domingo, 10 de outubro de 2021

Com a volta da inflação aumenta o empobrecimento, arrocho salarial, desemprego e juros mais altos

Com a volta da inflação anual de dois dígitos após mais de 5 anos tem consequências diretas não só para o bolso do brasileiro, mas também nas perspectivas para o emprego, renda, crédito e crescimento da economia.

A inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, atingiu 10,25% no acumulado em 12 meses, a maior taxa anual desde fevereiro de 2016, quando ficou em 10,36% 

Economistas explicam as causas da escalada inflacionária, os efeitos do rompimento da barreira simbólica dos 10% e os impactos do aumento generalizado dos preços na economia e na vida do brasileiro.

"É mais que uma barreira psicológica, é uma tragédia mesmo. Quando chegamos a uma inflação de dois dígitos, há uma pressão muito forte para reajustes e para indexação da economia", afirma Carlos Honorato, economista e professor da FIA e Saint Paul.

Honorato destaca que o brasileiro ainda tem uma "memória inflacionária" e carrega no DNA o "medo da inflação".

O momento atual de inflação nas alturas é ainda mais grave em virtude do desemprego ainda elevado enquanto a economia segue em ritmo fraco de recuperação. A taxa de desemprego no Brasil ficou em 13,7% no trimestre encerrado em julho, menor taxa no ano, mas que ainda atinge 14,1 milhões de pessoas.

Apesar dos desarranjos provocados pela pandemia nas cadeias produtivas e da alta nos preços internacionais das commodities, os economistas destacam que a escalada da inflação no Brasil tem causas predominantemente domésticas.

Um país que tem dois dígitos de desemprego e de inflação é porque tem outra causa provocando isso. Na raiz desse problema está a taxa de câmbio brasileira. O real é uma das moedas que mais se desvalorizou na pandemia", diz Gonçalves.

Em 2020, a moeda americana subiu 29% em relação ao real. Neste ano, a alta é de mais 6,34%, rompendo o patamar de R$ 5,50. Em boa parte, a instabilidade política é uma das principais responsáveis pela cotação do dólar, como explica o economista da FGV.

Juros mais altos, significam crédito mais caro, menos investimento, mais freio para o Produto Interno Bruto (PIB) e salários mais achatados.

No Brasil, como mostra o IBGE, dos 10,25% de alta da inflação em 12 meses, a gasolina foi o item individual com o maior impacto. Ela representou 1,93 ponto percentual (p.p.) sobre o indicador geral. Os maiores impactos depois dela vieram da energia elétrica (1,25 p.p.), das carnes (0,67 p.p.) e do gás de cozinha (0,38 p.p.). Itens altamente influenciados pelo dólar. Créditos: G1

sábado, 9 de outubro de 2021

Brasil ultrapassa marca de 600 mil mortes por covid-19

 

RBA-O Brasil ultrapassou a marca de 600 mil mortes causadas pela pandemia de covid-19. É como se toda a população do estado de Roraima morresse em um ano e meio. Muitas destas mortes seriam evitáveis, não fosse a desastrosa condução do governo Bolsonaro ante a maior crise sanitária da história do país. O epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Pedro Hallal, resumiu, em seu Twitter, o que representa a marca trágica alcançada pelo país: “600 mil pessoas morreram de covid-19 no Brasil. Destas, 480 mil estariam vivas se tivéssemos mortalidade igual à média mundial (…) Definitivamente, não era uma gripezinha.”

O acadêmico defende que o negacionismo de Bolsonaro tem relação direta com o fato de o Brasil ser o segundo do mundo em total de óbitos causados pela covid oficialmente registrados. O país está atrás apenas dos Estados Unidos, que tem população 50% maior e soma 708 mil mortos.

