O governo repete exaustivamente que quer até R$ 1 trilhão em 10 anos com a reforma. Mas ao colocar o assunto desta maneira, ignoram que estamos falando de milhões de brasileiros que dependem desta aposentadoria para sobreviver. E atacar este direito é atingi-los em cheio nas suas condições de sobrevivência e dignidade.
Para além da crueldade de condenar muita gente a morrer sem se aposentar, fico pensando no impacto que a economia dos municípios sofrerá. Especialmente os pequenos e médios nos quais o valor total com o pagamento de aposentadorias, benefícios e pensões supera os valores recebidos através do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Em outras palavras, significa que em grande parte dos municípios são estes benefícios que sustentam a economia local. E isso é literal.
Seu José e Dona Maria, que recebem aposentadoria depois de uma vida trabalhando na roça, gastam este dinheiro em alimentos ou roupas em mercados e lojas de sua região. Estes, por sua vez, podem assim contratar mais pessoas e assim seguem as engrenagens das economias locais. Sem direito à aposentadoria perdem Seu José e Dona Maria, mas também perdem os serviços que seriam usufruídos com este dinheiro.
Utilizo o exemplo aqui de Petrolina. O município recebeu, em 2017, cerca de R$ 73 milhões do FPM e quase R$ 434 milhões distribuídos através dos benefícios do INSS. E é esse dinheiro que é injetado na economia, movimentando, como apontei acima, uma cadeia enorme de serviços gerando empregos e renda localmente.
Por isso que, para além da crueldade que já apontei com milhões de Marias e Josés, estamos condenando ainda mais a nossa economia. Não consigo compreender como há deputados e senadores de regiões como a nossa que apoiam esta medida. Será que foi por conta dos R$ 40 milhões que o governo liberou para cada um que votou a favor da Reforma? A proposta, já aprovada na Câmara, ainda segue para o senado. É preciso cobrar posicionamento agora, pois quem pagará a conta será o povo brasileiro. Por Aristóteles Cardona Júnior Edição: Monyse Ravenna
Créditos: Brasil de Fato
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores.