A Paraíba, no século passado, ocupou o lugar de maior centro de comercialização de algodão no mundo. Na década de 80, o bicudo - uma praga que continua sendo uma das maiores dores de cabeça dos cotonicultores brasileiros – dizimou as lavouras do Estado.
Mas o momento é bom para o Estado, que recuperou parte da produção. Na atual safra, foram plantados apenas 200 hectares. Se comparada com os mais de 800 mil hectares em todo o Brasil, a área plantada com algodão na Paraíba é quase inexistente. Mas para aquela região, o significado é enorme, e muito importante. Sediada em Campina Grande, a Embrapa Algodão conseguiu devolver a cultura ao semi-árido no Estado. As pesquisas começaram ainda na década de 1980, com a coleta de amostras de algodão herbáceo em diversos estados. O pesquisador da Embrapa Algodão, Luiz Paulo de Carvalho, lembra que a variedade arbórea plantada na Paraíba favorecia a proliferação do bicudo: "Por isso nossa opção por espécies herbáceas, que são plantadas todos os anos". O algodão arbóreo é semiperene, produzindo até cinco anos seguidos. "Assim, o bicudo tinha alimentação praticamente o ano todo e era difícil combatê-lo", explica Carvalho.
Hoje, segundo a Embrapa, a convivência com bicudo não é mais um problema porque o besouro poderá ser eliminado com o arranquio e o espaçamento do tempo de plantio de uma safra à outra, que dever ser de, no mínimo, três anos.
De acordo com a assessoria de imprensa, na análise das amostras coletadas, os pesquisadores verificaram fibras naturalmente coloridas. Inicialmente, a Embrapa Algodão desenvolveu uma variedade semiperene, com produção em até três anos. "A empolgação foi grande por parte dos produtores e chegamos a ter 3 mil ha de algodão", lembra o pesquisador. Mas a incidência do inseto e o mercado restrito fizeram os agricultores paraibanos recuarem mais uma vez.
"Na continuidade da nossa pesquisa, conseguimos variedades mais precoces, que facilitam o controle da praga e proporcionam maior produção", explica. Foram estudadas 35 novas linhagens de algodão nos municípios de Patos e Monteiro. Como resultado, Campina Grande e regiões vizinhas são, hoje, centros de produção algodoeira reconhecidos no país.
A pesquisa de melhoramento genético de sementes resultou no lançamento em 2000 de uma variedade na cor creme, a BRS 200. Em 2003, veio a BRS Verde e, em 2005, a BRS Rubi e a BRS Safira, ambas de nuances marrons. "Orgânica ou não, a produção de algodão colorido já se torna vantajosa ao dispensar o tingimento, uma das etapas mais problemáticas do processo", diz Carvalho.
O pesquisador lembra que o algodão, seja colorido ou branco, tem mercado garantido. Mas para que a produção chegue ao consumidor, é preciso incentivar a organização da produção, buscar apoio do governo e facilitar o acesso às tecnologias por parte dos produtores rurais. "Mostramos que era preciso ter uma organização para garantir a colocação do produto no mercado", diz.
Assim, uma cooperativa de 31 associados em Campina Grande transforma as plumas de algodão colorido em peças de vestuário e para casa. Com as sobras de tecidos, fazem bonecos e bichinhos de pano para crianças. A cooperativa já exporta para a Europa brinquedos e almofadas produzidas com o algodão naturalmente colorido.
Expresso MT com Redação Paraíba Total