sexta-feira, 20 de abril de 2018

Franciscano na Síria: “Assad não usa armas químicas"

O padre Bahjat Elia Karakach, franciscano da Custódia da Terra Santa, é um dos mais respeitados religiosos católicos na Síria. Superior do convento dedicado à conversão de São Paulo, a principal paróquia de rito latino na capital, Damasco, ele usa palavras duríssimas para denunciar que o governo sírio está sendo alvo de uma mentira alimentada pelos EUA e seus aliados na Europa, no Golfo Pérsico e no Oriente Proximo. 
O padre Bahjat se refere às acusações de que o governo do ditador Bashar Al-Assad teria usado armas químicas contra civis na região de Goutha, a poucos quilômetros de Damasco, na semana passada. O suposto ataque já foi negado também pelos russos, aliados de Assad, que acusam os norte-americanos e britânicos de terem forjado esse crime com a manipulação de informações e imagens alegadamente tiradas do seu real contexto.
Goutha é um dos últimos enclaves que restam nas mãos dos rebeldescontrários ao ditador Assad. A maioria deles é formada por milicianos da Al-Qaeda.
Não se trata de uma defesa de Assad e da sua ditadura por parte do pe. Bahjat, como, precipitadamente, alguns críticos interpretaram. Trata-se de uma denúncia de manipulação e de um pedido para que todos os lados desta guerra absurda e genocida sejam claramente levados em conta, sem assumir como verdadeira apenas a versão vendida por influentes segmentos da mídia mundial.
“A quem me pergunta sobre o uso de armas químicas pelo governo, eu gostaria de lembrar que, em 2003, o Iraque foi atacado pelos Estados Unidos e seus aliados com a justificativa de combater um regime que tinha armas químicas. E era mentira”. E prossegue:
“Toda vez que o exército sírio consegue reconquistar uma área que tinha sido tomada pelos rebeldes terroristas, acontece uma armação para convencer a opinião mundial de que o regime sanguinário precisa ser combatido. Tudo isso é uma grande mentira porque o nosso governo não é estúpido de fazer uma coisa que daria margem para um ataque ocidental. O exército não precisa usar armas químicas, elas já foram desmanteladas sob o controle dos russos, já faz alguns anos. Hoje se avança sem o uso desses métodos para vencer a guerra contra o terrorismo”.
Para o padre Bahjat, as vitórias do regime de Assad contra os rebeldes terroristas não interessam ao mundo ocidental e aos seus aliados no Golfo Pérsico.
“Isto [os avanços do exército sírio] desagrada quem financia os terroristas. E nós dizemos isto sem papas na língua”. 

