O colesterol alto é um dos principais fatores de risco para as chamadas doenças cardiovasculares
8 de agosto foi "Dia Nacional de Controle do Colesterol". A data, que existe há 10 anos, tem como objetivo conscientizar a população sobre as doenças decorrentes da elevada taxa de colesterol no sangue, formas de prevenção e tratamento. Mesmo quem nunca desconfiou que pode apresentar esse problema, deve ficar alerta. Afinal, as estatísticas impressionam: em 2012, nada menos que 40% dos brasileiros apresentavam colesterol alto.
O colesterol alto é um dos principais fatores de risco para as chamadas doenças cardiovasculares, responsáveis, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), pela morte de 17 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo.
Vários grupos devem prestar atenção ao que ingerem, inclusive os formados por adolescentes. De acordo com estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a dieta alimentar do brasileiro, jovens de 14 a 18 anos comem muitos itens com colesterol elevado. Idosos, diabéticos e indivíduos com maior risco cardiovascular igualmente precisam ficar atentos.
Funções importantes no organismo
Na medida certa, porém, a substância é benéfica para o organismo. Gordurosa, é encontrada em todas as células do corpo e é essencial para a formação das membranas celulares e para a síntese de hormônios – como estrogênio, testosterona, cortisol –, atuando ainda na digestão e na metabolização de algumas vitaminas.
Então, não vale pensar no componente apenas pelo lado negativo. O excesso no sangue é prejudicial, sim, pois aumenta o perigo dos males do coração, porém na dose certa é essencial. E há diferentes tipos circulando pelo corpo: ao se associar a certas proteínas para cumprir suas tarefas, o colesterol assume algumas formas, sendo então dividido em HDL (high density, ou alta densidade), o 'bom colesterol', e LDL (low density, ou baixa densidade), o 'mau colesterol'.
O HDL transporta o colesterol das células para o fígado e facilita sua eliminação – tanto pela bile quando pelas fezes. Fornece proteção contra a arteriosclerose e, se seu nível está baixo, o perigo de doenças cardiovasculares aumenta. Já o LDL faz o inverso: ajuda a gordura a entrar nas células e leva ao acúmulo da mesma nas artérias sob a forma de placas.
Como consequência, o LDL em excesso traz malefícios à saúde. Exemplo: quando o colesterol se fixa nas paredes das artérias, que levam sangue para órgãos e tecidos, pode ter início a arteriosclerose; se o depósito ocorre nas artérias coronárias, é possível a pessoa sofrer com angina (dor no peito) e infarto do miocárdio; por fim, caso o excesso seja nas artérias cerebrais, pode provocar acidente vascular cerebral (derrame).
Em exagero, é nocivo
Para a nutricionista Vanderli Marchiori, vice-presidente da Associação Paulista de Fitoterapia (APFIT), todos os tipos de colesterol são importantes, o acúmulo é que é danoso. "Colesterol é uma gordura saudável, que faz parte de vários hormônios e sais biliares. O problema, como já colocado, é o excesso."
O HDL, ela explica, são moléculas grandes, que por isso não se fixam nas paredes de vasos e artérias. O LDL, ao contrário, por serem partículas menores, amontoam-se nos mesmos – desencadeando o perigo. "Há, ainda, a VLDL (very low density lipoprotein, lipoproteínas de muito baixa densidade), elementos minúsculos fabricados no fígado e que, na corrente sanguínea, são convertidos em LDL. Insisto: o problema, sempre, é o exagero".
Alimentação e sedentarismo
Infelizmente, quando o índice está elevado, o organismo não dá sinais. "Sua evolução é silenciosa, o que o torna ainda mais perigoso, visto que só chama a atenção quando já atingiu um patamar muito elevado", adverte a nutricionista Natana Martins. "A hipercolesterolemia em geral é assintomática", completa a colega Marchiori.
"Para saber se o colesterol está alterado, é preciso fazer um exame de sangue. Daí a necessidade de procurar médicos para checagem geral, que incluirá esta dosagem", conclui o cardiologista Marcel Vieira Coloma.
Ao contrário do que muitos pensam, o problema pode aparecer em qualquer indivíduo e de qualquer idade, embora seja mais comum nos que apresentam um estilo de vida associado à falta de exercícios físicos e alimentação inadequada. "Há pessoas que já nascem com alterações genéticas que deixam a taxa alta desde muito cedo", afirma a secretária geral da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva, Vanderli Marchiori.
Natana Martins concorda. "A disfunção tem acometido cada vez mais jovens e adultos. Apesar de sua prevalência em idosos, pode inclusive acometer crianças". Neste último caso, o motivo é que existe um componente genético que afeta a dosagem.
"A preocupação, no entanto, deve ser sempre maior com as pessoas de idade avançada, que em geral já apresentam fatores que contribuem para riscos de doenças cardiovasculares", complementa Coloma.
Créditos:WSCOM
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