sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Mais da metade dos brasileiros não tem diploma do ensino médio

O Brasil é um dos países com o maior número de pessoas sem diploma do ensino médio. De acordo com o estudo Um Olhar sobre a Educação, divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mais da metade dos adultos (52%) com idade entre 25 e 64 anos não atingiu esse nível de formação. O índice de pessoas que não cursaram o ensino médio no Brasil representa mais do que o dobro da média da OCDE.
Dentre os 46 países analisados, o Brasil registrou o segundo maior nível de desigualdade de renda, ficando atrás apenas da Costa Rica.
Em proporção de adultos sem o ensino médio completo, México (62%) e Costa Rica (60%) foram os piores colocados do levantamento.
Na Colômbia, 46% dos adultos na faixa de 25 a 64 anos não concluíram o ensino médio; na Argentina, 39%; e, no Chile, 35%.
A OCDE afirma que as pessoas que deixam a escola antes de completar o ensino médio podem enfrentar dificuldades no mercado de trabalho, menores salários, além de ter competências cognitivas inferiores dos que possuem formação, como memória, habilidades motoras, atenção, entre outras.
Além disso, a organização também ressaltou o número baixo de alunos com mais de 14 anos de idade inscritos em instituições de ensino no Brasil. Apenas 69% daqueles entre 15 e 19 anos e somente 29% dos jovens de 20 a 24 anos estão matriculados. A média nos países da organização é, respectivamente, de 85% e 42%. Por: Isabela Alves. Foto: USP.
Créditos: Observatório do Terceiro Setor

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Uma em cada nove pessoas no mundo passa fome

Em 2017, a fome aumentou no mundo e atingiu quase 821 milhões de pessoas. Este é o terceiro ano consecutivo do aumento deste número, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Segundo o relatório ‘O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018′, as principais causas do avanço da subnutrição foram os conflitos armados, crises econômicas e fenômenos naturais extremos, como secas e enchentes.
Outra razão foi a mudança no padrão de chuvas, com o início tardio ou precoce das temporadas de precipitações e sua distribuição desigual ao longo do próprio período chuvoso.
A agência da ONU estima que, em todo o mundo, 83% de todas as perdas e danos à agricultura foram causadas por secas em 2017. Inundações responderam por 17% desses impactos negativos sobre a produção de alimentos.
A seca foi uma das piores dos últimos dez anos e provocou reduções significativas nas safras, com perdas estimadas entre 50% e 90%. Por conta disso, mais de 3,6 milhões de pessoas precisaram de assistência humanitária. Por: Isabela Alves.

sábado, 15 de setembro de 2018

Mortes pela polícia crescem 150% no Rio

A polícia do Rio de Janeiro matou 175 pessoas em agosto, o que significou um aumento de 150% na comparação com o mesmo mês de 2017. Se o dado for confrontado com o de agosto ano de 2014, estes homicídios quase quadruplicaram - foram 45 naquele ano. Em agosto de 2008, foram 30. O Rio está sob intervenção federal desde fevereiro.

