segunda-feira, 29 de abril de 2013

Para estudar, alunos dormem na rodovia dos Tamoios


A duplicação da rodovia dos Tamoios, que promete aliviar a viagem de milhares de turistas, transformou num martírio a rotina de 380 estudantes universitários do litoral norte de São Paulo.
O grupo mora em Caraguatatuba e São Sebastião, no litoral, e estuda em Taubaté e São José dos Campos, no Vale do Paraíba.
Todos os dias, fazem o bate-e-volta em veículos fretados. Eles têm perdido aulas e passado a noite dentro dos ônibus, na beira da estrada, por força de bloqueios.
As medidas implantadas na nova fase das obras, iniciada em março, são necessárias para detonação de rochas, nivelamento e calçamento das pistas. Na ida, nos fins de tarde, o tempo de viagem aumentou de uma hora e meia para até quatro horas.
O principal drama da viagem é no trajeto de volta ao litoral. Caso não cheguem a determinado trecho até 0h, são obrigados a passar a madrugada parados na estrada.
Entre os km 48 e 57, a rodovia fica totalmente fechada nos dois sentidos, das 0h às 4h30, de segunda a sexta.
Ao final da noite, os alunos precisam sair correndo, ainda com aulas em andamento, para evitar o bloqueio. Nem sempre conseguem.
O estudante de engenharia elétrica João Marcos, 38, teve de dormir no ônibus em frente ao bloqueio com mais 28 colegas no final de março. "Chegamos às 0h02 e já estava fechado. Tentamos conversar, mas não teve jeito."Juliana dos Santos, 20, que estuda administração em Taubaté, já madrugou na Tamoios mais de uma vez. Na primeira, ela diz que estava chovendo muito e o motorista teve que diminuir ainda mais a velocidade. "Ficamos parados até às 4h35. Em Caraguá, ainda tive de pegar outro ônibus para chegar em casa. Foi só o tempo de entrar, tomar banho e ir para o trabalho."
O motorista Antonio Carlos de Mello, que conduz estudantes para universidades do Vale do Paraíba, conta que desde março já passou a noite no ônibus quatro vezes.Ele diz que num dos trechos não há sinal de celular e os passageiros não conseguem nem avisar os familiares sobre a demora. Os estudantes reclamam também dos prejuízos acadêmicos. A estudante de farmácia Erica Ribeiro, 28, diz que chega atrasada todos os dias e já perdeu três provas.
"Professores não podem abrir exceção. Se não entrar na sala antes do primeiro aluno terminar a prova, não posso mais fazê-la." O coordenador da União dos Estudantes do Litoral Norte de SP, Hélio Monteiro, diz que os estudantes pedem atraso de meia hora no bloqueio. Os pedidos de mudança foram negados e ele estuda entrar na Justiça.
A Dersa diz que não há como mudar o "pare e siga" para não atrasar a obra. A entrega do trecho de planalto na rodovia é prevista para dezembro. Para o órgão, o horário das interdições foi determinado pelo baixo volume de tráfego e que alterações afetariam o movimento pela manhã.
WSCOM

domingo, 28 de abril de 2013

Talibãs anunciam nova ofensiva



Os talibãs anunciaram o início iminente da “ofensiva de primavera” contra o poder político afegão, as forças da Otan e seus centros diplomáticos, utilizando homens-bomba e agentes infiltrados, em um comunicado divulgado neste sábado.

A maior parte do contingente de 100 mil homens, em sua maioria formada por americanos, deixará o Afeganistão até o fim de 2014 foto: reuters
A operação “Khalid bin Waleed”, uma homenagem ao principal comandante das tropas muçulmanas do século VII, “será lançada conjuntamente em todo o país” a partir de 28 de abril, afirmam os talibãs, que intensificam os ataques todos os anos com o derretimento da neve, que prejudica os deslocamentos.
Os talibãs ameaçam com “operações coletivas de mártires nas bases dos invasores estrangeiros, seus centros diplomáticos e seus aeroportos militares”, para “provocar graves perdas”. Ao mesmo tempo, os extremistas comemoram o início da retirada das forças da Otan. A maior parte do contingente de 100 mil homens, em sua maioria formada por americanos, deixará o Afeganistão até o fim de 2014. “O inimigo, com todo seu poderio militar, se viu obrigado a fugir”, afirma o comunicado.
O porta-voz do ministério da Defesa, Dawlat Waziri, declarou que os talibãs anunciam a mesma ofensiva no início de cada primavera (hemisfério norte, outono no Brasil).
Diário do Nordeste

