e trabalhistas) e o esvaziamento do papel do Estado gerariam o melhor dos mundos. Onde?
Diante da recessão sem fim e o desastre, mais uma vez, das políticas neoliberais, o retorno de certa heterodoxia, de estímulo da demanda foi rapidamente acionado. Para tanto, a liberação de renda pelo Estado com o intuito de estimular o consumo foi providenciada.
Assim, a injeção de recursos através das contas inativas tanto do FGTS como do PIS/Pasep e o perdão tributário liberaram recursos adicionais ao consumo que contou ainda com a queda da inflação e da taxa nominal de juros. Dessa forma, o governo Temer conseguiu que ano de 2017 terminasse empatado, com sinais de estagnação do PIB e sem horizonte confiável de recuperação sustentável da economia.
Mas isso não seria pouca coisa frente ao desastre anunciado pela fajuta política econômica implementada. A evidente alegria do condomínio de interesses apoiadores dos golpistas vem sendo propagandeada recorrentemente pelos meios de comunicação, concomitante com todo o apelo para a aprovação da injusta reforma da previdência.
Destaca-se que no governo Dilma, por exemplo, a variação positiva da economia – bem maior - que a produzida por Temer era denominada de pibinho. Agora, somente a inexistência de variação negativa do PIB vem sendo valorizada ao extremo.
Tudo isso, contudo, não se mostra suficiente para permitir o surgimento de candidatura pelo lado dos golpistas suficiente para indicar vitória no pleito presidencial, em condições livres e democráticas, no ano 2018. Por isso e sem alternativas, o que resta ao golpismo fracassado é a persistência no avanço da injustiça sobre a candidatura de Lula, a única que desponta, possivelmente, como vitoriosa.
Suspender as eleições presidenciais como a ditadura militar fez em 1965 não estaria descartada, como medida de extremo desespero. Mas antes disso, há diversas possibilidades: o presidencialismo mitigado, o parlamentarismo e, sobretudo, a exclusão de Lula.
Nesta perspectiva que a decisão do TRF-4 não poderia ter causado surpresa. Simplesmente porque o golpe continua ativo e em curso. Quanto maior o seu fracasso em produzir oportunidades de continuidade, mais ampliado tende a ser o aprofundamento das injustiças no Brasil. Por Marcio Pochmann professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), ambos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Créditos: Rede Brasil Atual
Fiocruz testa droga contra febre amarela
As imensas filas formadas nos postos de vacinação são justificadas: a febre amarela mata. De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), metade dos casos que chegam a fase tóxica terminam com a morte do paciente. Atualmente, não existe um tratamento para o combate ao vírus, apenas para amenizar os sintomas, mas um medicamento desenvolvido para a hepatite C pode virar esse jogo. Testes em laboratório com o sofosbuvir — comercializado pela farmacêutica Gilead com a marca Sovaldi — demonstraram eficácia contra o vírus da doença em células e camundongos. Por causa da epidemia, ele está sendo experimentado em humanos.
Os testes laboratoriais foram realizados pela equipe do pesquisador Thiago Moreno, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz. Os resultados ainda não foram publicados, mas, segundo Moreno, sua eficácia é consistente com a utilização farmacológica da droga. Com esse dado em mãos, hospitais e centros de pesquisa nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais deram início ao uso compassivo do medicamento em pacientes com febre amarela.
O uso compassivo acontece quando um medicamento é receitado para uma finalidade não aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No caso, o sofosbuvir tem indicação para o tratamento da hepatite C, não da febre amarela. Ele requer acordo prévio entre médicos, pacientes e a farmacêutica responsável, e é autorizado segundo critérios de gravidade e estágio da doença e do quadro clínico, ausência de alternativa terapêutica e avaliação da relação risco benefício do medicamento.
— Nós temos o seguinte cenário: uma doença sem tratamento, com alta taxa de mortalidade; e uma droga descrita para outro fim, mas considerada segura e com histórico de efeito comprovado estudos laboratoriais. Diante dessa equação, a saúde pública precisa se mobilizar e agir — explicou Moreno. — O medicamento está sendo utilizado em pacientes em estado grave, que em princípio não teriam outra oportunidade de tratamento.
A equipe de Moreno liderou outro estudo parecido, que demonstrou a atividade do sofosbuvir contra o vírus da zika. Os resultados foram divulgados mês passado na prestigiada “Scientific Reports”, publicação científica do grupo Nature. Uma outra pesquisa, realizada no Canadá, revelou a ação do medicamento contra o vírus da dengue. Essa ação compartilhada é explicada por uma questão familiar: o vírus da hepatite C pertence à família Flaviviridae, a mesma dos causadores da dengue, zika e febre amarela, entre outras doenças.