O balanço de agosto foi divulgado nesta sexta-feira, 14, pela Secretaria de Segurança do Estado. As estatísticas são produzidas pelo Instituto de Segurança Pública, vinculado à pasta.
Seguindo tendência de queda dos crimes contra o patrimônio, foi registrada diminuição ante 2017 nos roubos de carga (20%), nos de rua (16%) e nos de veículos (15%). 
Os homicídios caíram 10% em relação ao ano passado e 12% ante julho de 2018; no entanto, com o crescimento expressivo das mortes pela polícia, a chamada letalidade violenta, que abarca outros crimes contra a vida, subiu 13%, chegando a 552 vítimas. O mês foi o de maior apreensão de armas desde maio de 2017, 823 armamentos, 10% a mais do que agosto de 2017.
O Observatório da Intervenção - instaurado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Candido Mendes para acompanhar os trabalhos - considera que os números mostram que nada mudou no Rio depois de sete meses de intervenção. 
"Os crimes contra a vida, especialmente as mortes causadas por intervenção policial, aumentaram sem controle em algumas áreas do Estado", diz relatório do Cesec divulgado nesta sexta.
A intervenção foi decretada pelo presidente Michel Temer (MDB) para conter a violência no Rio. Foram empregados 185 mil agentes em 457 operações, das quais resultaram 103 mortos, incluindo três militares das Forças Armadas, conforme o relatório do Cesec. 
Segundo dados do Ministério do Planejamento pesquisados pelo Observatório, o Gabinete de Intervenção havia gasto apenas R$ 120 mil do R$ 1,2 bilhão destinado à intervenção até o último dia 10.
O grupo condenou a fala do secretário Richard Nunes sobre as mortes cometidas pela polícia. O general declarou que esses homicídios não deveriam constar das estatísticas como tal e, sim, como atos de "legítima defesa". Seria uma forma de "camuflar a letalidade policial, problema grave e antigo no Rio", afirmou o relatório do Observatório.
Crédito: Estadão

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Fome e insegurança alimentar aumentam no Brasil, diz ONU

O combate à fome estancou nos últimos anos no Brasil e o número de pessoas que vão dormir sem ingerir o mínimo necessário, estão desnutridas e se sentem fracas para as atividades do dia a dia, aumentou de 4,9 milhões para 5,2 milhões, entre 2010 e 2017.

O país, que havia saído do Mapa da Fome da Organização da ONU há três anos e foi um dos 25 países premiados pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) por ter reduzido pela metade o número de subalimentados durante os governos do ex-presidente Lula, retrocedeu no combate à fome e à miséria, especialmente depois do golpe de 2016.

Os dados são do relatório "A Segurança Alimentar e a Nutrição no Mundo", da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado nesta terça-feira 11. De acordo com a ONU, há três anos a fome e a desnutrição vêm aumentando no mundo, especialmente na América Latina e na África, depois de dez anos de avanços.

Em 2017, 821 milhões de pessoas não conseguiram ingerir o mínimo de calorias diárias necessárias. Isso significa que uma em cada nove pessoas no planeta foi vítima da fome no ano passado, um retrocesso em relação aos dados alcançados em 2010.

De acordo com o relatório da FAO, as crises econômicas, os conflitos e os eventos climáticos extremos são os principais responsáveis por essa regressão. Um exemplo são as graves secas ligadas ao forte fenômeno El Niño de 2015 e 2016 - a falta de chuvas é a causa de mais de 80%, segundo o relatório.

Em 1999, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), a fome atingia 20,9 milhões de brasileiros. Em 2004, um ano após o ex-presidente Lula assumir o governo dizendo que uma de suas prioridades era garantir que os brasileiros tivessem direito a três refeições por dia, esse volume havia caído para 12,6 milhões. Em 2007, no segundo mandato de Lula, o número caiu para 7,4 milhões. Segundo a FAO, em termos porcentuais, a taxa continua estável e inferior a 2,5% desde 2008.

Segundo o relatório da FAO, uma das regiões mais afetadas pelo aumento da fome é a América do Sul, onde a taxa de desnutrição aumentou de 4,7% para 5% entre 2014 e 2017. Se considerado o critério de insegurança alimentar severo, pessoas que passam um dia inteiro sem comer ou famílias que têm o estoque de alimentos esgotados, a América do Sul passou de uma taxa de 4,7% da população em 2015 para 8,7% em 2017. O salto foi de 19,4 milhões de pessoas para 36,7 milhões.
Em um ano, o número de desnutridos aumentou de 804 milhões para 821 milhões – alta de 10,6% para 10,9% da população mundial, ou uma em cada nove pessoas.
Créditos: CUT

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Haddad soma 22% e ultrapassa Bolsonaro em nova pesquisa

A nova pesquisa CUT/Vox Populi confirma o poder de transferência de voto de Lula, preso em Curitiba e impedido de concorrer à presidência da República pelo Tribunal Superior Eleitoral. Quando claramente apresentado aos eleitores como o candidato do ex-presidente, o petista Fernando Haddad alcança 22% de intenção de votos e assume a liderança na disputa. Jair Bolsonaro, do PSL, aparece em segundo, com 18%. Ciro Gomes, do PDT, registra 10%, enquanto Marina Silva, da Rede, e Geraldo Alckmin, do PSDB, aparecem com 5% e 4%, respectivamente. Brancos e nulos somam 21%.

O Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice de confiança chega a 95%.

O instituto tomou a decisão de associar Haddad diretamente a Lula no questionário, ao contrário das demais empresas de pesquisa. Segundo Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi, não se trata de uma indução, mas de fornecer o máximo de informação ao eleitor. “Esconder o fato de que o ex-prefeito foi indicado e tem o apoio do ex-presidente tornaria irreal o resultado de qualquer levantamento. É uma referência relevante para uma parcela significativa dos cidadãos. Chega perto de 40% a porção do eleitorado que afirma votar ou poder votar em um nome apoiado por Lula”.

Um pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros 37% afirmam conhece-lo só de nome.

O desconhecimento é maior justamente na parcela mais propensa a seguir a recomendação de voto de Lula, os mais pobres e menos escolarizados. De maio para cá, decresceu sensivelmente o percentual de brasileiros que afirmam não saber que o ex-presidente está impedido de disputar a eleição: de 39% para 16%.

Ainda assim, é em meio a este público que Haddad registra grandes avanços. Na comparação com a pesquisa de julho, mês no qual o PT ainda nutria esperanças de garantir Lula na disputa, o ex-prefeito passou de 15% para 24% entre os eleitores com ensino fundamental e de 15% para 25% entre aqueles que ganham até dois salários mínimos. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior desempenho na região Sul (11%), mesmo quando associado ao ex-presidente.

Ciro Gomes é o menos rejeitado (34%) entre os cinco candidatos mais bem posicionados. Haddad tem a segunda menor taxa, 38%. No outro extremo, com 57%, aparece Bolsonaro.
O deputado, internado desde a sexta-feira 7 no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, registra contudo o maior percentual de menções espontâneas (13%), contra 4% de Ciro e Haddad, 3% de Marina e 2% de Alckmin.

O fato de as citações espontâneas se aproximarem da porcentagem registrada por Bolsonaro nas respostas estimuladas demonstra, ao mesmo tempo, um teto do candidato do PSL e uma resiliência que tende a leva-lo à próxima fase da disputa presidencial.

O Vox realizou diversas simulações de segundo turno. Bolsonaro venceria Alckmin (25% a 18%), empataria tecnicamente com Marina (24% a 26%) e perderia para Ciro (22% a 32%) e Haddad (24% a 36%). O pedetista e o petista vencem os demais. O instituto não fez a simulação de um confronto entre os dois.

Por fim, a pesquisa mediu a percepção dos eleitores em relação ao ataque a Bolsonaro ocorrido em Juiz de Fora em 6 de setembro. A maioria absoluta, 64%, associa a facada a um ato solitário de um indivíduo desequilibrado, “com problemas mentais”. Outros 35% acreditam tratar-se de um atentado organizado e planejado, com fins políticos.
A maior parte dos entrevistados (49% contra 33%) não crê que o episódio possa influenciar a decisão de voto dos brasileiros.
Créditos: Carta Capital