“O mundo ocidental que sustenta os terroristas, instrumentos e aliados dos estados árabes do Golfo, principalmente a Arábia Saudita, para defender os interesses desses países e de Israel. Digam isso. Falem desta grande mentira, vamos dizer a verdade!”
Embora seja notório que o regime ditatorial de Bashar Al-Assad tenha perpetrado graves abusos e violências contra o povo da Síria, também é verdade que as atrocidades perpetradas pelos rebeldes são bastante menos denunciadas pela mídia ocidental.
As muitas dúvidas sobre o que de fato aconteceu em Goutha semana passada, porém, têm forçado os comentaristas a abordarem também as outras versões. Mas as acusações de mentiras, omissões e deturpações da realidade no país massacrado pela guerra não são recentes: quem vive em primeira mão o contexto local as vem fazendo há anos.
Entre os que denunciam a tergiversação dos fatos, não faltam bispos, sacerdotes e religiosas católicos, sejam do rito latino, sejam dos ritos católicos orientais presentes na região.
“Ninguém fala do que está acontecendo aqui em Damasco. Mas faz semanas que estamos sob o bombardeio dos rebeldes. As escolas estão fechadas, a vida social e econômica está paralisada. Até poucos minutos atrás, estivemos sob ataque dos morteiros de Goutha, dos rebeldes”.
pe. Munir Hanashy, pároco em Damasco e diretor das escolas salesianas da capital síria, foi entrevistado por telefone poucas horas depois de um dos bombardeios dos rebeldes contra a cidade, no começo de março. Ao site italiano Il Sussidiario, ele declarou que está na hora de admitir que existem dois lados da moeda e que a situação não é simplória como foi pintada por Obama e Trump e pela maior parte da mídia ocidental, tanto de esquerda quanto de direita.
Mísseis dos rebeldes contra civis
 O pe. Munir afirma que sangrentos ataques com mísseis são feitos pelos rebeldes em resposta aos bombardeios das tropas governistas de Bashar Al-Assad.
“Em Damasco faz anos que somos atacados. Você acha que um governo não pode reagir e tentar acabar com os chamados rebeldes para nos defender? Nem são mais ataques só com morteiros: eles aprenderam a fazer mísseis e é isso o que eles estão lançando contra nós”.
O padre também descortina o pano de fundo dos massacres para além das explosões:
“No meio de tudo isto, infelizmente, ficam os civis de ambos os lados, mas ninguém diz que, quando tinha acabado de começar a trégua proposta por Putin, com os corredores humanitários, os atiradores rebeldes alvejavam os civis de Goutha que tentavam escapar. Ou que muitos civis são sírios sequestrados que estão presos em jaulas ao longo da fronteira para que o nosso exército não possa bombardear a região [ocupada pelos rebeldes]. Eles usam escudos humanos. Sempre usaram nesta guerra, inclusive em Aleppo.
A irmã Yola, missionária do Coração Imaculado de Maria em Damasco, testemunhou logo após uma noite de bombardeios em março:
“Não dormimos esta noite. Das 2h às 5h as explosões foram contínuas. Cerca de um mês atrás tudo estava quieto, parecia quase que a guerra tinha acabado, a não ser em Bab Touma, onde os mísseis continuaram sendo lançados. Mas depois da chegada do exército os lançamentos de mísseis aumentaram. Os mísseis nos apavoram porque causam explosões enormes”.
Em Bab Touma foi atingido, entre tantos outros civis, o menino Lias, de 8 anos de idade. Seus pais tinham tentado durante anos até conseguirem ter um filho, para que depois o pequeno fosse assassinado pelos mísseis rebeldes. A religiosa prosseguiu, em suas declarações de março que ainda seriam válidas hoje:
“Bab Touma é agora o lugar mais perigoso. Faz duas semanas eu tive que ir lá e saí muito rápido para tentar evitar os mísseis. Escapei por muito pouco. Logo depois que saí, os rebeldes lançaram 11 mísseis. Foi um verdadeiro pesadelo”.
Créditos: Aleteia

Petrobras anuncia privatização de quatro refinarias

Segundo informe da empresa, o modelo da venda ainda não foi apreciado formalmente pela Diretoria Executiva ou Conselho de Administração - Créditos: Petrobras
Petrobras,  comunicou os funcionários que irá vender 60% das refinarias Presidente Getúlio Vargas (Repar-Paraná), Abreu e Lima (RNEST-Pernambuco), Landulpho Alves (RLAM-Bahia) e Alberto Pasqualini (Refap-Rio Grande do Sul). A operação da estatal ficaria mantida apenas nas unidades de refino do Sudeste. 

O modelo de privatização inclui os chamados ativos logísticos (dutos e terminais) administrados pela Transpetro. Segundo informe da empresa, o modelo ainda não foi apreciado formalmente pela Diretoria Executiva ou Conselho de Administração.
Pedro Parente, presidente da Petrobras, e os diretores Ivan Monteiro, Jorge Celestino e Eberaldo de Almeida Neto, fez uma transmissão interna à categoria na tarde desta quinta para explicar a privatização.

Para o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro), Mário Dal Zot, apesar de todo o esforço da direção em tentar emplacar a venda como uma ação necessária para atrair investimentos e mitigar riscos, a privatização de grande parcela do parque do refino nacional nada mais é do que uma parcela do golpe em curso no país. “Alcançar o poder sem o endosso do sufrágio universal tem um preço e sabe-se que ele é demasiadamente alto, talvez até impagável”, afirma.

Desde sua fundação, a Petrobras é alvo da cobiça do mercado. Atravessou períodos problemáticos da história do país, como o suicídio de seu criador Getúlio Vargas e diversos anos de governos neoliberais referendados pelo voto popular. “Em todos esses momentos, a resistência da categoria foi fundamental para manter a companhia como patrimônio nacional”, explica Dal Zot.

A oficialização da privatização do parque de refino nacional causa revolta na categoria petroleira, mas não surpreende. A Petrobrás esta em evidência na mídia desde o início da Operação Lava Jato e, a partir daí, a empresa passa por um processo de venda de ativos e desinvestimentos. “É a principal vítima do golpe e a cereja do bolo para o mercado financeiro internacional”, disse o presidente do Sindicato.

