Enquanto isso, no município de Fukushima os médicos realizam exames de todas as crianças e jovens até 18 anos para descobrir doenças oncológicas. As autoridades do país pretendem examinar cerca de 360 mil pessoas.
O principal perigo é representado pelo vazamento, a partir das cisternas danificadas, de água radioativa, que era usada para resfriar os reatores. Anteriormente a companhia operadora de Fukushima 1, Tepco, informou sobre o aumento das normas de conteúdo de estrôncio e trítio radioativos na água subterrânea, perto do segundo bloco da central. Foi também declarado o aumento do nível de conteúdo destes elementos na água do mar junto da central. O dirigente do programa energético Greenpeace da Rússia, Vladimir Chuprov, dá detalhes:
"Trata-se de aproximadamente 300 mil toneladas de água contaminada radioativa, que até agora é conservada na central. Desta quantidade, cerca de 300 toneladas estão desaguando no oceano. Tudo isto é espalhado pelas correntes. O nível inicialmente alto da radiação não atinge as costas da Rússia ou dos EUA. Mas algumas doses chegam ao litoral de Estados limítrofes, até mesmo atravessando o Oceano Pacífico."
Como salientou Vladimir Chuprov, mesmo se a concentração de substâncias nocivas na água não for grande, se acumulando nas algas marinhas, ela aumenta e o peixe que se alimenta dessas plantas pode aumentar a concentração de substâncias radioativas em seu organismo em 10 vezes.
O risco de contaminação da parte norte do Oceano Pacífico é muito grande, considera o dirigente dos trabalhos de liquidação do acidente na Usina Nuclear de Chernobyl, Igor Ostretsov:
"Não se deve esquecer que os vazamentos ocorrem permanentemente desde o momento do início dessa tragédia. Não há para onde jogar a água resfriadora e, por isso, o Japão é simplesmente obrigado a lançar tudo no oceano. Esta situação irá piorar e, seja qual for o controle, nós inevitavelmente chegaremos a um ponto em que os recursos piscícolas serão contaminados."
A direção da central afirmou reiteradas vezes que as consequências da catástrofe tinham sido eliminadas. Agora, porém, os especialistas japoneses dizem que serão necessários mais 30-40 anos para ultrapassar completamente as consequências do acidente.
Especialistas russos duvidam de que o Japão sozinho seja capaz de impedir a poluição do oceano. Fala o co-presidente do grupo ecológico internacional Ecozashita, Vladimir Slivyak:
"Hoje é praticamente impossível isolar esta central atômica de modo que as substâncias radioativas não cheguem ao meio ambiente. Não existem tais tecnologias. Pode-se falar que é necessário elaborá-las, mas neste momento é impossível deter esta catástrofe."
O dirigente dos trabalhos de liquidação do acidente na usina nuclear de Chernobyl, Igor Ostretsov, está convicto de que a única saída é unir os esforços de todos os países e anunciar um programa internacional de salvamento da situação.
O acidente na Fukhushima 1 é considerado o mais graves do último quarto de século depois da catástrofe de Chernóbyl, em 1986. Agora o Japão utiliza ativamente a experiência dos especialistas soviéticos que trabalharam na liquidação desse acidente. Junto com cientistas ucranianos, se planeja criar um sistema de observação por satélite, que possibilitará colher, a partir do Espaço, informação sobre as regiões adjacentes a Fukushima. Planeja-se acionar este sistema no próximo ano.