— Esses vírus compartilham alguns componentes muito similares, em particular a enzima RNA polimerase, a parte mais conservada dos membros dessa família — apontou Moreno. — O RNA polimerase do vírus da febre amarela tem identidade superior a 90% em relação aos vírus da zika e da dengue.
No estudo sobre a zika, Moreno e sua equipe notaram que o RNA polimerase é apenas 25% idêntico ao do vírus da hepatite C, mas 80% dos aminoácidos que interagem com a droga estão conservados. Essa enzima é responsável pela replicação dos vírus e alvo da ação do sofosbuvir. Dessa forma, o medicamento impede que o antígeno se multiplique, controlando a infecção.
Ainda é cedo para avaliar o uso clínico do sofosbuvir no tratamento da febre amarela, mas mesmo que os resultados sejam positivos, existe uma barreira para a aplicação em grande escala: o Sovaldi é um medicamento caro. Uma consulta on-line mostra que o pacote com 28 comprimidos custa entre R$ 61 mil e R$ 85 mil. Em março do ano passado, a Anvisa rejeitou pedido de patente apresentado pela Gilead, o primeiro passo para que o mercado seja aberto aos genéricos.
— O preço é o calcanhar de Aquiles para atender uma estratégia de saúde pública — comentou Moreno. — No meu entendimento, encontrar mais usos para essa droga pode favorecer a queda dos preços. O aumento da demanda pode gerar maior produção e criar uma pressão pela redução dos valores cobrados. Isso pode beneficiar até mesmo os pacientes com hepatite C.
Em busca de outras alternativas farmacológicas para o tratamento da doença, Lucio Freitas-Junior, pesquisador do Instituto Butantan e pesquisador colaborador do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, realizou ampla análise para identificar compostos já em uso comercial para outras doenças que sejam capazes de combater a febre amarela. Das 1.280 drogas rastreadas, 88 conseguiram reduzir a infecção em 50% ou mais. Agora, a equipe do pesquisador trabalha na otimização desses fármacos e busca parceiros na indústria farmacêutica brasileira.
— A febre amarela é urgente. Com essa estratégia nós estamos encurtando o tempo para colocar um medicamento no mercado — disse o pesquisador. — Normalmente, o processo de pesquisa de novos medicamentos leva entre 7 e 8 anos até os testes clínicos, nós encurtamos para 3 ou 4 anos, ou até menos.
Como última alternativa para salvar a vida dos pacientes, o estado de São Paulo realizou transplantes de fígado em sete pessoas que desenvolveram hepatite fulminante em decorrência da febre amarela, sendo que três vieram a óbito. No Hospital das Clínicas da USP foram realizados cinco procedimentos, com uma morte. No Hospital de Clínicas da Unicamp foram duas cirurgias e os dois pacientes faleceram. Um terceiro aguarda por um órgão compatível.
Durante a semana, o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, David Uip, tornou públicas as duas estratégias adotadas de forma emergencial para o tratamento da doença.
— Isso é inusitado, é a primeira vez que se faz no mundo — disse Uip, sobre os transplantes. — Talvez estejamos diante de uma possibilidade de curar a hepatite fulminante causada pelo vírus da febre amarela
O último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que contabiliza os casos entre 1º de julho do ano passado e 30 de janeiro, aponta 81 mortes por febre amarela, com 213 casos confirmados e 435 em investigação. (G1).
Créditos: WSCOM
terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
Congresso custará quase R$ 29 milhões por dia em 2018
O valor levantado pela ONG Contas Abertas está previsto no Projeto de Lei Orçamentária Anual. A dotação para o orçamento deste ano é superior às dotações de investimentos realizados por cada um dos 40 ministérios do governo federal.
O Ministério dos Transportes, que ocupa o topo da lista de investimentos em 2018, por exemplo, deve contar com R$ 7,7 bilhões em obras e na compra de equipamentos em 2018. Cabe ressaltar que nenhuma emenda parlamentar foi apresentada para compor o orçamento do Congresso. R$ 6,1 bilhões para Câmara.
O maior orçamento é o da Câmara dos Deputados. Além de 513 deputados, a Casa possui 3.344 servidores ocupantes de cargos efetivos (concursados) e 12.456 servidores ocupantes de cargos em comissão (nomeados por autoridade competente, sem a necessidade de concurso público). Dentre os servidores de cargos em comissão, 10.883 são do secretariado parlamentar e 1.573 são ocupantes de cargos de natureza especial (CNEs). No total, estão previstos R$ 6,1 bilhões para este ano.