Outro cientista, o biólogo e divulgador Atila Iamarino, também lamentou as centenas de milhares de mortes evitáveis. Além disso, pontuou o desastre da gestão de Bolsonaro em outros setores, como na Economia. Além de não preservar vidas, impõe sacrifícios extremos aos brasileiros. “600 mil mortes registradas, redução em 2 anos da expectativa de vida em 2020, meio país em insegurança alimentar e 19 milhões passando fome… Mas qual o problema em seguir medidas sanitárias vindas do Ministério da Economia? Tem que ver pelo lado bom: quem tem dólar ganhou dinheiro”, disse, em referência direta ao ministro Paulo Guedes, que mantém reservas milionárias em paraíso fiscal. Por Gabriel Valery/RBA. Créditos: Rede Brasil Atual


quarta-feira, 6 de outubro de 2021

46 milhões brasileiros vivem sem renda do trabalho

 Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), produzido a partir de dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46 milhões de pessoas vivem em lares sem renda de trabalho no Brasil. Neste cenário, a recuperação do quadro ainda não ocorreu de maneira completa.

No segundo trimestre de 2021, a proporção de domicílios sem renda de trabalho chegou a 28,5%. Isso significa que quase 3 em 10 domicílios estão em residências sem dinheiro obtido por meio de atividades profissionais.

O sustento dessas pessoas vem de aposentadorias, pensões e programas sociais, como o auxílio emergencial. 

Antes da pandemia, no quarto trimestre de 2019, a proporção era de 23,54%, o equivalente a 36,5 milhões de pessoas. Ou seja, o número de brasileiros que entraram nesta situação foi de 9,5 milhões de pessoas.

A proporção de famílias sem renda do trabalho foi de 31,56% no segundo trimestre de 2020. Ainda, o rendimento habitual médio dos trabalhadores ocupados apresentou uma queda de 6,6% no segundo trimestre de 2021, em comparação ao mesmo período de 2020.

Já a renda efetiva subiu em 0,9% no segundo trimestre de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado. Por: Isabela Alves Fonte: Folha de São Paulo Créditos: Observatório do Terceiro Setor

domingo, 3 de outubro de 2021

5 milhões de hectares foram desmatadas no Pantanal

 Em 1988, o total do campo alagado no Pantanal chegava a 5,8 milhões de hectares. Em 2018, a área alagada havia diminuído 29%, indo para 4,1 milhões de hectares, segundo o MapBiomas, rede brasileira de dados e mapas. Em 2020, o valor foi de 1,5 milhão de hectares, o menor nos últimos 36 anos.

Somente a agricultura e a pecuária desmataram quase 5 milhões de hectares de mata nativa, conforme os dados do MapBiomas.

Em razão das grandes variações de inundações no bioma, o problema pode ser muito mais grave, segundo diz o coordenador dos estudos do MapBiomas no Pantanal, Eduardo Reis Rosa.

“A gente identificou nesses 36 anos de análise: o Pantanal ainda tem 84% do bioma preservado, com sua vegetação nativa com áreas de campestre, formação florestal, formação savânica. Já na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, apenas 43% do planalto é de área natural, com área de vegetação natural, o restante é de pastagem e agricultura”, detalha o pesquisador.

O pesquisador destaca que a perda significativa na área de planalto para a agricultura e pecuária faz com que os rios no Pantanal recebam sedimentos gerados pela pastagem.

Diante deste cenário, é extremamente necessária a adoção de técnicas de conservação e de manejo de solo. “Conservar as nascentes e os rios pantaneiros, de forma única, é a saída viável”, finaliza o pesquisador. Fonte: g1. Por Maria Fernanda Garcia. Foto: EBC. Créditos: Observatório do Terceiro Setor

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Prevent Senior obrigou médicos a receitar ‘kit covid, diz advogada de médicos

 

 RBA-A Prevent Senior é investigada por fraudar prontuários de pacientes que morreram de covid-19 e receberam o chamado “kit covid”, com medicamentos sem eficácia. De acordo com a denúncia, pacientes foram cobaias de um estudo sem autorização para testar a eficiência dos medicamentos.

