terça-feira, 27 de agosto de 2013

Paraíba tem mais de 10,4 mil catadores de lixo; 7,9% vivem em extrema pobreza


Mais de 10,4 mil paraibanos trabalham como catadores e catadoras de lixo. É o quarto estado da região Nordeste em número desses profissionais. Desse total, 7,9% de catadores de lixo são considerados residentes extremamente pobres.
Para fins de alguns programas sociais, como o Bolsa família, considera-se em situação de extrema pobreza o domicílio em que a soma de renda de seus integrantes, dividida pela quantidade de pessoas que residem no domicílio e dependam dessa renda não ultrapasse a marca de R$ 70,00. A região Nordeste concentra 116 mil e 528 pessoas desse universo, o que representa 30,6% do total de catadores no Brasil. O estado da Bahia possui o maior contingente da região nordestina, com 34.107 habitantes. Juntos, Bahia, Pernambuco e Ceará concentram 63% desses trabalhadores na região.
Conforme Censo Demográfico de 2010, 387 mil e 910 pessoas se declararam catadores lixo em todo o território brasileiro. "Porém este valor pode estar abaixo do quantitativo real em função de algumas dificuldades na coleta de dados durante a pesquisa do Censo", explica o Ipea.
Um estudo, coordenado por técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que cerca de 30% dos catadores de lixo de todo o país estão na região Nordeste (116 mil pessoas), a maioria em áreas urbanas. O Ipea é uma fundação pública vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
Esse número não se distancia muito do estimado no Diagnóstico sobre Catadores de Resíduos Sólidos realizado pelo Ipea em 2012, que apontava a possibilidade de um intervalo entre 400 mil e 600 mil catadoras e catadores.
Sergipe e Piauí são os que apresentaram o menor número de pessoas que declararam trabalhar como catadores, com 4.081 e e 4.728, respectivamente.
A média de idade entre as pessoas que se declararam exerce a atividade de coleta e reciclagem no Brasil é de 39,4 anos. Essa média varia pouco entre as regiões. No Nordeste, por exemplo, a idade média desse público é de 38,3 anos.
Na Paraíba, 49,9% dos catadores estão situados na faixa etária entre 30 e 49 anos. Outros 4,2% situam-se abaixo dos 17 anos. E 5,2% são maiores de 60 anos. Dos catadores do Estado, 66% são homens e 34% mulheres. Do total, 71,8% dos catadores de lixo na Paraíba se declararam pretos e pardos, contra 28,2% informaram que são brancos e de outra cor.
Nas famílias, num aglomerado de 39.463 paraibanos há pelo menos um catador ou catadora de lixo. Nesse contexto, 52,1% das crianças são dependentes dos seus familiares catadores e catadoras.
Os dados do Censo do IBGE indicam que a renda média em 2010, segundo os próprio trabalhadores, era de R$ 571,56. O salário mínimo na época era de R$ 510,00. Na região Nordeste, a renda médica é de R$ 459,34 - cerca de 10% inferior ao salário mínimo nacional.
Na Paraíba, a situação é a pior do Nordeste em termos dos salários pagos a catadores de resíduos sólidos. Na média, paga R$ 391,93.
No Rio Grande do Norte registra-se o maior salário, em torno de R$ 542,37; Pernambuco vem em seguida, com R$ 494,14; Bahia paga R$ 458,55; Alagoas chega a R$ 455,36; Piauí fica em R$ 445,19; Ceará chega à uma média de R$ 445; Maranhão paga R$ 431,18; Sergipe tem salários médios de R$ 425,88.
O levantamento ainda destaca que 90,1% moram em áreas urbanas e 9,9% em zona rural.
Há muita variação entre os estados da região Nordeste, pois, mais da metade se situa entre 30 e 49 anos. Aproximadamente 4,0% do total ainda não atingiu a idade adulta e e 15% encontra-se entre 18 e 29 anos, idade utilizada como referência para as políticas de juventude. A população de catadoras e catadores acima de 60 anos na região está próximo de 5%, idade considerada prioritária para as políticas de assistência e previdência social.
Os dados, obtidos com base no Censo Demográfico de 2010, estão na publicação Situação social das catadoras e dos catadores de material reciclável e reutilizável.
Créditos:
Portal Correio

Latrocínio cresce 29,4% na capital paulista em 2013



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De janeiro a julho deste ano, o número de latrocínios (roubo seguido de morte) cresceu 29,4% na capital paulista, segundo balanço mensal de ocorrências policiais que foi divulgado ontem (26) pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Nos primeiros sete meses do ano passado ocorreram 68 mortes em decorrência de roubo, enquanto neste ano houve 88.