O maior orçamento é o da Câmara dos Deputados. Além de 513 deputados, a Casa possui 3.344 servidores ocupantes de cargos efetivos (concursados) e 12.456 servidores ocupantes de cargos em comissão (nomeados por autoridade competente, sem a necessidade de concurso público). Dentre os servidores de cargos em comissão, 10.883 são do secretariado parlamentar e 1.573 são ocupantes de cargos de natureza especial (CNEs). No total, estão previstos R$ 6,1 bilhões para este ano.
Já as despesas outras despesas correntes somarão o total de R$ 1,1 bilhão. Nesse grupo se computam os gastos com a manutenção das atividades dos órgãos, cujos exemplos mais típicos são: material de consumo, material de distribuição gratuita, passagens e despesas de locomoção, serviços de terceiros, locação de mão de obra, arrendamento mercantil, auxílio alimentação etc. Os recursos que tratam de obras e da compra de equipamentos, denominados investimentos, deverão somar R$ 127,7 milhões na Câmara.
Senado custará R$ 4,4 bilhões
Menor, o Senado Federal tem orçamento um pouco mais modesto. A previsão inicial é que Casa custe R$ 4,4 bilhões aos cofres públicos em 2018. A maior parcela dos dispêndios também deve ir para o gastos com pessoal e encargos sociais: 84% do total, o equivalente a R$ 3,7 bilhões. As outras despesas correntes devem consumir R$ 627,6 milhões. Já nos investimentos o total será de R$ 49,7 milhões.
Créditos: MBO
sábado, 3 de fevereiro de 2018
Privatização submete desenvolvimento a interesses não brasileiros, diz Dieese
Abrir mão de empresas em setores estratégicos, principalmente para o capital externo, mesmo estatal, "significa delegar nossa trajetória de desenvolvimento econômico e social a interesses que não são necessariamente os da sociedade brasileira", afirma o Dieese em nota técnica sobre a política de desestatização do atual governo.
"Da mesma forma, a capacidade de o país fazer frente a interesses externos baseia-se em larga medida, na sua possibilidade de gerir seus ativos estratégicos e assegurar os interesses de sua população", acrescenta o instituto.
Na análise, o Dieese lembra que o Brasil é um país "de desenvolvimento capitalista tardio", para o qual as estatais tiveram grande contribuição, sobretudo no processo de industrialização. Aqui e em outros países, empresas ligadas ao Estado "desempenham papel estratégico na produção e ampliação das condições estruturais (infraestrutura e serviços básicos, insumos estratégicos, crédito e investimento) para o desenvolvimento econômico e social". Assim, qualquer decisão sobre o chamado papel do Estado deve estar subordinada aos interesses coletivos, com "análises criteriosas" e debate público, "sob pena de comprometerem o futuro do país".
Ao comentar a política do governo Temer, o Dieese observa que não se trata de uma discussão nova. "Há muito de ideologia no debate acerca de suposta superioridade do desempenho do setor privado sobre o público e dos recorrentes prejuízos causados ao erário por empresas controladas pelo Estado." E acrescenta que desde o fim da ditadura, nos anos 1980 e principalmente na década seguinte, foram implementados programas de desestatização, com resultados "controversos".
Na década de 1990, por exemplo, as desestatizações não resolveram a crise fiscal – de 1995 a 2003, a dívida líquida do setor público saltou de 28% para 52% do Produto Interno Bruto (PIB). "Tampouco aumentaram a eficiência e a qualidade dos serviços prestados", acrescenta o Dieese, citando a crise do "apagão" no setor elétrico em 2001.
O governo eleito em 2002 (Lula) passou a praticar uma reorientação do papel das estatais, também criando empresas. "Estas passaram a liderar os principais projetos estruturantes do país, por vezes, inclusive, por meio de parcerias com a iniciativa privada". O estudo cita vários países em que as estatais têm peso relevante na economia, mesmo alguns com "orientação neoliberal", como a Inglaterra. Além de França, Suécia, Finlândia. E a China, onde o setor teve "papel essencial" no principal período de crescimento daquele país, a partir dos anos 1990.
No Brasil, são 154 empresas estatais federais, com patrimônio acumulado estimado em R$ 500 bilhões, 8% do PIB. Os investimentos realizados por essas empresas somaram R$ 56,5 bilhões em 2016 – 85% apenas na Petrobras, com mais 7% na Eletrobras e 4% no setor financeiro. E empregavam 530.992 trabalhadores, 1,2% das vagas formais em 2016. Abaixo da Inglaterra (1,8%) e da França (10%), em ambos os casos com dados de 2013).
