segunda-feira, 22 de julho de 2013

Quinze militares são mortos em emboscada das Farc


O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse ontem (21), após reunião do Conselho de Segurança do país, que 15 militares foram mortos em uma emboscada feita pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), ontem (20), em Arauca, região de fronteira com a Venezuela. Santos classificou a ação como “ataque terrorista”. Segundo o presidente, 70 guerrilheiros das Farc participaram da ação. Doze foram presos e cinco ficaram feridos.
Os militares faziam parte de um pelotão que vigiava um oleoduto localizado em Arauca. O presidente informou que soube do episódio na noite de ontem (21). “Nossos corações estão com as famílias desses 15 heróis da pátria, que sacrificaram suas vidas pela tranquilidade e a segurança de seus compatriotas. Que nunca esqueçamos isso. Esses heróis morreram defendendo nossa democracia e nossa liberdade”, completou.
O presidente colombiano disse que os cinco integrantes das Farc feridos foram atendidos após a captura. Ele destacou que o episódio reforça a diferença entre os comportamentos das forças militares do governo e as Farc. “[Nossos soldados] foram disciplinados e aplicaram todos os protocolos do direito internacional humanitário e de defesa dos direitos humanos”.
Após saber do ataque, o presidente ordenou que um batalhão de forças especiais se deslocasse para o local com a missão de encontrar todos os responsáveis pelas mortes dos 15 militares.
O governo colombiano e as Farc anunciaram, em 26 de maio, um acordo sobre o desenvolvimento rural, tema central do conflito armado que ocorre há cerca de meio século no país. Os governos de Cuba, da Venezuela, do Chile e da Noruega atuam como mediadores nas negociações.
Santos disse que, assim como seu governo tem a mão estendida para dialogar, também tem a contundência militar e vai aplicá-la. “Eu espero que esses senhores entendam que, militarmente, não têm a mínima possibilidade de ter nenhum êxito”, disse o presidente, ressaltando que os ataques não são o caminho.

Israel e Palestina devem retomar esta semana negociações de paz

Israel e Palestina devem retomar esta semana negociações de paz

 Após quase três anos paralisadas, as negociações de paz entre a Palestina e Israel devem ser retomadas a partir desta semana. Na última sexta-feira (19), o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, anunciou que as duas partes chegaram a um acordo de condições para a retomada do diálogo direto de paz e que o negociador palestino, Saeb Erakat, que participa das negociações desde 1995, e a ministra da Justiça israelense, Tzipi Livni, se reunirão em Washington para iniciar as primeiras reuniões dentro de uma semana.
Já como parte do acordo, o governo de Israel anunciou, que libertará prisioneiros palestinos. O principal ponto de disputa é a definição de fronteiras. Enquanto palestinos defendem a recuperação das demarcações existentes antes da Guerra dos Seis Dias, em 1967, alguns partidos israelenses consideram inaceitável a proposta e ameaçam deixar o governo caso o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a leve em consideração.
Netanyahu disse, por meio de um comunicado, que o diálogo de paz “não será fácil”, mas acrescentou que "o processo será responsável, sério e direto ao ponto, e nas fases iniciais, também discreto".
O primeiro-ministro israelense disse ainda que os interlocutores das negociações terão de fazer concessões que permitam manter a segurança do Estado de Israel e proteger seus interesses, mas ressaltou que qualquer acordo de paz deverá ser referendado pela população. "Não acredito que decisões desse tipo possam ser adotadas por uma ou outra coligação, mas que têm que ser levadas ao povo para que dê a última palavra", disse.
Os presidentes de Israel, Shimon Perez, e da Palestina, Mahmoud Abbas, conversaram por telefone sobre a retomada das negociações. Segundo comunicado do gabinete de Perez, ele parabenizou Abbas pela decisão “corajosa e histórica” e disse que não há outro caminho para ambos os lados e que não se deve dar ouvidos aos céticos.