O processo de privatização da Petrobras já abocanhou as subsidiárias Liquigás e BR Distribuidora, bem como grandes áreas do Pré-Sal. Agora bate à porta das refinarias, dutos e terminais. Em âmbito regional, o modelo anunciado nesta quinta-feira atinge a refinaria de Araucária (Repar), os terminais aquaviários da Transpetro de Paranaguá (Tepar) e de São Francisco do Sul-SC (Tefran), os terrestres de Biguaçu, Guaramirim e Itajaí, todos em Santa Catarina, além dos Oleodutos Opasc, Olapa e Ospar.

Ao que tudo indica, o processo de privatização do refino não será tarefa fácil para os gestores da Petrobras. A categoria petroleira promete resistir para evitar a abertura de mercado. “Já estamos debatendo as formas de ação para impedir a privatização, inclusive com indicativo de greve nacional na companhia. Agora é resistir e lutar até vencer”, concluiu Dal Zot.
Créditos: Brasil de Fato

Americanos terão 90% da Embraer

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 A engenharia de absorção da Embraer pela Boeing avança. A proposta é criar uma nova empresa com controle da Boeing e participação minoritária da Embraer. Os conselhos das empresas discutem neste momento os percentuais de participação, mas os americanos deverão ficar com um número entre 80% e 90% da companhia.  
Além de todo mercado interno e externo que a Embraer detém, os projetos bem sucedidos da segunda geração dos E-Jets (aeronaves executivas), líder no mercado mundial, os americanos terão acesso à mão-de-obra brasileira na área de engenharia, considerada de alta qualidade e estratégica para acelerar projetos hoje algo estagnados na empresa americana, como a criação do substituto do Boeing-757. Foto: Wikipedia. Leia mais aqui.
Créditos: Brasil 247

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Extrema pobreza sobe 11% no Brasil

Há cerca de 150 anos atrás, Marx afirmava que o sistema capitalista possui uma contradição intrínseca: enquanto os grandes capitalistas concentram cada vez mais capital, a grande massa de trabalhadores é jogada no desemprego e na miséria. Muitos economistas liberais já argumentaram que Marx estava errado, e que a concorrência capitalista proporcionaria cada vez mais melhora de vida dos trabalhadores. Mas a realidade insiste em afirmar Marx.

O capitalismo em crise joga cada vez mais trabalhadores e jovens na miséria extrema, enquanto algumas poucas famílias abastadas acumulam ainda mais riqueza. O número de brasileiros em situação de pobreza extrema subiu 11,2% entre 2016 e 2017, passando de 13,34 milhões para 14,83 milhões. Com isso, a porcentagem de pessoas nesta condição no país pulou de 6,5% para 7,2% de um ano para o outro. Os dados são de um estudo da LCA Consultores com base nos microdados da Pnad Contínua divulgados nesta quarta-feira (11) pelo IBGE.

É considerado em extrema pobreza aquele que ganha menos de US$ 1,90 de renda domiciliar per capita por dia ou 136 reais por mês. A referência de renda que define pobreza é do Banco Mundial e usa dólar em paridade de poder de compra, uma medida que equaliza o valor de bens e serviços nos diferentes países.

Se não bastasse, o governo Temer e seus aliados, querem descarregar ainda mais os efeitos da crise nas costas dos trabalhadores com os ajustes, reforma trabalhista e a reforma da previdência. Os capitalistas e seus serviçais no congresso querem que a população trabalhe até a morte.

O salario mínimo estipulado pelo DIEESE em março de 2018 foi estipulado no valor de R$ 3.706,44, ou seja, 3,84 vezes o salário mínimo nacional de R$ 954,00. Esse seria o salario para um trabalhador pudesse ter uma vida digna e manutenção de uma família de quatro pessoas, levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

A alta da pobreza aconteceu em todas as regiões brasileiras, indo de 2% na região Norte (1,95 milhão para 1,99 milhão de pessoas) a 24% na região Centro-Oeste (4,4 milhões para 5,5 milhões). O Nordeste, por exemplo, teve uma alta de 10,8% na pobreza extrema, um pouco abaixo da média nacional, mas concentra mais da metade das pessoas nestas condições.

