sexta-feira, 10 de julho de 2020

Covid-19 mata 2,7 vezes mais em bairros pobres

Na cidade de São Paulo o covid-19 mata 2,7 vezes mais em bairros pobres do que nas regiões mais ricas. As regiões da cidade que concentram mais famílias em situação de extrema pobreza são também as que registram o maior número de óbitos pelo novo coronavírus. Levantamento da Rede Nossa São Paulo também revela que a letalidade da doença é inversamente proporcional à oferta de trabalho formal em cada região. A pesquisa foi divulgada nesta sexta-feira (10).

Para identificar as desigualdades sócio-espaciais que marcam a disseminação da doença na maior cidade do país, a Nossa SP cruzou dados do Mapa da Desigualdade 2019 com as taxas de emprego formal, a renda média familiar, o número de famílias em extrema pobreza e o número de mortos pela covid-19 em cada região.
Os resultados indicam que o endereço é uma espécie de “fator de risco” para as pessoas contaminadas pelo novo coronavírus.

Por exemplo, o Jardim São Luiz, na zona sul da capital, que tem mais de 20 mil famílias em situação de extrema pobreza – que recebem até um quarto do salário mínimo – e renda média familiar mensal de R$ 983, registrou 256 mortos pela covid-19. Na outra ponta, o Alto de Pinheiros, na zona oeste, região nobre da capital que tem apenas 102 famílias na extrema pobreza e renda média familiar de R$ 9.344, teve apenas 48 mortes.

Os distritos pobres da capital têm renda média equivalente a 18,5% dos distritos mais ricos. No Jaraguá, extremo norte da capital, onde a renda médias das famílias é de R$ 1.702, foram registrados 162 óbitos. Em Artur Alvim, zona leste, com renda familiar de R$ 1.832, outras 161 mortes. 

Com 34.430 mil famílias na extrema pobreza, o Grajaú, na zona sul, registrou 302 óbitos. Logo atrás, com 282 mortes pela covid-19, o bairro de Jardim Ângela, também na zona sul, concentra 26.857 famílias muito pobres.

Já no bairro do Morumbi, área nobre da zona sul, cada família ganha em média R$ 9.091 por mês. Por lá, apenas 42 óbitos ocorreram até o momento. Na Consolação, região central da cidade, com renda familiar de R$ 8.755, 60 mortes por coronavírus foram registradas.

Segundo os pesquisadores, esses números indicam que quanto menor a renda das famílias, menores são as possibilidades de acesso a tratamentos para casos mais graves. Nas regiões mais pobres, a oferta reduzida de leitos leva à superlotação do sistema. A consequência é que a covid-19 é mais letal entre os extremamente pobres e mais vulneráveis.(Editado).
Créditos: Rede Brasil Atual

quarta-feira, 8 de julho de 2020

OMS reconhece evidências de transmissão da covid-19 pelo ar


A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu na terça-feira (7) "evidências emergentes" de transmissão pelo ar do novo coronavírus, depois que um grupo de cientistas cobrou do organismo a atualização de suas orientações sobre como a doença respiratória se espalha.

"Temos conversado sobre a possibilidade de transmissão pelo ar e transmissão por aerossol como uma das modalidades de transmissão da Ccvid-19", disse Maria Van Kerkhove, principal autoridade técnica da OMS para a pandemia de Covid-19, em entrevista coletiva. A OMS havia dito anteriormente que o vírus que causa a doença respiratória se dissemina principalmente por meio de pequenas gotículas expelidas pelo nariz e pela boca de uma pessoa infectada, que logo caem no chão.

Em carta aberta, enviada à agência sediada em Genebra e publicada na segunda-feira (6) no periódico científico Clinical Infectious Diseases, 239 especialistas de 32 países indicaram indícios que, segundo eles, mostram que partículas flutuantes do vírus podem infectar pessoas que as inalam. Como essas partículas menores que são exaladas podem permanecer no ar, os cientistas pediram à OMS que atualize suas diretrizes.

Em entrevista em Genebra, Benedetta Allegranzi, principal autoridade técnica em prevenção e controle de infecções da OMS, disse que há evidências emergentes de transmissão do novo coronavírus pelo ar, mas que elas não são definitivas. 

"A possibilidade de transmissão pelo ar em locais públicos - especialmente em condições muito específicas, locais cheios, fechados, mal ventilados que foram descritos - não pode ser descartada. Entretanto, os indícios precisam ser reunidos e interpretados, e continuamos a apoiar isso", afirmou.

Qualquer alteração na avaliação de risco de transmissão pela OMS pode afetar seus conselhos atuais sobre manter o distanciamento físico de um metro. Governos, que contam com a agência para definir suas políticas de orientação, também podem precisar ajustar as medidas de saúde pública destinadas a conter a propagação do vírus. com informações da Reuters.
Créditos: Agencia Brasil

domingo, 5 de julho de 2020

Reabertura da economia pode ser um dos momentos mais "perigosos" no Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a reabertura da economia do Brasil pode ser um dos momentos mais perigosos para o país, por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19). A
 entidade teme que a nova fase leve o país a registrar um novo salto no número de casos confirmados da doença, repetindo o cenário que voltou a se instalar nos Estados Unidos.