Jovens terão direito a 5% dos lotes da reforma agrária




  Os jovens do meio rural terão, a partir deste ano, 5% dos lotes da reforma agrária em todo o Brasil. Com isso, o governo espera assegurar, nos assentamentos com vinte lotes ou mais, a permanência (ou o retorno ao campo) de jovens trabalhadores rurais solteiros até 29 anos, residentes ou com origem no meio rural.
“O nosso trabalho tem uma visão de acolhimento dos jovens que foram buscar conhecimento, oportunidades fora do assentamento e que depois de passar por um período de aprendizado – seja de qualificação profissional ou de vivência fora do assentamento - decidem retornar e transformar o lote da reforma agrária como seu espaço de vida e convivência com a sua família”, explica Guedes.
Segundo o presidente do Instituto de Colonização e Reforma Agrária, Carlos Guedes, a medida, estabelecida em portaria do ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, é inédita, já que estimula o fortalecimento dos laços familiares e a manutenção dessas comunidades no campo.
A portaria também trata da “sucessão rural”, e vai beneficiar jovens cujos pais tenham dois ou mais filhos e que sejam assentados ou agricultores familiares, como prioritários no assentamento em lotes vagos em decorrência de desistência, abandono ou retomada, localizados em projetos de assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O Semiárido brasileiro tem exemplo de jovens, que apesar das dificuldades impostas pelo clima, querem continuar no campo ou retornar a ele. É o caso de Sérgio Queiroz, de 26 anos, morador do Projeto de Assentamento Santo Expedito, a 87 quilômetros de Barra, na Bahia. O artesão já morou em Salvador, mas retornou ao sertão há dois anos.
“A vida do campo para mim é um recomeço: onde eu moro há um cenário maravilhoso. Eu mesmo planto e consumo a minha própria plantação e tenho uma visão de crescimento muito grande. Por eu ser artesão é onde encontro todas as minhas peças. Além de tudo, tenho a tranquilidade. Apesar disso, há o sol com frequência, o calor. A gente 'briga com a natureza' para sobreviver. Na cidade há os aparelhos tecnológicos, e aqui no campo, não. É você e a natureza direto. O agricultor tem de ter orgulho de estar nessa riqueza, não preconceito”, argumenta.
Sérgio disse que quer trabalhar com os jovens do assentamento para provocar a autoestima deles por viver na zona rural. “Temos de tirar a venda dos olhos das pessoas e mostrar que aqui é a mesma zona urbana, só que nós temos o privilégio de ter esse cenário que eles não tem. Vou começar esse trabalho com as crianças, porque é educando crianças que se educa o adulto”, acredita.
Daiarc Silva, de 23 anos, moradora da mesma comunidade de Sérgio, não teve oportunidade de morar fora do campo, mas afirma não ter vontade de deixar a região onde cria sua filha de dois anos. “Isso aqui é um bem que nem todo mundo tem e nem vai ter”, descreve.
“Tem muita gente que reclama de trabalhar no campo, de ficar no sol. Mas não tem coisa melhor do que colher o seu próprio alimento, o que você plantou e sabe de onde vem. Eu vivo isso. As dificuldades são relacionadas ao sol e ao transporte. O agricultor, pai de família, trabalha de sol a sol para ter e vender o alimento. Mas ele faz isso para ver seus filhos crescerem, estudarem. Ele não teve essa oportunidade, mas quer que o filho tenha”, conta.
Os jovens camponeses reivindicaram mais escolas no meio rural, já que muitos precisam percorrer quilômetros para estudar nos centros urbanos. “Nossa realidade aqui é diferente, não é como eles imaginam. Não quero ser só um morador do campo, quero ser respeitado”, disse Sérgio Queiroz.
De acordo com a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (Secadi/MEC), Macaé Maria Evaristo, o governo vai reforçar a formação de professores para atuar na escola do campo. Segundo a secretária, esse é um dos grandes desafios do MEC. Quarenta e três universidades do país vão oferecer licenciatura em educação do campo e formar 4 mil professores para atuação nos anos finais do ensino fundamental e ensino médio.
“Estamos trabalhando no acesso, permanência e aprendizagem do aluno que estuda no campo com o Pronacampo. Além da formação de professores, a prioridade é a construção de mais escolas em 2013, pricipalmente para atender ao ensino médio porque nessa etapa temos um índice menor de alunos no campo”, explicou.
Informações do MEC apontam que 23,18% da população rural com mais de 15 anos são analfabetos e 50,95% não concluíram o ensino fundamental. Dados do Censo Escolar referentes ao ano passado registraram que o número de matrículas nas áreas rurais obteve a alta mais expressiva, quando o número de matrículas saltou de 81.155 para 125.634 nos anos iniciais do ensino fundamental, e de 52.010 para 82.087 nos anos finais, um crescimento de 54,8% e de 57,8%, respectivamente. O ensino médio em tempo integral nas zonas rurais cresceu 34%, com uma evolução de 10.675 matrículas para 14.369.
“Desde o ano passado, a ampliação do Mais Educação, que é o ensino em tempo integral, tem permitido que a escola mobilize a comunidade com artes, cultura e recreação. Também temos atividades que dialoguem com o território local, como horta escolar, agroecologia, estudos sobre a memória da comunidade”, disse Macaé.
Agência Brasil