Um verdadeiro caos social se instala nas grandes cidades e no interior com milhares de pessoas vivendo nas ruas, aumento da violência, do consumo de drogas e do tráfico. A miséria dos trabalhadores cresce cada vez mais e a juventude não tem perspectivas de estudo de qualidade e de emprego digno, vivendo dias de incerteza e angústia. Foto: Alexandre Brum / O Dia.
Créditos: Esquerda Diário

Brasil joga 55% do esgoto na natureza

Apenas 45% do esgoto gerado no Brasil passa por tratamento. Isso quer dizer que os outros 55% são despejados diretamente na natureza, o que corresponde a 5,2 bilhões de metros cúbicos por ano ou quase 6 mil piscinas olímpicas de esgoto por dia. É o que aponta um novo estudo do Instituto Trata Brasil que será divulgado nesta quarta-feira (18).
O estudo é feito com base nos dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), que se referem ao ano de 2016. Eles foram divulgados apenas neste ano. Os números indicam que o saneamento tem avançado no país nos últimos anos, mas pouco. Veja os destaques:
  • Em 2016, 83,3% da população era abastecida com água potável, o que quer dizer que os outros 16,7%, ou 35 milhões de brasileiros, ainda não tinham acesso ao serviço. Em 2011, o índice de atendimento era de 82,4%. A evolução foi de 0,9 ponto percentual.
  • Quanto à coleta de esgoto, 51,9% da população tinha acesso ao serviço em 2016. Já 48,1%, ou mais de 100 milhões de pessoas, utilizavam medidas alternativas para lidar com os dejetos – seja através de uma fossa, seja jogando o esgoto diretamente em rios. Em 2011, o percentual de atendimento era de 48,1% — um avanço de 3,8 pontos percentuais.
  • Apenas 44,9% do esgoto gerado no país era tratado em 2016. Em 2011, o índice era de 37,5% — uma evolução de 7,4 pontos percentuais.
Historicamente, os números de esgoto são piores que os de água no país por conta da falta de prioridade nas políticas públicas, maior custo de investimento e de dificuldade nas obras, entre outros motivos. Por isso, mesmo tendo apresentado a maior alta entre os indicadores, o acesso ao tratamento no país continua baixo, já que o esgoto que não é tratado é jogado diretamente na natureza, causando problemas ambientais e sanitários.
 “No caso do tratamento de esgoto, houve um pouco mais de um ponto percentual de alta por ano. Se considerarmos que não chegamos nem nos 50% de atendimento, estamos falando de mais de 50 anos [para universalizar]. Isso é inaceitável. É muito tempo para ter essa estrutura tão essencial, que é a do saneamento”, diz Édison Carlos, presidente executivo do instituto.

O ritmo lento ainda vai de encontro a compromissos assumidos pelo país tanto em políticas públicas nacionais, como os do Plano Nacional de Saneamento Básico , como internacionais, como os assinados na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em 2015. O país se comprometeu a, até 2030, universalizar o acesso a água potável e “alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos”.
 Grandes centros urbanos
O estudo do Trata Brasil destaca ainda o desempenho das 100 maiores cidades do país em comparação com a média nacional. Segundo Édison Carlos, estas cidades deviam puxar o crescimento do país, já que têm estruturas públicas e privadas mais bem desenvolvidas e abrangem cerca de 40% da população do Brasil.
As diferenças entre os índices nacionais e os dessas cidades, porém, são poucas. O índice de perda de água é de 39,1%, contra os 38,1% nacionais. Quanto ao tratamento de esgoto, a situação é melhor (54,3% do esgoto tratado, contra 45%), mas o ritmo foi semelhante (aumento de 7,7 pontos percentuais, contra 7,4).
Segundo Édison Carlos, a diminuição nos investimentos públicos é um dos motivos para os avanços pouco significativos no setor. De 2015 para 2016, os investimentos em água e esgoto no país caíram de R$ 13,26 bilhões para R$ 11,51 bilhões. Já entre as maiores cidades, o valor caiu de R$ 7,11 bilhões para R$ 6,6 bilhões.
Considerando as 100 maiores cidades do país, uma comparação entre as 20 melhores e as 20 piores escancara estas desigualdades. O investimento médio anual por habitante nas melhores foi de R$ 84,55; já nas piores, foi de R$ 29,31.
“As cidades não param de crescer, então mesmo as com os melhores índices continuam investindo para conseguir universalizar os serviços, trocar redes antigas e diminuir perda de água. Por outro lado, muitas cidades apresentam péssimos indicadores e investem pouco”, diz o presidente do Trata Brasil.
O estudo ainda aponta que menos de um quarto dos recursos arrecadados com saneamento foi reinvestido no setor. São considerados não apenas os investimentos realizados pela prestadora do serviço, mas também os feitos pelo poder público. As diferenças entre as 100 maiores cidades do país são vistas em todos os índices de saneamento. Veja alguns destaques:
  • Abastecimento de água: 20 municípios possuem 100% de atendimento da população, e 41 cidades tem atendimento superior a 99%. A grande maioria (90 das 100) atende mais de 80% da população com água potável. Ao mesmo tempo, porém, apenas 30% da população de Ananindeua, no Pará, é atendida.
  • Coleta de esgoto: dois municípios possuem 100% de esgoto: Cascavel (PR) e Piracicaba (SP). Outras 10 cidades possuem índice superior ou igual a 99% e também podem ser considerados universalizados. Mas, em 21 cidades, o índice não chega a 40%. Ananindeua novamente é a pior cidade, com 0,75% da população atendida.
  • Tratamento de esgoto: Mais da metade das cidades (54) tem menos de 60% do esgoto tratado. Apenas seis relataram tratar todo o esgoto. Em Governador Valadares (MG), Nova Iguaçu (RJ) e São João do Meriti (RJ), não há nenhum tipo de tratamento.
  • Perda de distribuição de água: o índice considera o volume de água produzida e o volume entregue. As perdas ocorrem por vazamentos, “gatos” etc. A média de água perdida entre as 100 maiores cidades foi de 39%. A cidade com menos perdas foi Palmas, com 13%, e a com maior desperdício foi Porto Velho (71%). (G1).
Créditos: WSCOM