Em seu depoimento na CPI, a advogada Bruna Morato também contou que foi procurada por pacientes, ainda neste ano, e os inúmeros relatos confirmaram as versões passadas pelos médicos. Na semana passada, o diretor da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior, disse que havia consentimento dos pacientes e que a autonomia média era respeitada. A advogada, entretanto, desmente.

“Os pacientes davam o ok sobre o tratamento, mas não sabiam que seriam cobaias. Eles só sabiam que receberiam algum medicamento, mas o hospital não detalhava os riscos. Quando os pacientes retiravam os medicamentos ainda no hospital, eles assinavam um documento sem saber que era um termo de consentimento, pois era um termo era genérico”, afirmou a advogada.

De acordo com Bruna, a orientação na Prevent Senior para a prescrição do “kit covid” vinha da direção executiva. “É um protocolo institucional e os médicos não têm autonomia”, explicou. Ela acrescentou ainda que um dos diretores da Prevent, Felipe Calvaca, disse aos médicos que não era para informar os pacientes sobre o tratamento realizado. “A Prevent Senior tem hospitais próprios e por isso dava as orientações. É algo verticalizado.”

Ainda durante as perguntas do relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Bruna negou que os médicos da Prevent Senior tenham alterado uma tabela com número de mortes por Covid-19, em estudo realizado em hospital da rede – acusação feita pelo diretor Pedro Batista, na semana passada.

“Ele prestou uma informação equivocada sobre os nomes divulgados. Eu disponibilizei a tabela com o nome dos participantes e verifiquei os nove óbitos. Os nove mortos continuam falecidos. A CPI precisa investigar isso porque são pessoas que constam do Cadastro Nacional de Óbitos, mas ele disse que a paciente ainda está viva. Isso é uma situação atípica”, respondeu a advogada.

A representante dos médicos respondeu também sobre o caso específico do médico Anthony Wong, defensor do tratamento precoce, que morreu de covid-19, em janeiro, no hospital da Prevent Senior. Ela disse que teve acesso ao prontuário enviado pela própria operadora de saúde ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Bruna conta que, no prontuário, consta que Wong fez uso de hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina e colchicina. “Ele ficou internado numa unidade para pacientes cardiológicos, mas com covid-19. Ou seja, ele estava com pacientes com outras comorbidades. Ele passou por tratamentos com medicamentos do kit covid”, afirmou. Por Felipe Mascari/RBA. Créditos: Rede Brasil Atual

sábado, 25 de setembro de 2021

Infração é a maior em 27 anos

 O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), “prévia” da inflação oficial, atingiu 1,14% em setembro, maior taxa para o mês desde 1994. Agora, o IPCA-15 soma 7,02% no ano e 10,05% em 12 meses. Com esses números a inflação é a mais alta desde o lançamento do do Plano Real, à 27 anos atrás. 

O IBGE, que divulgou os dados na sexta-feira (24), apurou alta em oito dos nove grupos pesquisados. Destaque, mais uma vez, para os preços dos combustíveis. Apenas a gasolina subiu 2,85% neste mês e acumula 39,05% em um ano. O custo com energia elétrica também subiu em setembro (3,61%). E deve continuar subindo, com a crise hídrica. Preocupado, o presidente da República sugeriu que todos tomem banho frio e usem escadas em vez de elevador.

 O preço da alimentação e bebidas subiu 1,27% em setembro, com influência, principalmente, dos gastos no domicílio, que subiram 1,51%. O preço das carnes, por exemplo, teve alta de 1,10% – e representou impacto de 0,03 ponto no resultado geral. O IBGE apurou aumento de batata inglesa (10,41%), café moído  (7,80%), frango em pedaços (4,70%), frutas (2,81%) e leite longa vida (2,01%), entre outros itens. Caíram os preços de arroz (-1,03%) e cebola (-7,51%).

Comer fora também ficou mais caro. A alimentação fora do domicílio teve alta de 0,69, quase o dobro de agosto (0,35%). O preço da refeição disparou, de 0,10% para 1,31%. Já o lanche subiu menos (de 0,75% para 0,46%).