Segurança alimentar depende do fim de agrotóxicos e transgênicos

Para fórum, segurança alimentar depende do fim de agrotóxicos e transgênicos
Um novo modelo de  produção de alimentos, baseado na agroecologia, sem o uso de sementes transgênicas, agrotóxicos e fertilizantes químicos, em pequenas propriedades familiares, e a regulação do abastecimento e distribuição são os maiores desafios para a segurança alimentar no Brasil. 
“É inadmissível continuarmos líderes no ranking do consumo de agrotóxicos, financiando esse setor com a isenção de impostos e ainda termos de ouvir declarações como as da senadora Kátia Abreu, da bancada ruralista, de que o pobre  precisa comer, sim, comida com agrotóxico porque é mais barato”, disse Vanessa Schottz, técnica da ONG Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) e secretária executiva do Fórum de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN) . 
“Em vez disso, precisamos democratizar o acesso à terra, regionalizar a distribuição de alimentos saudáveis e apoiar feiras livres, que permitem que alimentos mais frescos e baratos cheguem à mesa da população.”
Para discutir esses e outros temas relacionados aos impactos e desafios do atual sistema, integrantes do FBSSAN de todo o país, redes, movimentos sociais e outras instâncias estratégicas vão se reunir em seu sétimo encontro nacional, de 4 a 6 de junho, em Porto Alegre. A programação inclui painéis para discutir a crise alimentar, a dimensão pública do abastecimento, oficinas temáticas sobre agricultura urbana, normas sanitárias para a produção familiar e artesanal, agrotóxicos e transgênicos, além de rodas de conversa para o debate público sobre as dimensões estratégicas de luta pela comida. 
"Discutir os alimentos que estamos comendo ou não é estratégico. Da mesma maneira que avançamos na construção do marco legal do Direito Humano à Alimentação e no fortalecimento e institucionalização de políticas públicas estratégicas, ainda persistem ameaças a esse direito”, disse Vanessa. 
Em fevereiro de 2010, o alimento foi incluído no rol dos direitos constitucionais pela emenda constitucional 64, fruto de um abaixo-assinado liderado pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), com mais de 50 mil assinaturas. Com a aprovação da proposta, a soberania alimentar e nutricional passou a ser um dever do Estado, e não mais política de governo.
Outra conquista é a Lei 11.947, de 2009, conhecida como lei da alimentação escolar, que determina a utilização de, no mínimo, 30% dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para alimentação escolar, na compra de produtos da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações. Têm prioridade os assentamentos de reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas. A compra dos alimentos deve ser feita, sempre que possível, no mesmo município das escolas. 
Segundo o Fórum, o modelo de abastecimento e distribuição de alimentos, cada vez mais controlado pelo agronegócio, pela indústria e cadeia de supermercados, acelera o processo de 'commoditização' e artificialização dos alimentos, de empobrecimento da base alimentar e no aumento do preço dos alimentos.
Vanessa lembra um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) segundo o qual, apesar de toda a diversidade vegetal brasileira, a base da alimentação está em três alimentos: trigo, soja e milho. “Todos são produzidos de maneira mecanizada, em grandes extensões de terra, no sistema de monocultura, com uso de agrotóxicos, e entram na industrialização da maioria dos alimentos consumidos.”
Outras grandes questões, segundo ela, é se há uma crise alimentar ou é o próprio sistema alimentar que  está em crise; quais são as causas principais, de que maneira essa crise se expressa no Brasil, se as políticas públicas respondem ou não aos desafios impostos por esse sistema. “É muito importante que a sociedade civil entenda, debata e critique os impactos do atual sistema alimentar sobre a soberania e segurança alimentar da população brasileira”, disse.
Neste mês, estão sendo realizadas as etapas estaduais, como a de Goiás, que ocorreu no último final de semana. Na avaliação da professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Goiás e presidenta do Conselho de Segurança Alimentar daquele estado, Dulce Cunha, o Brasil avançou muito no combate a fome. Mas ressalvou: "Ainda existem bolsões de pobreza onde há pessoas sem acesso à qualidade diária mínima de nutrientes. E também não avançamos no sentido de garantir a alimentação como um direito humano. Basta ver que o Brasil é o que mais consome agrotóxicos ao mesmo tempo em que a obesidade infantil vem aumentando muito”, disse. 
Segundo ela, é necessário uma leitura crítica do sistema de produção e abastecimento, bem como pensar estratégias para assegurar a soberania alimentar nacional do Brasil. "A ideia é ir além da garantia de acesso de todos ao alimento. A alimentação tem de ser entendida como um direito humano, assegurando que as pessoas tenham alimentos de qualidade produzidos sem venenos e que respeitem os hábitos alimentares regionais e a idade dos indivíduos.”
O Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN) foi criado em 1998. Reúne organizações, redes, movimentos sociais, instituições de pesquisa, profissionais da saúde, nutrição, direitos humanos, agroecologia, agricultura familiar, economia solidária e de educação popular na luta pelo Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e pela soberania alimentar.
Rede Brasil Atual