PT volta a cobrar reforma política e plebiscito válidos para 2014

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Presidente da sigla, Rui Falcão, afirma que é consenso o pedido por financiamento público de campanha e atenua divergências. Dilma diz, em carta, que só reforma resolve anseios das ruas


O Diretório Nacional do PT reiterou o desejo de que sejam realizados um plebiscito e uma reforma política com validade já para as eleições presidenciais de 2014. Após o encontro em Brasília, o presidente da sigla, Rui Falcão, afirmou ainda que existe um desejo de que se adote o voto em lista, o que, na visão dele, fortalece a identificação entre população e partido.
“A reunião foi excelente. Revelou unidade do partido em defesa do plebiscito, também que uma das questões do plebiscito possa ser a consulta a respeito de uma Constituinte exclusiva”, disse, em breve conversa com jornalistas. “Para nós, as mudanças que deveriam ocorrer devem ser já para 2014. Foi isso que sentimos quando a população nas ruas manifestou seu desagrado com relação ao sistema político atual. Pelo menos o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais, que favorece o poder econômico e induz à corrupção, pelo menos esse item deveria valer para 2014.”
Questionado sobre a ausência do deputado federal Cândido Vaccarezza (SP), que integra o Diretório Nacional, Falcão procurou atenuar as divergências entre o parlamentar e a cúpula do partido. Vaccarezza tem provocado irritação desde que aceitou comandar a comissão montada pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para debater em 90 dias propostas para uma reforma política que não necessariamente contará com a consulta popular, e cujas mudanças seguramente não serão aplicadas no próximo ano.
A bancada petista no Legislativo, que já estava incomodada com o fato de Henrique Fontana (RS), que trabalha com o tema há anos, ter sido preterido, ficou ainda mais irritada depois que Vaccarezza declarou que seria inviável realizar o plebiscito ainda este ano, como desejam o partido e Dilma Rousseff. Na quinta-feira, parte dos deputados divulgou uma nbota contra o parlamentar, que reagiu emitindo comunicado em apoio à consulta popular.
“Unidade não significa unanimidade. Vocês sabem que o PT é um partido plural”, argumentou Falcão, acrescentando que a nota emitida por Vaccarezza foi considerada suficiente para que se formasse posição dentro da sigla em favor do plebiscito. “O fato de haver uma divergência aqui e outra ali não significa que o partido esteja desunido.”
Ausência
A grande ausência do encontro foi a da presidenta Dilma Rousseff, que informou, em carta enviada ao Diretório Nacional, estar ocupada tratando dos preparativos para a visita do papa Francisco, que chega segunda-feira ao Rio de Janeiro. No documento, publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, Dilma reitera apoio ao plebiscito. "Eles [brasileiros] querem um novo sistema político, mais transparente, mais oxigenado e mais aberto à participação popular que só a reforma política balizada pela opinião das ruas, por meio de um plebiscito, poderia criar. Mais do que tudo, eles querem ser ouvidos e participar", afirmou.
Dilma cita ainda que não há possibilidade de se construir um "Brasil efetivamente novo" sem o PT. "Sei que podemos contar com o nosso partido para acolher essa energia renovadora que vem das ruas e impulsioná-la para revolucionar o Brasil e sua democracia."
Ela afirmou ainda que os anseios da população sempre foram os anseios dos petistas. "A rua é nosso chão, a nossa base. Mas não basta ouvir, é necessário fazer. Transformar essa extraordinária energia em realizações para todos. Estamos trabalhando duro para atender as justas reivindicações que vêm das ruas", diz.