Com alta de 2,22% neste mês, o grupo Transportes teve influência dos combustíveis, que subiram 3%, ainda mais do que em agosto (2,02%). A gasolina (2,85%) representou impacto de 0,17 ponto percentual no índice total. Também aumentaram os preços do etanol (4,55%), gás veicular (2,04%) e óleo diesel (1,63%). Os veículos próprios subiram 1,19%.

Segundo o IBGE, automóveis novos (1,70%), usados (1,34%) e motocicletas (1,04%) permaneceram em alta e responderam por 0,08 ponto. Produtos relacionados a esses itens também subiram, casos do seguro de veículo (3,08%), óleo lubrificante (2,37%), pneu (1,88%) e conserto de automóveis (0,81%).

Ainda nesse grupo, as passagens aéreas, que haviam caído 10,90% em agosto, subiram 28,76%. A tarifa de ônibus intermunicipal teve elevação de 0,40%, com reajustes aplicados em Salvador e Fortaleza. Mais altas: aluguel de veículo: 4,63% e transporte por aplicativo (4%).

Em Habitação, além da energia (que respondeu por 0,17 ponto percentual), houve redução na taxa da água e agosto (-0,08%), “consequência da mudança na metodologia de cobrança das tarifas em Belo Horizonte”. Mas houve reajustes em Recife e Porto Alegre. Já o gás encanado subiu 2,20%, com aumentos no Rio de Janeiro e em Curitiba.

Entre as áreas pesquisadas, o IPCA-15 variou de 0,58% (região metropolitana de Fortaleza) a 1,58% (Grande Curitiba). Em 12 meses, a taxa média vai de 8,75% (Rio de Janeiro) a 12,61% (Curitiba). Também aparece com dois dígitos em Fortaleza (11,49%), Porto Alegre (11,37%), Belém (10,90%), Goiânia (10,48%), Recife (10,37%) e Belo Horizonte (10,06%). Na região metropolitana de São Paulo, soma 2,86% no mês e 9,39%.

Os resultados da inflação medida pelo IPCA e INPC deste mês serão conhecidos em 8 de outubro. Na próxima quinta-feira (30), o IBGE divulga novos resultados sobre a situação do desemprego no país, que tem batido recordes no atual governo. Por Vitor Nuzzi/RBA. Créditos: Rede Brasil Atual

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Brasil registrou 12,9 mil suicídios em 2020

 De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é líder mundial em casos de ansiedade e está em 2º lugar no ranking de casos de depressão – uma doença que tem forte ligação com muitos casos de suicídio.

A média anual é de 12 mil mortes no Brasil em decorrência do suicídio.  No mundo são 800 mil pessoas se suicidam por ano. E 79% dos suicídios ocorrem em países de baixa e média renda, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS). 

Com o início da pandemia de Covid-19, muitas pessoas tiveram que lidar com o isolamento e com a solidão, o que levou especialistas a temerem um aumento dos transtornos mentais. No entanto, no primeiro ano de pandemia não foram registrados aumentos nem nos casos de transtornos mentais nem nos suicídios. 

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, divulgado em julho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 12.895 suicídios em 2020, uma média de 35 casos por dia. A variação foi de 0,4% em relação a 2019, quando foram registrados 12.745 casos. 

Os estados que apresentaram maior número, repetindo o ano anterior, foram São Paulo, Minas Gerais e Porto Alegre. 

Apesar de os números terem permanecido estáveis, eles são altos e merecem atenção.

Durante a quarentena, houve um aumento na procura por tratamentos psicológicos em todo o país. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Google Trends, já no início da pandemia entre 29 de março e 4 de abril de 2020, a busca por atendimento psicológico no Google chegou a 88%.

A busca por serviços on-line também cresceu, chegando a 41%, enquanto na semana de maior popularidade do assunto, em 2019, a procura era de apenas 11%. Outra pesquisa, divulgada no Valor Econômico, apontou que 53% dos brasileiros relataram uma piora na sanidade mental durante a pandemia. Por Isabela Alves. Créditos: Observatório do Terceiro Setor