Dormir pouco altera atividade de genes

Arquivo - AFPUma pesquisa britânica trouxe novas descobertas sobre como noites mal dormidas podem causar efeitos prejudiciais significativos à saúde e ao funcionamento do corpo humano.

Doenças cardíacas, diabetes, obesidade e problemas cerebrais são alguns dos problemas ligados a poucas horas de sono.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Surrey, a atividade de centenas de genes foi alterada quando as pessoas estudadas dorminam menos de seis horas por dia durante uma semana.
Os cientistas analisaram o sangue de 26 pessoas depois que elas tiveram uma longa noite de sono, até dez horas por noite durante uma semana, e compararam os resultado com amostras retiradas depois de uma semana com menos de seis horas por noite.
Mais de 700 genes foram alterados pela mudança. Cada gene traz instruções para a construção de uma proteína. Os que ficaram mais ativos produziram mais proteínas, mudando a química do corpo.
O funcionamento do relógio biológico também foi perturbado com a mudança. As atividades de alguns genes, no decorrer do dia, aumentam e diminuem naturalmente, mas este efeito foi prejudicado pela falta de sono.
"Houve uma mudança significativa na atividade em diferentes tipos de genes", disse à BBC o professor Colin Smith, da Universidade de Surrey.
"O sono tem uma importância crítica para a reconstrução do corpo e a manutenção do estado funcional, todos os tipo de de danos parecem ocorrer (devido à falta de sono), sugerindo que pode levar a problemas de saúde."
"Se não conseguimos regenerar e substituir células, então, isto vai levar a doenças degenerativas", acrescentou.
A pesquisa foi publicada na revista especializada Proceedgins of the National Academy of Sciences.
Para Akhilesh Reddy, especialista em relógio biológico da Universidade de Cambridge, o estudo é "interessante".Colin Smith afirmou que muita gente pode dormir ainda menos horas do que as pessoas analisadas no estudo, o que sugere que estas mudanças observadas na pesquisa podem ser comuns.
Reddy afirma que as descobertas mais importantes foram os efeitos da falta de sono sobre inflamações e o sistema imunológico, pois é possível ver a ligação entre estes efeitos e problemas de saúde como diabetes.
As descobertas dos pesquisadores da Universidade de Surrey também podem ser relacionadas às tentativas de se descartar a necessidade de sono, descobrindo um remédio que pode eliminar os efeitos da falta de sono.
"Não sabemos qual é o botão que causas todas estas mudaças, mas, em teoria, se você pode ligar ou desligar, você também poderia ser capaz de viver sem o sono."
"Mas, o que acredito, é que o sono tem importância fundamental para regenerar as células", afirmou.

BBC Brasil


sábado, 27 de abril de 2013

Semiárido será um deserto em 2100

Paraíba poderá virar deserto

Estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com base em tendências climáticas revelam que, em 2100, parte do Semiárido brasileiro será uma região de deserto. De acordo com o pesquisador do Inpe José Marengo, o aumento da temperatura e a falta de chuva podem ser os principais responsáveis pela aridez na região.

Os efeitos mais agressivos da estiagem estão concentrados na Região Nordeste, onde o Ministério do Meio Ambiente (MMA) já identificou oficialmente quatro núcleos de desertificação: são 1.340 quilômetros quadrados e aproximadamente 1400 municípios em 11 estados. A área abrange 16% do território brasileiro.

Os núcleos estão localizados na região do Seridó, na Paraíba, onde o fenômeno ocorre devido à falta de manejo da caatinga para atender a pecuária extensiva e a demanda energética; na região de Xingó, que compreende municípios nos estados de Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Bahia, a ocorrência se dá devido à irrigação sem critérios técnicos, provocando a salinização dos solos; Na região de Gibões (PI), ocorre uma intensa degradação do solo por processo de mineração inadequado; e na região do Irauçuba (CE), por falta de manejo dos recursos naturais.

“Em 2050, algumas partes do Semiárido já podem passar a ser áridas. Atualmente chove apenas parte do ano e a precipitação é mal distribuída. No caso da aridez, é quando não há chuva”, explica. Para Marengo, a situação atual do Semiárido é preocupante devido à duração da estiagem. A rigorosa escassez de chuvas pelo segundo ano consecutivo impõe à região a pior seca dos últimos 50 anos, que atinge 1.046 municípios.

“O maior problema é que a população ainda não está adaptada à seca. E o fato não é um fenômeno surpresa, já aconteceu antes. Atualmente a população que sofre com os efeitos da estiagem, abandona seus terrenos no campo e migra para as grandes cidades. Isso pode criar um problema social, a pessoa desesperada por comida faz saques. Ela não quer roubar, só quer comer. O impacto da seca já passou a ser um fenômeno social, político, não apenas meteorológico”.

De acordo com o pesquisador em geoprocessamento da Embrapa Semiárido, Iêdo Sá, o processo de desertificação é consequência de fatores humanos e climáticos. “O Semiárido tem uma série de condicionantes como clima, solo, água e regime de chuvas que é muito favorável a processos de degradação de ambiente. Associados com práticas inadequadas adotadas pelo homem, às vezes por ignorância, por má-fé ou falta de capital, [provocam a desertificação].

Dentre os fatores humanos, ele destaca o desmatamento, a extração excessiva de produtos florestais, as queimadas, a sobrecarga animal, o uso intensivo do solo e seu manejo inadequado e, por último, o emprego de tecnologias não apropriadas para ecossistemas frágeis. “Com respeito às causas climáticas da degradação, é possível mencionar as recorrentes e prolongadas secas que afetam vários países e que [agravam] ainda mais as consequências derivadas da ação humana”

Sá explica que nas áreas em processo de desertificação as proporções de pobreza e de indigência estão acima da média nacional. Segundo ele, no Nordeste brasileiro, uma área maior do que o estado do Ceará já foi atingida pela desertificação de forma grave ou muito grave.

“Do mesmo modo, a pobreza e a indigência, geralmente, afetam a população rural em maior proporção do que a população urbana, mesmo que, em números absolutos, haja mais pobres nas cidades. É comum no meio rural que parte dos membros do grupo familiar migrem, temporária ou permanentemente, em busca de atividades de maior produtividade, seja na própria agricultura seja em outros setores”.

Para combater o processo, o MMA tem destinado em torno de R$ 25 milhões a iniciativas de uso sustentável dos recursos naturais. De acordo com o diretor do Departamento de Combate à Desertificação do ministério, Francisco Barreto Campello, para viabilizar a aplicação dos recursos, a pasta viabilizou um conjunto de projetos que promovem a convivência com a semiaridez para o combate à desertificação, visando à segurança alimentar, energética, hídrica e da biodiversidade.

