Estabelecer condições que favoreçam a atividade econômica é a chave para que o país saia da difícil recessão em que se encontra. Este é o caminho defendido pelos membros do Grupo Reindustrialização, think tank composto por economistas como o Prof. Yoshiaki Nakano (EESPFGV), que coordena o grupo, Antonio Correa de Lacerda (PUCSP), Luiz Carlos BresserPereira (FGV), Nelson Marconi (EESP_FGV), Edgard Pereira e Pedro Rossi (Unicamp), Francisco Pires Eduardo de Souza (UFRJ) e pelo engenheiro Mario Bernardini, entre outros.
Para o grupo, concentrar os debates econômicos exclusivamente no ajuste fiscal não é condição suficiente para que o Brasil volte a se desenvolver. “Esse diagnóstico apontado pela equipe econômica é parcial. Há simultaneamente graves problemas decorrentes do excessivo endividamento das empresas e das famílias. Precisamos, além de reduzir o déficit público, de medidas para auxiliar na desalavancagem do setor privado e para estimular o crescimento”, destaca Bernardini.
O think tank já elaborou dois documentos contendo tanto medidas para reindustrializar o Brasil quanto medidas emergenciais para tirar o país da crise.
De acordo com o estudo, como explica Marconi, para destravar o mercado de crédito, o governo deve cortar ainda mais a taxa SELIC, saindo dos atuais 13% para 9%, o que facilitará a renegociação de dívidas de empresas e famílias e simultaneamente reduzirá a conta de juros no déficit público nominal, o que ajudaria a resolver parte do problema fiscal.
Outra ação recomendada é a desvalorização da taxa de câmbio. O grupo acredita que adotar, pelo menos, um câmbio de R$ 3,80, tornará as empresas mais competitivas e sugere que o governo utilize instrumentos como o IOF sobre entradas de capital e restrições no acesso ao mercado futuro para enfraquecer o Real.
Além disso, o documento ainda salienta que o papel do BNDES não deve ser “demonizado”, ainda mais em um momento em que as empresas não têm acesso a capital de giro e precisam retomar os investimentos. Nesse sentido, Lacerda afirma que a retomada acontecerá por meio das exportações e dos investimentos e, para isso, o Estado deve ser o indutor e os investimentos públicos precisam ser retomados.
Para o think tank, o limite no crescimento da despesa precisa contemplar todo o gasto público, incluindo os juros. O governo deve continuar a cortar despesas e estudar medidas como a taxação de lucros e dividendos, heranças e grandes fortunas e o fim das desonerações previdenciárias para o agronegócio e instituições filantrópicas para abrir espaço nas contas públicas para a retomada dos investimentos públicos a um patamar da ordem de 2% do PIB a fim de induzir investimentos privados e possibilitar o crescimento da economia, condição essencial para aumentar a receita e eliminar, assim, o déficit público.
Créditos: Revista Forum
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