terça-feira, 17 de abril de 2018

Assassinatos no campo subiram 105%


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Enquanto a Comissão Pastoral da Terra (CPT) se preparava para divulgar, na segunda-feira (16), os números de assassinatos por conflitos no campo no Brasil em 2017, mais um corpo foi encontrado. 

No último domingo (15), o líder quilombola Nazildo dos Santos Brito, 33 anos, foi encontrado morto com tiros na cabeça e na costela, na Comunidade de Remanescentes de Quilombo Turê III, na divisa dos municípios de Tomé-Açu e Acará, no nordeste do Pará. A polícia investiga o caso e suspeita que o crime tenha motivação política. Nazildo era ameaçado de morte por denunciar crimes ambientais.

Os dados da CPT, divulgados nesta segunda-feira (16), demonstram que essa realidade só se agrava desde 2013, quando foram registrados 34 assassinatos. Em 2017, esses números cresceram 105%, chegando a 70 execuções. 

Em comparação com 2016, houve crescimento de 16%. Os dados ainda podem ser ainda piores, já que as mortes de 10 indígenas isolados do Vale do Javari (AM), em julho e agosto de 2017, ainda não foram confirmadas como assassinatos pelo Ministério Público Federal do Amazonas e Fundação Nacional do Índio (Funai).O coordenador nacional da CPT, Ruben Siqueira, destaca que a violência no campo brasileiro é uma constante, conforme demonstram os levantamentos que a entidade faz desde 1985. 

Siqueira avalia que a curva ascendente de assassinatos a partir de 2013 está relacionada com a ofensiva empresarial por terras no Brasil. “A gente está interpretando como uma nova corrida à terra. A terra como meio de produção, como reserva de valor, como madeira, água, minério, possibilidades de agronegócio, de expansão do negócio em torno da terra. Isso tem a ver com a crise econômica, cuja origem em 2008 foi o estouro da bolha especulativa. De lá pra cá, eles, o setor hegemônico do capitalismo hoje, que é o capital financeiro, procura um lastro, uma base que dê um mínimo de garantia para essa banca do jogo internacional de especulação”, analisa.

Entre os mortos computados pela CPT estão trabalhadores rurais sem-terra, indígenas, quilombolas, posseiros, pescadores e assentados da reforma agrária. O estado do Pará lidera o ranking com 21 pessoas assassinadas em 2017. Em segundo vem Rondônia, com 17, seguido por Bahia, com 10, e Mato Grosso, com 9.

O levantamento da CPT também chama atenção para o retorno dos massacres. Em 2017, foram registrados quatro, que resultaram em 28 mortes ou 40% do total daquele ano. Eles aconteceram em Colniza (MT), Vilhena (RO), Pau D`Arco (PA) e Lençóis (BA).
Siqueira afirma que a CPT não registrava um número tão grande de assassinatos em escala desde 1987, quando foram registrados seis massacres.

Em 2016, por exemplo, nenhum crime deste tipo ocorreu. A CPT classifica como massacres os casos em que pelo menos 3 pessoas são mortas, na mesma ocasião e pelos mesmos motivos.