domingo, 21 de julho de 2013

ISTOÉ: Propinoduto desviou milhões do transporte nos governos do PSDB


A revista ISTOÉ revela na edição desta semana um grandioso esquema de desvio de dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos, montado durante os governos do PSDB em São Paulo. Lobistas e autoridades ligadas aos tucanos operavam por meio de empresas de fachada, segundo a publicação.
"Ao assinar um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a multinacional alemã Siemens lançou luz sobre um milionário propinoduto mantido há quase 20 anos por sucessivos governos do PSDB em São Paulo para desviar dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos. Em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos, a empresa revelou como ela e outras companhias se articularam na formação de cartéis para avançar sobre licitações públicas na área de transporte sobre trilhos. Para vencerem concorrências, com preços superfaturados, para manutenção, aquisição de trens, construção de linhas férreas e metrôs durante os governos tucanos em São Paulo – confessaram os executivos da multinacional alemã –, os empresários manipularam licitações e corromperam políticos e autoridades ligadas ao PSDB e servidores públicos de alto escalão", diz a ISTOÉ. 
O problema é que a prática criminosa, que trafegou sem restrições pelas administrações de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, já era alvo de investigações, no Brasil e no Exterior, desde 2008 e nenhuma providência foi tomada por nenhum governo tucano para que ela parasse. Pelo contrário. Desde que foram feitas as primeiras investigações, tanto na Europa quanto no Brasil, as empresas envolvidas continuaram a vencer licitações e a assinar contratos com o governo do PSDB em São Paulo. 
Ainda de acordo com a revista, o Ministério Público da Suíça identificou pagamentos a personagens relacionados ao PSDB realizados pela francesa Alstom – que compete com a Siemens na área de maquinários de transporte e energia – em contrapartida a contratos obtidos. Somente o MP de São Paulo abriu 15 inquéritos sobre o tema. 
A ISTOÉ diz também que esta rede criminosa tem conexões em paraísos fiscais e teria drenado, pelo menos, US$ 50 milhões do erário paulista para abastecer o propinoduto tucano, segundo as investigações concluídas na Europa.
SUSPEITOS
As provas oferecidas pela Siemens e por seus executivos ao Cade são contundentes. Entre elas, consta um depoimento bombástico prestado no Brasil em junho de 2008 por um funcionário da Siemens da Alemanha. ISTOÉ teve acesso às sete páginas da denúncia. Nelas, o ex-funcionário, que prestou depoimento voluntário ao Ministério Público, revela como funciona o esquema de desvio de dinheiro dos cofres públicos e fornece os nomes de autoridades e empresários que participavam da tramoia. Segundo o ex-funcionário cujo nome é mantido em sigilo, após ganhar uma licitação, a Siemens subcontratava uma empresa para simular os serviços e, por meio dela, realizar o pagamento de propina. Foi o que aconteceu em junho de 2002, durante o governo de Geraldo Alckmin, quando a empresa alemã venceu o certame para manutenção preventiva de trens da série 3000 da CPTM (Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos). À época, a Siemens subcontratou a MGE Transportes. 
De acordo com uma planilha de pagamentos da Siemens obtida por ISTOÉ, a empresa alemã pagou à MGE R$ 2,8 milhões até junho de 2006. Desse total, pelo menos R$ 2,1 milhões foram sacados na boca do caixa por representantes da MGE para serem distribuídos a políticos e diretores da CPTM, segundo a denúncia. Para não deixar rastro da transação, os saques na boca do caixa eram sempre inferiores a R$ 10 mil. Com isso, o Banco Central não era notificado. 
A MGE é frequentemente utilizada pela Siemens para pagamento de propina. Nesse caso, como de costume, a MGE ficou encarregada de pagar a propina de 5% à diretoria da CPTM”, denunciou o depoente ao Ministério Público paulista e ao ombudsman da empresa na Alemanha. Ainda de acordo com o depoimento, estariam envolvidos no esquema o diretor da MGE, Ronaldo Moriyama, segundo o delator “conhecido no mercado ferroviário por sua agressividade quando se fala em subornar o pessoal do Metrô de SP e da CPTM”, Carlos Freyze David e Décio Tambelli, respectivamente ex-presidente e ex-diretor do Metrô de São Paulo, Luiz Lavorente, ex-diretor de Operações da CPTM, e Nelson Scaglioni, ex-gerente de manutenção do metrô paulista. 
Scaglioni, diz o depoente, “está na folha de pagamento da MGE há dez anos”. “Ele controla diversas licitações como os lucrativos contratos de reforma dos motores de tração do Metrô, onde a MGE deita e rola”. O encarregado de receber o dinheiro da propina em mãos e repassar às autoridades era Lavorente. “O mesmo dizia que (os valores) eram repassados integralmente a políticos do PSDB” de São Paulo e a partidos aliados. O modelo de operação feito pela Siemens por meio da MGE Transportes se repetiu com outra empresa, a japonesa Mitsui, segundo relato do funcionário da Siemens. Procurados por ISTOÉ, Moriyama, Freyze, Tambelli, Lavorente e Scaglioni não foram encontrados. A MGE, por sua vez, se nega a comentar as denúncias e disse que está colaborando com as investigações.
Créditos: Jornal do Brasil