Membros da equipe que se ocupa da pandemia na OMS, apontaram que o momento é considerado como “crítico” no Brasil. “Talvez esse seja um dos momentos mais perigosos da epidemia no país”. 
As informação foram divulgadas pelo colunista Jamil Chade, do Uol, domingo (5). (Editado).
Créditos: UOL

sábado, 4 de julho de 2020

Neonazismo cresce no Brasil e prega ódio às minorias

Racista, homofóbico, machista, violento em diversos aspectos. Esse é o conteúdo do discurso proliferado pelos grupos neonazistas.

Um levantamento realizado pela SaferNet Brasil, organização da sociedade civil que promove os direitos humanos na rede e monitora sites radicais, mostra que, somente no mês de maio deste ano, foram criadas 204 novas páginas de conteúdo neonazista. No mesmo período de 2019, foram 42 e em 2018, 28.

Os números mostram que há um aumento contínuo do neonazismo no Brasil e que tais grupos estão, cada vez mais, vinculados ao atual governo. “Os neonazistas são, hoje, uma base de sustentação desse governo, infelizmente”, diz Adriana Dias, antropóloga e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Segundo ela, há pelo menos 349 células neonazistas ativas no Brasil, resultando em aproximadamente 25 mil pessoas. A pesquisa da antropóloga segue em andamento e a intenção é publicar um livro com os resultados. O número de pessoas vinculadas a células neonazistas já é alto, mas, considerando que a maioria das pessoas consideradas neonazistas no país não faz parte de grupos específicos. Adriana estima que há mais de 300 mil pessoas que consomem a literatura neonazista no Brasil.

“Fazer parte de um grupo é quando a pessoa já está pronta para ir a uma ‘guerra racial’. Mas, primeiramente, a pessoa lê bastante material e faz outras coisas antes de ingressar num grupo”, ressalta a antropóloga e doutora pela Unicamp.

Determinar um número exato de quantas pessoas têm acesso a esses materiais e de quantas participam ativamente dos grupos é uma tarefa difícil, uma vez que essas células estão presentes, muitas vezes, na deep web, parte da internet que não é indexada pelos mecanismos de busca e, em razão disso, está oculta de grande parte do público.

Entender a diferença entre o nazismo e o neonazismo é importante, pois, apesar das semelhanças, ambas as ideologias apresentam particularidades. O nazismo foi uma política de Estado presente principalmente na Alemanha nas primeiras décadas do século XX e liderada por Adolf Hitler. Já o neonazismo, não está, neste momento, ocupando Estado nenhum, embora os grupos que aderem a ele desejem isso.

Além disso, há diferenças entre os discursos. Segundo Adriana, o discurso nazista era muito vitorioso, enquanto o neonazista é de remanescência, ou seja, há uma distorção sobre a história para dizer que existe hoje um genocídio dos grupos de supremacia pautado no medo de perder um lugar que, para essas pessoas, é ‘seu por natureza’. “É uma mistura de negacionismo com delírio histórico”, complementa a antropóloga.

A partir dessa narrativa imaginária, em que há um ‘genocídio do homem branco’, grupos neonazistas desenvolvem estratégias de eliminação do outro, como, por exemplo, ataques e violências praticadas contra pessoas negras e homossexuais.

Discursos e ações de membros do governo federal contribuem para essa ascensão do neonazismo no Brasil. Um exemplo disso foi o episódio em que o presidente Jair Bolsonaro tomou um copo de leite puro durante uma transmissão ao vivo, símbolo nazista de supremacia racial.

Outro momento foi quando o ex-secretário Nacional da Cultura, Roberto Alvim, fez um discurso semelhante ao do ministro da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels. Por: Júlia Pereira. (Editado). Foto: Estadão.

terça-feira, 23 de junho de 2020

São Paulo pode ter 10 vezes mais infectados pelo coronavírus, indica estudo da prefeitura

A cidade de São Paulo pode ter 1,16 milhão de infectados pelo coronavírus, número quase dez vezes maior do que o índice oficial, de 120 mil casos confirmados da doença, segundo pesquisa feita pela Prefeitura de São Paulo.

O número é resultado do inquérito sorológico, mapeamento feito pela gestão municipal e divulgado nesta terça-feira (23). A pesquisa começou no dia 10 de junho e tenta descobrir, por amostragem, quantas pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus na cidade.

"Nós chegamos a conclusão de que existe na cidade de São Paulo já 1,16 milhão de pessoas com o anticorpo do Sars-Cov-2 no município de São Paulo", afirmou o secretário municipal de Saúde, durante coletiva virtual.