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

10 ações urgentes contra as desigualdades no Brasil

Oxfam Brasil listou 10 ações urgentes contra as desigualdades no Brasil. A iniciativa tem o objetivo de conscientizar os brasileiros sobre a importância de analisar as propostas dos candidatos destas eleições para que os mesmos criem melhores oportunidades para toda a população, independentemente de renda, patrimônio, condição social, raça ou gênero.
Para a organização, debater os dados sobre as desigualdades sociais é uma forma de enriquecer o debate, principalmente neste momento em que o tema vem ganhando espaço no país.
Entre as ações listadas estão o enfrentamento ao racismo e à violência contra a mulher, promover oferta de trabalho digna, fortalecer a agricultura familiar e retomar a agenda de reforma agrária, e melhorar a qualidade, a progressividade e a transparência do gasto público.
A seguir, veja a lista completa:
1. Priorizar o enfrentamento ao racismo, um dos fatores estruturantes das desigualdades no Brasil, propondo políticas públicas para atacar o problema.
2. Equilibrar o sistema tributário, reduzindo o peso da tributação sobre o consumo (indireta) e aumentando o peso da tributação sobre patrimônio e renda (direta) do topo da pirâmide social.
3. Promover a oferta de trabalho formal e decente para todas e todos e rever a reforma trabalhista no tocante à perda de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
4. Revogação da Emenda Constitucional 95 que criou o Teto dos Gastos, direcionando o ajuste fiscal para aqueles setores beneficiados por políticas de incentivos, isenções de impostos, baixa tributação e privilégios corporativos, e não às custas de políticas sociais fundamentais para a maioria da população.
5. Priorizar o enfrentamento à discriminação contra as mulheres, um dos fatores estruturantes das desigualdades no Brasil, propondo políticas públicas para atacar o problema.
6. Restabelecer a tributação sobre lucros e dividendos e aumentar a tributação sobre herança de maneira progressiva.
7. Fortalecer a agricultura familiar e retomar a agenda de reforma agrária.
8. Reduzir as isenções fiscais e aumentar os investimentos em políticas públicas e serviços básicos como educação (implementação do Plano Nacional de Educação) e saúde (fortalecimento do Sistema Único de Saúde).
9. Melhorar a qualidade, a progressividade e a transparência do gasto público, e redefinir as prioridades no controle desse gasto, fortalecendo mecanismos que permitam seu monitoramento por cidadãos e cidadãs, organizações da sociedade civil e órgãos públicos de controle.
10. Fortalecer mecanismos de combate à corrupção, avançando em reformas políticas específicas que reaproximem a população brasileira das instituições públicas e políticas do país. Por Isabela Alves.

sábado, 8 de setembro de 2018

Em um mês, Brasil gasta R$ 104 milhões em auxílios para magistrados

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Magistrados e membros do Ministério Público Federal pedem um reajuste de 16% nos próprios salários a partir de 2019. Atualmente, o salário inicial de um juiz é fixado em R$ 27.500,17. Além do vencimento, os magistrados recebem auxílio-moradia, auxílio-alimentação, gratificações, auxílio-saúde e outros benefícios, que podem envolver aulas em escolas da magistratura e ajuda de custo para se instalarem em outras cidades, por exemplo.
O Poder Judiciário brasileiro gastou R$ 104,6 milhões em pagamentos de auxílios a juízes, desembargadores e ministros em abril deste ano. Os dados são de um levantamento feito pelo UOL nas folhas de pagamento de todos os tribunais do país durante o mês. Segundo a reportagem, abril foi o último mês com dados completos divulgados.
De acordo outra reportagem, desta vez do jornal O Globo, 71% dos magistrados do país ganham acima do teto. A matéria fala do caso de uma juíza que chegou a ter rendimento mensal de R$ 235 mil em novembro do ano passado. O Tribunal de Justiça de Rondônia registrou o maior rendimento médio do país. A média de remuneração dos magistrados do estado ficou em R$ 68,8 mil em novembro de 2017.
Os valores pagos atualmente aos magistrados brasileiros superam os pagos a um juiz similar no Reino Unido, que recebe cerca de R$ 29 mil, e até dos Estados Unidos, cujo salário mensal médio é de R$ 43 mil. Chega a ser superior a juízes da Suprema Corte de países da União Europeia, como Bélgica e Portugal.