Em todo o estado, o número de latrocínios passou de 209 nos primeiros sete meses do ano passado para 234 este ano, um aumento de quase 12%. Segundo o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, os crimes de latrocínio são uma das maiores preocupações do governo de São Paulo.
“Sempre disse que latrocínios e roubos são os crimes que mais nos preocupam porque são os que mais impactam na sensação de segurança. Ainda há muito a ser feito, mas estamos adotando uma série de medidas, que exigem algum tempo para serem adotadas ou implantadas”, disse o secretário.
O número de vítimas de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) também cresceu no período tanto na capital quanto em todo o estado. Na capital, o número de vítimas de homicídios dolosos passou de 724 para 746 casos, enquanto no estado passou de 2.691 ocorrências para 2.715.
O caso de estupros também cresceu no período, passando de 1.721 casos para 1.834 casos na capital e, no estado, passando de 7.212 ocorrências para 7.444 nos primeiros setes meses do ano.
Apesar de os números terem crescido nos primeiros sete meses do ano, os dados mostram uma tendência de queda na comparação mês a mês. O número de vítimas de homicídios dolosos no estado de São Paulo caiu no mês de julho, passando de 371 vítimas em junho para 332 em julho, menor número registrado em todo o ano. Em comparação a julho de 2012, também houve queda, quando foram registradas 380 vítimas de homicídios. Na capital paulista, as vítimas de homicídios dolosos caíram de 115, em junho, para 87, em julho, o menor número para o mês de julho dos últimos 12 anos, de acordo com os dados da secretaria. Em julho do ano passado, foram 102 vítimas de homicídios, representando queda de 7,6% na comparação.
Os registros de latrocínio (roubo seguido de morte) subiram de 30 mortes em junho para 31 em julho, e mantiveram estabilidade em relação ao mesmo mês do ano anterior (31 mortes).
Para o secretário, os números demonstram uma tendência de queda nas ocorrências. “Não é nada definitivo, mas é uma tendência de queda”, disse. No entanto, ele ressaltou que há muito a ser feito para diminuir os números de violência em São Paulo. “Os indicadores não nos deixam satisfeitos. Precisamos continuar o trabalho de aprimoramento”.
Segundo o secretário, o pico de violência do segundo semestre do ano passado em todo o estado, com indicadores elevados de ocorrências, foi interrompido e a expectativa agora é que os números continuem em queda. “Interrompemos aquele ciclo de violência. Estamos investindo em trabalho de inteligência para apoiar a investigação, que é fundamental para se evitar novos crimes. Integração, investigação e inteligência são as três linhas que entendemos que podem conduzir, ao lado de medidas estruturantes, um trabalho que apresentará, no futuro, resultados positivos”.
Créditos: Rede Brasil Atual

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A Síria se tornará um segundo Iraque?

A Síria se tornará um segundo Iraque?

A Rússia exortou os Estados Unidos a absterem-se de causar pressão militar sobre Damasco. Numa conversa por telefone com o secretário de Estado dos EUA John Kerry, o chanceler russo Sergu
ei Lavrov lembrou as consequências extremamente perigosas de uma possível nova intervenção militar para todo o Oriente Médio e Norte da África, a exemplo do Iraque e da Líbia.

O Departamento de Defesa dos EUA já preparou um plano de operação armada contra Damasco. O chefe do Pentágono Chuck Hagel está pronto para realizá-lo logo que receber ordens do presidente Barack Obama. Aos norte-americanos podem se juntar também militares britânicos. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro britânico David Cameron não esconde o fato de que não será possível obter aprovação de uma ação militar do Conselho de Segurança da ONU porque a Rússia não o vai permitir.
Irá o Ocidente, em tal situação, se decidir a fazer um segundo Iraque? Esse é um ponto discutível, diz o analista político Leonid Isaev:
“Na altura os norte-americanos erraram, e eles tiveram que reconhecer que no Iraque não foram encontradas armas químicas. Foi um grande golpe para o presidente Bush Jr. e para a imagem dos Estados Unidos. Acho que agora eles vão agir com mais cuidado”.
Por isso, os Estados Unidos devem pelo menos assegurar provas contra al-Assad de especialistas da ONU que estão agora conduzindo uma investigação sobre o uso de armas químicas nos subúrbios de Damasco em 21 de agosto. De acordo com várias fontes, foram mortas lá entre 300 e 1300 pessoas. E cada lado está culpando o outro pelo que aconteceu.
O "ultimato químico" a Damasco
Depois de alguma hesitação, o governo sírio permitiu a entrada na região de uma comissão das Nações Unidas. Contrariamente às expectativas, essa mensagem não agradou à administração norte-americana: na sua opinião, o tempo para a investigação já passou. Assim, por um lado, a Casa Branca se assegurou, desacreditando antecipadamente a decisão da comissão. Por outro lado, ao anunciar um plano militar, ela deixou claro para a comissão da ONU que resultados espera de seu trabalho na Síria, diz o analista político Leonid Isaev:
“Para que os norte-americanos se sintam confortáveis, ao invadirem a Síria, eles devem ter o suporte de uma aprovação unânime da comissão das Nações Unidas sobre armas químicas. Eu não acho que tal decisão seja assim tão fácil de obter. Afinal, esta é a comissão mais imparcial que em princípio existe no mundo, com todos os prós e contras das Nações Unidas.”
Barack Obama se viu numa posição bastante difícil. Em tempos, ele disse que a “linha vermelha” para um ataque militar contra a Síria seria o uso de armas de destruição em massa pelo regime de al-Assad. Embora não haja evidências de que foram justamente as tropas do governo que usaram armas químicas, os defensores da derrubada de al-Assad estão agora constantemente lembrando a Obama suas palavras.
De momento, objetivamente, os EUA não têm nenhum interesse em invadir a Síria. Eles, talvez, até quisessem remover al-Assad que dificilmente alinha em acordos, mas não há ninguém para substituí-lo. Simplesmente privar o país de seu líder e mergulhá-la no caos significa somente adicionar problemas ao vizinho Israel. Além disso, não há dinheiro extra no orçamento dos EUA, e ainda não se sabe qual será o resultado de uma operação militar. Por isso, o Pentágono tem um plano militar, mas Obama não tem pressa de ordenar sua realização, nota o especialista-orientalista do Instituto de Estudos Estratégicos e Análise, Serguei Demidenko:
Gostaria de chamar a atenção para o seguinte fato: para 28 de agosto está programado um encontro de diplomatas russos e norte-americanos sobre a organização de uma conferência sobre o acordo de paz sírio. Esta reunião não foi cancelada até agora. Assim, não podemos dizer que a questão de um ataque contra a Síria está já decidida.
Moscou está advertindo Washington contra uma aventura militar na Síria. Qualquer ação militar unilateral fora do âmbito da ONU prejudicará os esforços da comunidade internacional e levará a uma escalada do conflito em todo o Oriente Médio, disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Cidade indonésia causa polêmica com plano de testar virgindade de alunas

Estudantes muçulmanas indonésias (AP)

Um plano para tornar obrigatório o teste de virgindade para alunas do ensino médio provocou polêmica na Indonésia.
O plano foi apresentado pelo secretário de Educação da cidade de Prabumulih, no sul da ilha de Sumatra, Muhammad Rasyid, que afirmou que o teste seria uma "forma precisa de proteger crianças da prostituição e do sexo livre". Diante da repercussão do caso, o secretário posteriormente renegou a proposta e disse que havia sido mal interpretado.
Mas de acordo com a mídia local, ele havia afirmado que se a proposta fosse aprovada pelos legisladores da cidade, os testes poderiam começar já em 2014, usando o orçamento municipal.
O projeto original apresentado previa que as estudantes entre 16 e 19 anos fossem examinadas todo ano até se formarem. Os estudantes do sexo masculino não precisariam passar por uma investigação sobre sua vida sexual.
A proposta parece ser uma resposta ao crescente número de casos em que jovens tiveram relações sexuais antes do casamento e também à prisão de seis estudantes do ensino médio por acusações de prostituição, segundo o site indonésio Kompas.
O plano de Rasyid atraiu críticas não apenas de especialistas em educação e organizações de defesa da mulher, mas também de ministros de governo da Indonésia.
O ministro da Coordenação do Bem-Estar, Agung Laksono, ordenou que o ministro da Educação, Mohammad Nuh, rejeite o plano, segundo o jornal indonésio The Jakarta Globe.
Agung afirmou que o teste é imoral e sugeriu que a diretoria regional de educação da cidade comece um programa de educação sexual, informações sobre HIV/Aids e planejamento familiar.

Questão particular

Deny Trisna, professora e orientadora em uma escola de ensino médio da cidade, questionou o plano do secretário.
"Se eles descobrirem que as estudantes não são mais virgens, vão fazer o quê?", perguntou Trisna em uma entrevista ao jornal The Jakarta Post.
A professora acrescentou que a escola deveria ter um papel mais ativo para evitar a promiscuidade entre estudantes.
A organização de defesa dos direitos da mulher Woman Crisis Center (WCC), do sul de Sumatra, afirmou que os testes de virgindade violam os direitos humanos, pois esta é uma questão particular.
"É assédio contra as mulheres. O governo deve analisar o impacto de um teste destes nas estudantes", afirmou a presidente do centro, Yeni Roslaini.
Religiosos de Prabumulih também foram contra o plano. Ali Usman, do Conselho Ulema Indonésio, disse ao The Jakarta Post que o projeto teria um impacto negativo na sociedade.
"Segundo os ensinamentos islâmicos, é proibido ver os genitais de outras pessoas", afirmou.
Depois da polêmica, o The Jakarta Globe relata que Rasyid recuou e disse que suas afirmações foram mal interpretadas pela imprensa.
"Quero ressaltar que a diretoria de educação nunca sugeriu o programa", disse.
Segundo o jornal indonésio, Rasyid afirmou que apenas estava atendendo ao pedido do pai de uma estudante que foi acusada de não ser mais virgem.
O secretário de Educação afirmou que o pai exigiu que a escola fizesse o teste para provar que sua filha ainda era virgem.
"Eu apenas respondi a isto (o pedido) e apoiei a ideia de um teste de virgindade para evitar suspeitas contra a menina", disse, acrescentando que nunca passou por sua cabeça impor o teste obrigatório de virgindade e que esse teste seria "inapropriado em termos que direitos humanos".
Mas, mesmo depois das negativas do secretário, o ministro da Educação, Mohammad Nuh, lamentou a ideia e rejeitou o argumento de que o teste evitaria o sexo entre adolescentes.
"Eles precisam encontrar uma outra forma, uma forma sábia, de tratar a questão do sexo entre adolescentes", afirmou.
Créditos: BBC Brasil

Fukushima polui o oceano e provoca câncer

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O Oceano Pacífico está ameaçado de contaminação radioativa. A direção da central elétrica atômica Fukushima 1 admitiu o maior vazamento, desde 2011, de água radioativa, que pode chegar ao oceano. Praticamente ao mesmo tempo, os médicos descobriram no município 18 casos de crianças com câncer na tiróide. Há suspeita de que mais 25 crianças estarão com essa enfermidade. Mas, por enquanto, não se confirma que as doenç
as oncológicas foram causadas pela radiação.

Enquanto isso, no município de Fukushima os médicos realizam exames de todas as crianças e jovens até 18 anos para descobrir doenças oncológicas. As autoridades do país pretendem examinar cerca de 360 mil pessoas.
O principal perigo é representado pelo vazamento, a partir das cisternas danificadas, de água radioativa, que era usada para resfriar os reatores. Anteriormente a companhia operadora de Fukushima 1, Tepco, informou sobre o aumento das normas de conteúdo de estrôncio e trítio radioativos na água subterrânea, perto do segundo bloco da central. Foi também declarado o aumento do nível de conteúdo destes elementos na água do mar junto da central. O dirigente do programa energético Greenpeace da Rússia, Vladimir Chuprov, dá detalhes:
"Trata-se de aproximadamente 300 mil toneladas de água contaminada radioativa, que até agora é conservada na central. Desta quantidade, cerca de 300 toneladas estão desaguando no oceano. Tudo isto é espalhado pelas correntes. O nível inicialmente alto da radiação não atinge as costas da Rússia ou dos EUA. Mas algumas doses chegam ao litoral de Estados limítrofes, até mesmo atravessando o Oceano Pacífico."
Como salientou Vladimir Chuprov, mesmo se a concentração de substâncias nocivas na água não for grande, se acumulando nas algas marinhas, ela aumenta e o peixe que se alimenta dessas plantas pode aumentar a concentração de substâncias radioativas em seu organismo em 10 vezes.
O risco de contaminação da parte norte do Oceano Pacífico é muito grande, considera o dirigente dos trabalhos de liquidação do acidente na Usina Nuclear de Chernobyl, Igor Ostretsov:
"Não se deve esquecer que os vazamentos ocorrem permanentemente desde o momento do início dessa tragédia. Não há para onde jogar a água resfriadora e, por isso, o Japão é simplesmente obrigado a lançar tudo no oceano. Esta situação irá piorar e, seja qual for o controle, nós inevitavelmente chegaremos a um ponto em que os recursos piscícolas serão contaminados."
A direção da central afirmou reiteradas vezes que as consequências da catástrofe tinham sido eliminadas. Agora, porém, os especialistas japoneses dizem que serão necessários mais 30-40 anos para ultrapassar completamente as consequências do acidente.
Especialistas russos duvidam de que o Japão sozinho seja capaz de impedir a poluição do oceano. Fala o co-presidente do grupo ecológico internacional Ecozashita, Vladimir Slivyak:
"Hoje é praticamente impossível isolar esta central atômica de modo que as substâncias radioativas não cheguem ao meio ambiente. Não existem tais tecnologias. Pode-se falar que é necessário elaborá-las, mas neste momento é impossível deter esta catástrofe."
O dirigente dos trabalhos de liquidação do acidente na usina nuclear de Chernobyl, Igor Ostretsov, está convicto de que a única saída é unir os esforços de todos os países e anunciar um programa internacional de salvamento da situação.
O acidente na Fukhushima 1 é considerado o mais graves do último quarto de século depois da catástrofe de Chernóbyl, em 1986. Agora o Japão utiliza ativamente a experiência dos especialistas soviéticos que trabalharam na liquidação desse acidente. Junto com cientistas ucranianos, se planeja criar um sistema de observação por satélite, que possibilitará colher, a partir do Espaço, informação sobre as regiões adjacentes a Fukushima. Planeja-se acionar este sistema no próximo ano.

Negros estudam menos, mesmo nas regiões mais ricas de São Paulo, aponta estudo



Segundo especialista, os meninos negros são os têm mais dificuldade de acesso e permanência no sistema educacional


 Mesmo nas regiões mais ricas da cidade de São Paulo, a população negra soma menos anos de estudo se comparada à branca e à amarela, aponta o estudo Educação e Desigualdades na Cidade de São Paulo, lançado nesta semana pela organização não governamental Ação Educativa.
“A variação no número de anos de estudo conforme ocorre o afastamento da região do centro expandido do município se dá de forma mais acentuada no interior da população branca e amarela do que em relação à população negra”, destaca o estudo. “Ou seja, mesmo em locais de maior concentração de renda domiciliar, o número de anos de estudo da população negra é inferior ao número de anos de estudo da população branca.”
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Segundo o levantamento, a população branca e amarela apresenta as maiores taxas de ensino superior completo, enquanto os negros e os indígenas concentram as taxas mais elevadas da população sem instrução ou com ensino fundamental incompleto.
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“A questão racial é um elemento que impacta no acesso, na permanência e no sucesso na educação. Ela opera para as desigualdades educacionais na cidade”, afirma uma das autoras da pesquisa, Denise Carreira. “O fenômeno do racismo está em toda a cidade e gera obstáculos para a permanência, sobretudo dos meninos negros, nas escolas. Há um dado nacional que mostra que os meninos e jovens negros são os mais expulsos das escolas e que mais reprovam.”
Ela reforça que o processo de especulação imobiliária, que expulsou a população mais pobre – composta por uma grande parcela de negros – para as periferias das cidades, fez que essas áreas concentrassem também mais problemas nos equipamentos educacionais. “Em geral, as escolas são mais frágeis, com condições mais precárias e maior rotatividade dos professores, elementos que reforçam as desigualdades.”
Créditos: Rede Brasil Atual

Miinistro da Saúde, Padilha volta a pedir que críticos do Mais Médicos não prejudiquem população

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O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, voltou a criticar sábado (24), os ataques contra o Mais Médicos que possam levar a prejuízos à população e reiterou que tem confiança na segurança jurídica do programa federal para atração de profissionais para a atenção básica. Em entrevista a blogueiros e internautas na capital paulista, Padilha disse ainda imaginar que a resistência a estrangeiros, evocada por entidades de classe, desapareça com o passar do tempo, e acusou os cursos de Medicina de praticar “bullying” contra o Sistema Único de Saúde (SUS).
Ao comentar o caso dos médicos cubanos, que começaram a chegar hoje ao país, Padilha afirmou que xenofobia e preconceito não fazem parte da cultura do Brasil, uma nação formada por imigrantes. “A experiência e a história de todos os países que precisaram ter política de atração de médicos foi essa. No início, forte resistência, mas ao longo da presença desses profissionais vai se distensionando.”
Ele recordou que o país tem parcerias com o Ministério da Saúde cubano há duas décadas, em acordos que se pautam pela qualidade médica em áreas como vacinação, hepatite e câncer. “Não foi um ministro do PT que teve a primeira ideia de trazer médicos cubanos para o Brasil. Tenho muita tranquilidade de sair de qualquer debate ideologizado e partidarizado que estão tentando fazer. Quando José Serra era ministro da Saúde foram feitas várias parcerias com Cuba.”
O ministro disse que sua equipe vem estudando maneiras de lidar com o déficit de médicos desde 2011, quando assumiu a pasta. Para Padilha, é preciso olhar a questão de maneira integrada, sem imaginar que um tipo de medida vá resolver a questão. O Mais Médicos, lançado em 9 de julho por Dilma Rousseff, na esteira das manifestações do mês anterior, prevê investimentos em infraestrutura, especialmente na construção de unidades básicas de saúde (UBSs), e um aumento na formação de médicos, com 11 mil vagas até 2017, frente a um total de 18.212 atualmente. Caso tudo corra bem, o país saltará de 354 mil médicos atualmente para 600 mil em 2026, atingindo a proporção atual da Inglaterra, de 2,7 médicos para mil habitantes – ainda abaixo de 3,2 na Argentina, 3,7 no Uruguai e 3,9 em Portugal.
A conversa, com duração de pouco mais de três horas, foi pautada pela crítica feita por entidades de classe ao Mais Médicos. Inicialmente, organizações como o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira diziam que a questão era a falta de infraestrutura, e não de profissionais. Depois, passaram a acusar que a vinda de médicos estrangeiros sem a revalidação do diploma colocava em risco a população. “Não podemos dizer que o Mais Médicos é contra os médicos. Se fosse contra os médicos eu diria que sobram médicos no Brasil e que estes médicos não querem ir para as áreas mais pobres. Estou dizendo o contrário”, rebateu Padilha.
Ontem, a Associação Médica Brasileira entrou com ação direta de inconstitucionalidade contra o a medida provisória de criação do programa. Na visão da entidade, apoiada pelo Conselho de Medicina, trata-se de uma “manobra político-eleitoral”, “inócua e populista”, que não resolve os problemas da população. Em nota, a organização alega ainda que a dispensa de revalidação do diploma cria riscos à sociedade e a obrigatoriedade de que os médicos estrangeiros atuem apenas nas áreas para as quais foram selecionados cria duas categorias de profissionais. “A MP 621 estabelece uma burla à legislação trabalhista, promovendo um regime de escravidão moderno”, argumenta.
O ministro recordou que desde 2011 enfrenta a resistência de segmentos sociais à possibilidade de resolver o problema do déficit de médicos. Ele indicou as tentativas de boicote ao sistema de inscrição do programa como um sinal claro desta linha de pensamento. Para Padilha, os ataques a ele fazem parte da democracia, mas as tentativas de prejudicar a sociedade devem ser coibidas. “O que lamento é qualquer movimento para prejudicar o atendimento da população. Um movimento para se inscrever para ocupar uma vaga e postergar a chegada de um médico para atender a população, isso não admitimos.”
Esta semana o governo anunciou a vinda de até 4 mil médicos cubanos até o fim do ano, que começam treinamento na segunda-feira (26) e passam a atender em campo no dia 16 de setembro. O acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde visa a garantir atendimento aos 701 municípios que não despertaram o interesse de nenhum profissional inscrito no Mais Médicos. A maioria das cidades (68%) apresenta os piores índices de desenvolvimento humano do país (IDH muito baixo e baixo) e 84% estão no interior do Norte e Nordeste em regiões com 20% ou mais de sua população vivendo em situação de extrema pobreza.
Uma das críticas a esta decisão é de que a remuneração é repassada pelo governo federal ao Ministério da Saúde de Cuba, que faz o pagamento dos médicos. Isso levou à acusação de que se trata de uma forma de escravidão dos médicos cubanos. Padilha recordou que, diferentemente dos demais profissionais estrangeiros que estão participando do Mais Médicos, os profissionais da ilha são contratados pelo sistema nacional de saúde daquele país, têm direito a previdência e vão receber mais que os demais integrantes das equipes que vão comandar no Brasil. “Ele está recebendo seu salário lá, ganha um adicional por fazer uma missão externa, ganha uma remuneração aqui e a família dele recebe uma remuneração lá. Além de ter uma garantia de previdência que nenhum médico estrangeiro que está vindo para o Brasil tem”, apontou, cobrando cautela nas críticas: “Antes de mais nada, pense nos milhões de brasileiros que só serão atendidos por conta dessa estratégia que o Ministério da Saúde montou.”
Após o anúncio do programa, o presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, João Batista Gomes Soares, afirmou que vai orientar os profissionais a não socorrer pacientes vítimas de eventuais falhas de cubanos. Ele pediu ainda que os médicos vindos da ilha sejam levados à Polícia Civil e detidos por exercício ilegal da profissão, delito que resulta em prisão de 15 dias a três meses.
Para Padilha, além do preconceito ideológico contra Cuba e partidário contra o PT, parte das críticas vem do medo de comparação com profissionais que possam ter um nível melhor de formação. Ele entende que o Mais Médicos já tem a virtude de provocar um debate sobre a necessidade da atenção básica, que, na visão dele, pode resolver 80% dos problemas. “Uma parte da crítica é de quem não compreendeu que estamos trazendo profissionais médicos para atuar na atenção básica de saúde.”
Os médicos estrangeiros ou brasileiros formados no exterior que decidiram aderir ao Mais Médicos vão passar por três semanas de treinamento a partir de segunda-feira. Além das habilidades para o atendimento básico, serão testados na proeficiência em língua portuguesa nas universidades federais que coordenam a iniciativa.
Padilha considera que as críticas das entidades médicas à não exigência de revalidação de diploma destes profissionais é equivocada. Ele entende que a autorização de trabalho para uma finalidade específica é fundamental para assegurar que o contratado se dedique exclusivamente à atenção básica nas cidades que mais precisam, sem que depois de um breve período migre para os grandes centros, concorrendo com o profissional brasileiro e deixando de lado o objetivo para o qual foi trazido.
Ao mesmo tempo, o ministro defende que um grupo de médicos formados no país seja submetido ao Revalida, a prova de revalidação do diploma, para criar uma referência sobre o nível da graduação no país. “Só podemos exigir do médico estrangeiro exatamente o mesmo que exigimos do médico brasileiro. O sarrafo tem de ser o mesmo. Não pode ser mais, não pode ser menos.” A edição do exame que seria aplicada neste fim de semana foi cancelada porque o nível de procura foi baixo, segundo o Ministério da Educação.
Padilha reforçou que o governo quer repensar a formação do médico para garantir que ao menos os primeiros anos de carreira sejam dedicados à atenção básica. Ele argumenta que a baixa quantidade de vagas, com 40 candidatos para cada posto nas universidades públicas e privadas, precisa ser revertido para garantir a democratização do acesso, o que por sua vez traria diversidade ao perfil dos estudantes.
“Um jovem que teve um certo padrão de vida na cidade, um ambiente urbano, ele vai ter dificuldade de ir para o interior, uma região onde não tem os mesmos hábitos de vida. Então, não tenho dúvida de que um dos desafios é ter uma democratização do acesso aos cursos de Medicina”, diz, afirmando que existe uma cultura de que o paciente pobre é apenas um aprendizado para depois poder tratar o rico. “Ao longo da sua formação vai se dessensibilizando, inclusive a vontade cada vez menor de ter contato com o povo. É um processo diário de bullying em relação ao SUS.”
Créditos: Rede Brasil Atual