Segundo a Prefeitura de São Paulo, a primeira parte do mapeamento, realizou 5.416 exames em 96 distritos com moradores acima dos 18 anos escolhidos por sorteio. O monitoramento será realizado a cada 15 dias com outros públicos. A previsão é que sejam feitos outros cinco levantamentos.

"O inquérito sorológico nos apresenta o real cenário de letalidade na cidade. A taxa de prevalência que aponta 1,16 milhão de pessoas já infectadas mostra que a taxa de letalidade é de 0,5%, ou seja, 5 pessoas a cada 1000 infectados, o que também é um dado de enorme importância para a montagem a estrutura de saúde para os próximos passos do enfrentamento da pandemia aqui na cidade de são Paulo", defendeu o secretário municipal.

O exame sorológico avalia a presença de anticorpos específicos (IgM/igG). Portanto, identifica casos passados da doença. Ele é usado para monitorar a porcentagem da população que já teve contato com o vírus.

Alguns países o utilizam para orientar ações de reabertura da economia após quarentena, por exemplo, pois ele ajuda a verificar a existência de anticorpos contra o vírus na população.

A utilização do teste rápido (IgM/IgG) para confirmar um caso de coronavírus não é recomendada, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A organização afirma que esse tipo de exame sorológico é importante para pesquisa e vigilância, mas que não é indicado para detecção de casos. leia mais no G1. Foto: OMS.
Créditos: G1

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Quase 80% da equipe do Corinthians testa positivo para covid-19

21 dos 27 jogadores do Corinthians tiveram resultado positivo para Covid-19 conforme divulgação feita ontem pelo time. 13 destes que tiveram a doença, já conseguiram se recuperar. Os exames foram feitos dias 18 e 19 de junho.

Ao todo, incluindo familiares e equipe técnica, foram 55 resultados positivos de 190 testes. O Corinthians detalhou os exames neste domingo e acendeu o debate sobre o retorno dos jogos.

Mesmo sem treino e com jogos paralisados, o vírus atingiu quase 80% da equipe do Corinthians. Imagina como ficariam os números no retorno das atividades! Foto: FPF.
Créditos: Mídia Ninja

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Mortes podem aumentar 71% com o relaxamento da quarentena

De acordo com projeções de um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), até julho, o relaxamento da quarentena no estado de São Paulo poderá resultar em um aumento de 71% no número de mortes provocadas pela Covid-19.
Os pesquisadores fazem parte da Rede de Pesquisa Solidária, uma iniciativa que reúne pesquisadores de instituições públicas e privadas, que vem produzindo boletins semanais com os resultados de seus estudos.

O estado de São Paulo começou a relaxar as medidas de distanciamento social tomadas para conter a transmissão do novo coronavírus na primeira semana de junho, período em que o número total de mortos da pandemia chegou a 9.100 no estado. Esse número representa um quarto dos óbitos totais notificados no país.

Os cálculos do grupo indicam que haveria mais 5.500 mortes no estado até a primeira semana de julho caso não houvesse relaxamento da quarentena e a adesão moderada da população às medidas de isolamento fossem mantidas em níveis semelhantes ao registrado em maio.

Já em um cenário com a reabertura gradual do comércio e demais medidas de flexibilização, além das 5.500 mortes, haveria mais de 10.300 até o mesmo período projetado, uma vez que aumentaria a velocidade de propagação do vírus. Desta forma, o total de mortes notificadas no estado chegaria a 24.900, uma diferença de 71% em relação aos 14.600 óbitos previstos pelos pesquisadores até o início de julho sem a reabertura.

Para conseguir realizar as projeções no estado de São Paulo, o grupo de pesquisadores examinou a evolução do contágio em Goiás, um dos primeiros estados a adotar medidas rigorosas de distanciamento social e um dos primeiros a diminui-las. Após essas observações, foram realizadas simulações para entender o que ocorreria em São Paulo se repetisse o mesmo padrão de Goiás.

Goiás foi escolhido por ser um dos poucos estados a adotarem medidas tão drásticas na fase inicial da pandemia e que só começaram a flexibilizá-las nas últimas semanas, tornando mais fácil avaliar o impacto sobre a transmissão do coronavírus e a evolução do número de mortes causadas pela pandemia. Vale ressaltar que as estimativas propostas para São Paulo podem ser conservadoras, uma vez que a população do estado é maior, com uma densidade populacional e taxa de urbanização bem maior do que Goiás.

O levantamento do grupo também indica um aumento no número de mortes causadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), classificação que pode ter sido usada para registrar muitos casos de Covid-19 devido à falta de testes suficientes para detectar o coronavírus. Com o relaxamento, as mortes por SRAG podem aumentar 22%, com o registro de mais 4.200 casos até o inicio de julho. Os pesquisadores analisaram dados dos governos estaduais e do Ministério da Saúde para chegarem a essas projeções. Por: Mariana Lima. Com informações da  Folha de S. P.aulo. Créditos: Observatório do Terceiro Setor