“A volta e a grande incidência desse número, 28 massacrados em quatro chacinas, têm a ver com esse clima que nós vivemos no país de que tudo é possível. Ou Estado está ausente, ou ele é indutor de uma liberdade, que não é liberdade, na verdade, é uma licença para matar e fazer o que quiser”, opinou Siqueira.

Os registros feitos pela CPT desde 1985 apontam a ocorrência de 1.438 casos de conflito no campo que deixaram 1.904 vítimas até 2017. Destes, apenas 113 foram julgados, o que corresponde a 8% dos casos.

Ruben Siqueira informou, ainda, que os dados completos do relatório Conflitos no Campo Brasil 2017 não puderam ser lançados nesta semana, em que se comemora o Dia Internacional de Luta Camponesa, porque os servidores da CPT foram atacados por hackers no final do ano passado. A Polícia Federal está investigando o caso e o relatório completo deverá ser lançado no próximo mês. Por Vinícius Mansur / Edição: Katarine Flor.foto DCM / EBC.
Créditos: Brasil de fato

O desastre da reforma trabalhista

As ações trabalhistas caíram, em média, 50% no país, desde 11 de novembro de 2017.
Não há o que comemorar. É apenas o resultado da dificuldade do acesso dos trabalhadores à Justiça, após a Reforma Trabalhista, introduzida pela Lei 13.467/17. Outros números denunciam a ineficácia da medida. 
O desemprego foi de 11,8%, em dezembro do ano passado, para 12,2%, em fevereiro. Em 2015, a taxa era de 8,5%, no mesmo período. A informalidade também cresceu e segue como a tendência no mercado de trabalho, com quase 3 milhões de brasileiros, entre autônomos e informais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além dos efeitos colaterais, as fragilidades da lei também dão sinais. No Supremo Tribunal Federal (STF), 20 ações questionam a constitucionalidade da reforma trabalhista. O cenário de incertezas permanece e o Brasil não avança nas principais pautas, relacionadas à geração de emprego e distribuição de renda.
A judicialização das propostas do novo regime não é novidade para o movimento sindical, que já previa e reverberava os danos referendados pelas mudanças em mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Já o discurso governamental acerca da geração de emprego não se confirma e a onda prevista para o mercado, na verdade, é de precarização dos postos de trabalho.
Na contramão do direito, a reforma tenta afastar os sindicatos de suas bases gerando ainda maior desproteção ao trabalhador. Ao introduzir a necessidade de autorização prévia e expressa à contribuição sindical, sem esclarecer como essa deve se dar e deixando margem de dúvida à legitimidade das assembleias, a legislação também cria embaraços ao custeio sindical, o que, ao final, prejudica o trabalhador cuja defesa pode ficar comprometida.
Ao promover a subtração de recursos dos sindicatos, necessários para a manutenção de suas estruturas, a maior perda será da classe trabalhadora, que poderá, entre outros riscos, ficar desassistida judicialmente. Ao obrigar o trabalhador a arcar com as despesas de perícias necessárias a processos trabalhistas, além dos honorários em caso de perda na ação, a reforma trabalhista cria obstáculos econômicos e geram um clima de medo entre os trabalhadores, que receiam ser penalizados por buscar seus direitos.
As várias possibilidades de prevalência do negociado sobre o legislado aumentam a vulnerabilidade do trabalhador, ainda mais aguda em período de crise econômica e desemprego. A reforma traz a ameaça iminente da precarização das condições de trabalho em diversas frentes de atuação do profissional.
Após 5 meses de vigência da Reforma Trabalhista, a medida já se mostrou desastrosa. O fortalecimento dos sindicatos será a melhor estratégia para garantir o retorno da segurança jurídica nas relações trabalhistas. Os profissionais precisam estar integrados às ações promovidas por suas entidades e cobrar atuação pela manutenção e recuperação de direitos.
A ideia de crescimento não pode prescindir da garantia do trabalho decente. Ambos devem caminhar juntos: profissionais capacitados e valorizados são a chave para o crescimento do País.
A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), ao representar 500 mil engenheiros, reafirma sua missão, constituída há 54 anos, de lutar pelos direitos da categoria. É nesse sentido que temos nos articulado para evitar que os engenheiros sejam submetidos a situações precarizantes como trabalho intermitente, pejotização ou exclusão na negociação coletiva. Somos parceiros dos trabalhadores, dos brasileiros, da sociedade. Queremos continuar atuando junto por condições de trabalho justas e um País melhor. Por Murilo Pinheiro, presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE)
Créditos: Diap