O processo de desertificação não se observa apenas no Semiárido brasileiro. Segundo Campello, o fenômeno está presente em 34,7% da superfície do planeta, em uma área onde vivem cerca de 41,3% da população. Na América Latina, dados da Organização das Nações ?Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) revelam que mais de 516 milhões de hectares são afetados no mundo. Como resultante do processo perdem-se cerca de 24 bilhões de toneladas por ano da camada arável e produtiva do solo, o que afeta de forma negativa a produção agrícola e o desenvolvimento sustentável.

Sobre os efeitos da longa estiagem provocada pelo clima semiárido, José Marengo destacou a iniciativa de Israel como uma experiência de sucesso no convívio com a falta de chuva. “Israel também tem seca, como a do Semiárido brasileiro, mas não tem os mesmos problemas. Há produção [agrícola] o ano todo. Os investimentos do setor privado são muito fortes. Lá eles aprenderam a conviver com a seca. Um país pequeno, [com alto grau de tecnologia] – ideal para ser aplicado no Brasil, como já é usado em Petrolina. Na cidade, há um investimento forte com a agricultura”.

Segundo o pesquisador do Inpe, a região de Sahel, na África também tem um clima semelhante ao do Semiárido brasileiro. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que a piora da situação da seca na região do Sahel já afeta 15 milhões de pessoas, incluindo 1 milhão de crianças, com a escassez de alimentos e o agravamento da desnutrição. De acordo com o Conselho de Segurança da ONU, a presença de grupos terroristas armados, junto com a pobreza crônica e a alta dos preços dos alimentos, torna o problema ainda mais delicado na região africana.
Fonte: Portal Correio

Brasil aumenta em 34% investimentos militares entre 2011 e 2012

Sistema Astros de artilharia desenvolvido no Brasil (foto: Felipe Barra - Ministério da Defesa)

O Brasil aumentou em 34% em temos absolutos (sem descontar a inflação) o seu investimento militar entre 2011 e 2012, de acordo com informações do Ministério da Defesa. Boa parte dinheiro foi destinado a programas considerados estratégicos, como o desenvolvimento de submarinos e a modernização de aviões de caça.
O pasta informou que esse tipo de gasto foi de R$ 6,5 bilhão, há dois anos, para R$ 8,7 bilhões, no ano passado. Os investimentos fazem parte de um orçamento geral que chegou a R$ 66, 3 bilhões em 2012. Ele inclui também o pagamento de militares da ativa e da reserva, pensões, pagamento de dívidas, manutenção de estruturas, entre outros.
Grande parte da verba investida foi destinada para os programas de desenvolvimento de submarinos da Marinha, de construção de blindados Guarani, de transporte de pessoal para o Exército, e de desenvolvimento do do avião de transporte KC-390, que ainda não está pronto.
Os recursos também foram usados na modernização de aviões de caça, de sistemas de artilharia antiaérea e na recuperação de equipamentos deteriorados, entre outros projetos.
Entretanto, o país caiu no ranking da 10º posição em 2011 para a 11º em 2012. Nas três primeiras posições estão Estados Unidos, China e Rússia.De acordo com um ranking da Sipri (Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo), o Brasil está entre os 15 países que mais gastam com defesa no mundo.
O instituto afirmou que os gastos brasileiros no setor de defesa subiram de R$ 61,7 bilhões em 2011 para R$ 64,7 bilhões no ano passado.
Com base nisso, estimou que, embora o crescimento brasileiro absoluto tenha sido de quase 5%, após o desconto da inflação, o crescimento real teria sido de - 0,5%, segundo Carina Solmirano, uma das autoras da pesquisa.
Porém, o Ministério da Defesa afirmou que o Sipri não levou em conta verbas adicionais recebidas pela pasta, que elevaram seu orçamento para R$ 66,3 bilhões em 2012.
Com a verba adicional, o crescimento se tornou positivo, mas continua indicando uma tendência de estabilidade.
Além disso, o governo destaca que as verbas para investimento militar estão em crescimento no país. Desde 2004, os investimentos cresceram 480% em termos absolutos – de R$ 1,5 bilhão em 2004 para R$ 8,7 bilhões em 2012.

BBC Brasil