Governo discute procedimentos de segurança da Jornada Mundial da Juventude



A presidenta Dilma Rousseff reuniu-se hoje (20) com ministros para fazer uma revisão geral dos procedimentos de segurança para a Jornada Mundial da Juventude, que ocorrerá na próxima semana, no Rio de Janeiro. Segundo a assessoria de i
mprensa do Palácio do Planalto, o encontro, no Palácio da Alvorada, não estava na agenda oficial e serviu para fazer um check list dos procedimentos de segurança do evento, além de detalhar a participação de Dilma no encontro.
Ela deixou de participar da reunião do Diretório Nacional do PT para se reunir com os ministros. O encontro contou com a presença dos ministros da Defesa, Celso Amorim, das Relações Exteriores, Antonio Patriota, da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
A Jornada Mundial da Juventude ocorre de 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro. A segurança do evento será feita por homens das Forças Armadas, da Defesa Civil, das Polícias Civil e Militar. Mais de 20 mil ônibus transportarão os participantes pelas rodovias federais. São esperados 800 mil turistas no Rio e público de 2 milhões de pessoas nos eventos com a presença do papa Francisco.

Fraude na Paraíba desviou R$ 1,6 mi para pagar publicitário e campanhas


Um esquema de fraude licitatória, superfaturamento e desvio de verbas em um programa de implantação de internet gratuita na Paraíba ajudou a pagar o publicitário Duda Mendonça e campanhas de políticos de PSB e PSD, aponta inquérito de investigação de 16 meses da Polícia Federal. Segundo a PF, o esquema fraudou a licitação, vencida pela empresa Ideia Digital em uma disputa fictícia com empresas fantasmas, e gerou um superfaturamento de pelo menos R$ 1,6 milhão, dos quais R$ 1,1 milhão foram usados para pagar a empresa de Duda pela campanha de 2010 do atual governador, Ricardo Coutinho (PSB-PB). As informação são da Folha de S. Paulo.
O inquérito da PF foi enviado nesta semana à Justiça, à Controladoria-Geral da União e ao Tribunal de Contas da União. O desvio envolveu recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia, que, à época da assinatura do convênio (2009), era comandado pelo PSB - mesmo partido do atual governador da Paraíba. 
O contrato teve verba de emenda parlamentar de R$ 18,5 milhões, e quem indicou o projeto foi Rômulo Gouveia (PSD), à época deputado e hoje vice-governador. O desvio envolvia o repasse de verba pela Ideia Digital a empresas fictícias em São Paulo.
Créditos:Jornal do Brasil

Governo não renova acordo para melhorar condições de trabalho na cana


Chegou ao fim o Compromisso Nacional pelo Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, acordo articulado pela Secretaria-Geral da Presidência da República (SG/PR) que envolveu entidades patronais e representações dos trabalhadores em torno da promessa de redução de problemas trabalhistas no setor. Desde o final de abril de 2013, perderam a validade tanto o protocolo firmado por sete ministérios e quatro entidades da sociedade civil – União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e Fórum Nacional Sucroenergético, por parte dos empregadores, e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Federação dos Empregados Rurais do Estado de São Paulo (Feraesp), pelos empregados – como os “selos sociais” de “empresa compromissada” concedidos a um total de 185 usinas espalhadas pelo país.
Lançado em junho de 2009 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva com prazo de duração de dois anos, o Compromisso Nacional surgiu como uma tentativa do governo federal de qualificar os padrões oferecidos aos trabalhadores e às trabalhadoras que atuam no setor, tido como estratégico especialmente por conta do mercado de exportações. Todavia, o processo sofreu, do início ao fim, críticas de diversos setores do poder público e da sociedade civil: da exclusão da garantia obrigatória de refeições nas frentes de trabalho à inclusão de usinas que constavam na “lista suja” da escravidão contemporânea; da sucessão de “problemas, falhas, equívocos e fraudes” constatada e questionada judicialmente pelo Ministério Público Federal (MPF) no curso da concessão dos selos ao flagrante de violações de direitos trabalhistas em usinas aderentes.
O Compromisso Nacional foi prorrogado em duas ocasiões: em 24 de junho de 2011 (quando foi estendido por mais um ano) e em 14 de junho de 2012 (ocasião em que se estabeleceu como referência final a data de 30 de abril de 2013). Também em meados de 2012 foi realizada cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença da presidenta Dilma Rousseff, na qual foram concedidos selos de “empresa compromissada” a 169 usinas – cerca de metade dos 323 empreendimentos sucroalcooleiros que, no início do processo, em 2009, tinham sido incluídos como participantes da iniciativa. No respectivo ato, o ministro da SG/PR, Gilberto Carvalho, chegou a definir a distribuição de certificados como um “momento histórico nas relações entre capital e trabalho”. Um ano depois, o acordo e as suas 185 certificações (16 a mais que a quantidade inicial) – que requeriam o envolvimento de auditorias privadas contratadas pelas próprias usinas e autorizadas pelo governo – deixaram de ter qualquer efeito.
Questionada pela Repórter Brasil sobre os motivos da finalização de um esforço que envolveu cinco anos de trabalho (a partir da criação da “Mesa de Diálogo” sobre o tema, em julho de 2008), a Secretaria-Geral se limitou a responder que “o acordo não foi continuado porque perdeu a vigência” e que “a adoção de um novo acordo ainda está em discussão no âmbito da mesma Mesa Nacional de Diálogo e Avaliação”. Ainda de acordo com a SG/PR, as “partes envolvidas” avaliam que “houve melhoria importante nas relações capital/trabalho, que permitiram avanços significativos nas condições de saúde e segurança, transporte dos trabalhadores (as), alojamentos, eliminação dos gatos, aferição da produção, entre outros”.
Não é o que diz Antonio Lucas Filho, que atuou como representante da classe trabalhadora pela Contag durante as negociações e a implementação do Compromisso Nacional. “Ao final do processo, o sentimento que temos é de que fomos enganados. Fomos usados para que os usineiros pudessem ganhar mais dinheiro”, critica o dirigente sindical, que atualmente está à frente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado de Goiás (Fetaeg). “Acreditamos, chancelamos e defendemos o acordo na esperança de que ele fosse cumprido, mas faltou preparação, empenho e atuação do governo, que afrouxou demais a coisa”, complementa. Como exemplos de medidas que não se concretizaram, ele cita a manutenção da estrutura insuficiente de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), assim como a ausência de sanções concretas (como, entre os diversos incentivos econômicos concedidos ao setor, a revisão de empréstimos) a agentes que descumprem a legislação trabalhista.
