Segundo dados do Banco Mundial apresentados no relatório ‘A distância que nos une – Um retrato das desigualdades brasileiras’, se 40% dos mais pobres crescessem 2% acima da média de renda geral anual, ainda assim o mundo chegaria em 2030 com mais de 260 milhões de pessoas em situação de pobreza extrema.
O estudo mostra que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Os 5% mais ricos da população recebem por mês o mesmo que os demais 95% juntos. O Banco Mundial registrou mais de 16 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza no Brasil em 2017.
Durante o 2º Fórum da Rede do Bem, o coordenador de campanhas da Oxfam Brasil, Rafael Georges, falou sobre o trabalho desenvolvido pela organização. Em parceria com outras entidades, a Oxfam Brasil concentra esforços na redução das desigualdades conforme estabelecido nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Georges é cientista social, mestre em ciência política pela UnB e doutorando em ciências políticas na Universidade de Brasília (UnB). Além disso, é um dos autores do relatório ‘A distância que nos une’, publicado em 2017 com coordenação de Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
Atualmente, o brasileiro que recebe um salário mínimo precisaria trabalhar durante 19 anos para ganhar o que uma pessoa que faz parte do 0,1% mais rico ganha em um mês. É uma diferença que, segundo Georges, não existe em outro país com dados disponíveis.
A desigualdade de renda no Brasil tem sexo e cor: a Oxfam afirma que na base da pirâmide estão as mulheres, que em 2015 ganhavam 62% do que ganham os homens, além da população negra, que no mesmo ano ganhava 57% do que ganham pessoas brancas.
“Os estudiosos vão tentando justificar porque os negros compõem os pobres no Brasil (…). A investigação sobre racismo é importante, mas precisa partir do pressuposto de como solucionar o racismo no país. Desde 2011 existe uma estagnação da equiparação salarial entre negros e brancos no Brasil”, diz Georges.
O cientista social apontou a relação entre o ODS 1 (Erradicação da pobreza) e o ODS 10 (Redução das desigualdades). “É impossível reduzir a pobreza, seja no Brasil ou no mundo, sem reduzir a desigualdade”. A Oxfam acredita que ações pontuais para erradicação da pobreza e combate à fome não sejam o suficiente. Para a organização, são necessários programas estruturados a longo prazo, além de políticas de fortalecimento dos estados. As desigualdades dentro dos países e entre as nações devem ser reduzidas para que a pobreza seja suprimida.
A Oxfam trouxe um questionamento sobre a impossibilidade de erradicar a pobreza com o modelo econômico que temos hoje, apresentando a necessidade de rever o modelo econômico para redução das desigualdades, e fazer com que a economia seja mais inclusiva. Por: Adriana Brandão. Foto: Pe. Djacy.
Créditos: Observatório do Terceiro Setor