Com o lema 'Este sistema é insuportável: Exclui, degrada, mata', o Grito dos Excluídos marca o feriado da 7 de setembro com protestos por diversas cidades do país. Convocados por movimentos sociais e populares, com o apoio da Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, as manifestações alertam para a ameaça de perda de direitos representada pelo governo de Michel Temer.
Cerca de 30 mil mineiros saíram às ruas de Belo Horizonte pedindo por Diretas Já, contra o presidente Michel Temer, a quem acusam de "golpista". Eles partiram da praça Raul Soares e caminharam pacificamente pela avenida Amazonas até chegar na Praça Sete de Setembro, no centro da capital mineira.
"Todos estão insatisfeitos com o governo Temer, estamos engrossando o caldo daqueles que saíram de suas casas no fim de semana, com o objetivo de derrubar esse governo à partir dos movimentos diversos que estão nas ruas", diz um dos organizadores do Grito dos Excluídos em Belo Horizonte.
No Rio de Janeiro, o Grito dos Excluídos levou milhares ao centro da cidade. Os candidatos à prefeitura Jandira Feghali (PCdoB) e Marcelo Freixo (Psol) também participaram do ato que pede a saída do presidente não eleito Michel Temer do governo. O senador Lindbergh Farias (PT) também esteve presente e disse que as mobilizações estão provando que não vai ser fácil para os "golpistas" tentarem avançar na retirada de direitos.
Além do 'Fora Temer' e reivindicações por novas eleições diretas já, o Grito ganha conotações locais em cada cidade. No Espírito Santo, nas cidades de Colatina e Linhares, ribeirinhos atingidos pela lama da Samarco do desastre de Mariana (MG), pediram justiça, com punição para a empresa, e cobraram indenizações ainda pendentes para os afetados.
Em Macaé, no estado do Rio de Janeiro, na Região dos Lagos, importante região ligada a produção de petróleo em alto mar, dezenas de pessoas se manifestaram em defesa da Petrobras e contra a flexibilização das regras de exploração do pré-sal, que aumentar a participação das multinacionais petroleiras, conforme consta em projeto elaborado pelo então senador José Serra, que tramita atualmente no Congresso Nacional.
Em Fortaleza, a manifestação reunião milhares na orla da cidade, que pediram pela valorização da educação pública e lembraram da crise hídrica que impacta o estado. No Ceará, o grito pelo 'Fora Temer' também foi ouvido na cidade de Juazeiro do Norte, com milhares de pessoas.
Em Londrina, no Paraná, os protestos lembraram a violência policial e também denunciaram o governo Temer como ilegítimo.
Recife
Em Pernambuco, o Grito é organizado pelo Fórum Dom Hélder Câmara, que reúne movimentos sociais e pastorais católicas. São cerca de 25 entidades, muitas delas congregações de outros grupos menores. Sandra Gomes, representante do Fórum, explica porque, neste ano, o movimento decidiu se posicionar contra o presidente Michel Temer.
"Nós consideramos que não há impeachment, há golpe. E vamos combatê-lo nas ruas. É um governo que só espera um momento para acabar com a classe trabalhadora. Não vemos perspectiva de melhora com o governo Temer. Ao contrário, vamos perder direitos sociais", argumenta Sandra.
Na capital, Recife, as causas dos desvalidos e menos favorecidos estiveram presentes no grito de milhares na Praça Derby, região da cidade. Eles fizeram a defesa do Sistema Único de Saúde, e se opuseram contra as privatizações e a homofobia.
Salvador
Na capital baiana, o protesto teve participação de representantes de movimentos sociais e religiosos e de centrais sindicais. Durante a passeata, em tom crítico, líderes e coordenadores do Grito dos Excluídos manifestaram-se em um carro de som contra o atual governo e a situação social e política do Brasil.
Segundo os organizadores, mais de 15 mil pessoas participaram do ato de hoje. A Polícia Militar não divulgou estimativa do número de participantes.
Porto Alegre
A marcha do Grito dos Excluídos na capital gaúcha partiu da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que estava ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Após o protesto, o grupo desmobilizou a ocupação, que ocorria também no Ministério da Fazenda.
A maioria dos participantes era composta por integrantes do MST. Havia ainda membros da Central Única dos Trabalhadores (CUT), movimentos negros, feministas e LGBT. Representantes dos bancários, em greve nacional desde ontem (6), também acompanharam a caminhada.
Goiânia e Pará
Como em Brasília, predominou o tom político e as manifestações pelo 'Fora Temer' na capital de Goiás. No Pará, os manifestantes se reuniram pelo Grito dos Excluídos em frente à Basílica de Nazaré, no centro da capital Belém. Na Paraíba teve manifestações em João Pessoa e em Campina Grande. (Da redação com reportagem da Agência Brasil)