Acionada pela reportagem, a Unica, que reúne grandes usinas e atuou para a construção do acordo como membro patronal, enfatiza que o diálogo deve prosseguir “com o objetivo de continuar o debate para a segunda fase”. A avaliação, segundo a entidade, é a “melhor possível”, pois o Compromisso “contribuiu de forma evidente e decisiva para o aprimoramento das práticas trabalhistas que todos os participantes pretendiam, e foi reconhecido [por segmentos como a Organização Internacional do Trabalho (OIT)] por isso”. A Unica declarou ainda desconhecer manifestações de frustração pelos resultados limitados apresentadas por membros dos sindicatos dos trabalhadores. ”Se tais comentários de fato existem, seria importante conhecer o nome da pessoa que o fez e se estava falando em nome de alguma entidade ou emitindo opinião pessoal”, rebatem os empregadores. Sobre o aproveitamento econômico propiciado pelos selos sociais concedidos pelo governo federal, sustenta que este “nunca foi um objetivo na concepção e realização do Compromisso Nacional”. Para a Unica, tal ideia “parece, no mínimo, absurda”.
Segundo informações da SG/PR, três usinas (que não foram identificadas) chegaram a ser denunciadas por não estarem cumprindo o acordo, mas perderam o selo antes da averiguação prevista nas resoluções sobre a certificação “porque, conforme acordado entre as partes, os selos seriam válidos até 30 de abril de 2014″. O procurador do trabalho Rafael de Araújo Gomes, autor da ação civil pública que requer a cassação dos selos de sete usinas situadas na região de Araraquara (SP) por conta de graves irregularidades no processo de atribuição de selos (acerca dos quais, a Unica pretende não se posicionar enquanto o processo judicial estiver tramitando), observa que, apesar de não estar mais em vigor, a “União Federal, através da SG/PR, continua, até hoje, a divulgar no sítio específico do Compromisso na internet a lista de usinas agraciadas com a certificação”.
“Além de inexistir nesse sítio qualquer menção ao fato de o Compromisso não estar mais valendo, a lista de empresas agraciadas é mencionada da seguinte forma: ‘Lista de unidades empresariais que cumprem o Compromisso – Validade até 30/04/2013‘. Veja-se que a redação não sugere que o Compromisso não está mais em vigor e que os selos, portanto, não possuem mais valor. A mensagem sugere que a atualização da lista tem validade até 30/04/2013. Quem lê a mensagem pensa que a lista de empresas certificadas no sítio está desatualizada desde o final de abril, não que todos os selos concedidos perderam seu valor”, pontua o procurador.
Sobre o balanço do acordo, o procurador recorda que “mesmo as piores usinas do país flagradas cometendo ilícitos graves (inclusive trabalho escravo) eram, desde seu lançamento, todas signatárias desse Compromisso”. A participação na iniciativa, aliás, vinha sendo destacada pelas mesmas, ainda que sem dignificar qualquer tipo de melhoria, em suas defesas judiciais, conforme ressalta Rafael. “Também é certo que as condições de trabalho previstas pelo Compromisso limitavam-se a repetir o que já determina a legislação trabalhista, não representando qualquer avanço significativo se o seu propósito fosse de fato a negociação entre as categorias”, salienta. “Parece agora claro, também, que o principal interesse em torno do acordo estava na concessão de um selo governamental às usinas, destinado a facilitar as exportações, pois o questionamento judicial ao selo, por ter sido concedido de forma bastante irregular, fez desaparecer, ainda que momentaneamente, o interesse no processo. Vale enfatizar que o MPT não requereu a descontinuação do Compromisso, mas a correção dos graves problemas cometidos no processo de certificação.”
No entendimento do Antonio Lucas, que representou a Contag na Comissão Nacional de Diálogo e Avaliação do Compromisso, o acordo até abriu espaço para alguns avanços em determinadas regiões nas quais houve intervenção dos sindicatos dos trabalhadores rurais, mas não significou muitas mudanças nas áreas em que a pressão dos empregados e empregadas do setor não foi efetiva. À Repórter Brasil, ele ratificou as críticas do MPT aos esquemas problemáticos de concessão de selos, os quais “teriam servido apenas como propaganda das usinas”. “Se fôssemos voltar à Mesa de Diálogo hoje, exigiríamos bem mais. Principalmente quanto à atuação do governo, que deixou a gente sozinho.”