Para o Dieese, a estratégia do atual governo remete justamente aos anos 1990, "dada a presença central das mesmas diretrizes de teor neoliberal, tão amplamente propaladas como receituário para a recuperação da economia brasileira e o início de uma trajetória de crescimento sustentável". Naquele período, os defensores da privatização viam nessa política o caminho para redução do endividamento público e do déficit em conta corrente, com aumento da arrecadação fiscal e dos investimentos estrangeiros diretos. Mas "a dívida pública cresceu fortemente e os investimentos necessários à expansão da oferta e à melhora da qualidade dos serviços essenciais ficaram muito aquém do volume esperado".
Duas décadas depois, "não há razões para considerar que a adoção de um mesmo remédio – já testado e malsucedido – gerará resultados diferentes", diz o Dieese. A possível receita vinda da alienação de ativos não resolverá a questão das contas públicas. Além disso, "as empresas estatais vêm obtendo resultados sistematicamente positivos ao longo dos anos 2000 e boa parte dos anos 2010, contrariamente à ideia de ineficiência e prejuízo que vem sendo disseminada para justificar as privatizações". Confira aqui a íntegra do estudo.
Créditos: Rede Brasil Atual
Nasa prevê passagem pela Terra de asteroide ‘potencialmente perigoso’
A Nasa, agencia espacial dos EUA, divulgou estudos mostrando que o asteroide 2002AJ 192 pode passar pela Terra neste domingo, 4 de fevereiro. O corpo celeste è tratado pela Nasa como "potencialmente perigoso".
Descoberto em 2002 e rastreado desde então, o asteroide tem mais de um quilômetro de largura e altura superior à do maior prédio do mundo, o arranha-céu Burj Khalifa, localizado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que tem 160 andares e 828 metros de altura.
O alerta da Nasa para a possível passagem do asteroide pela Terra, é de pouca utilidade, segundo o físico Carlos Henrique Veiga, astrônomo do Observatório Nacional, situado no Rio de Janeiro. De acordo com o especialista, não existe a menor possibilidade de colisão com o planeta:
“No caso específico desse asteroide, não há risco algum de ele impactar a Terra. Pelas observações e pelos estudos que fizemos, ele vai passar a uma distância muito grande da Terra, cerca de 42 milhões de quilômetros. Ele é um asteróide grande, tem uma ordem de grandeza superior a um quilômetro, e se ele entrasse em rota de colisão com a Terra, as consequências poderiam ser muito graves. Mas não há riscos: o corpo celeste passará muito longe do planeta.”
Carlos Henrique Veiga também analisou os efeitos de uma possível colisão do asteroide com a Terra. Para o astrônomo, o impacto não destruiria totalmente o planeta: “Dependendo de onde ocorra a colisão – e o mais provável é que ocorra na água – o efeito imediato seria a geração de uma frente monumental de ondas. Ou seja, a colisão provocaria uma enorme tsunami causadora de mortes e destruição. O choque não seria suficiente para destruir toda Terra mas, certamente, causaria grandes inundações.
Créditos: Sputnik
Descoberto em 2002 e rastreado desde então, o asteroide tem mais de um quilômetro de largura e altura superior à do maior prédio do mundo, o arranha-céu Burj Khalifa, localizado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que tem 160 andares e 828 metros de altura.
O alerta da Nasa para a possível passagem do asteroide pela Terra, é de pouca utilidade, segundo o físico Carlos Henrique Veiga, astrônomo do Observatório Nacional, situado no Rio de Janeiro. De acordo com o especialista, não existe a menor possibilidade de colisão com o planeta:
“No caso específico desse asteroide, não há risco algum de ele impactar a Terra. Pelas observações e pelos estudos que fizemos, ele vai passar a uma distância muito grande da Terra, cerca de 42 milhões de quilômetros. Ele é um asteróide grande, tem uma ordem de grandeza superior a um quilômetro, e se ele entrasse em rota de colisão com a Terra, as consequências poderiam ser muito graves. Mas não há riscos: o corpo celeste passará muito longe do planeta.”
Carlos Henrique Veiga também analisou os efeitos de uma possível colisão do asteroide com a Terra. Para o astrônomo, o impacto não destruiria totalmente o planeta: “Dependendo de onde ocorra a colisão – e o mais provável é que ocorra na água – o efeito imediato seria a geração de uma frente monumental de ondas. Ou seja, a colisão provocaria uma enorme tsunami causadora de mortes e destruição. O choque não seria suficiente para destruir toda Terra mas, certamente, causaria grandes inundações.
Créditos: Sputnik
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