No Brasil, a taxa de mortalidade de pessoas com covid-19 intubadas em UTI chega a 65%. Isso significa que a cada 10 pessoas que necessitam de ventilação mecânica por complicações da infecção pelo novo coronavírus, seis acabam morrendo. Ou, mais precisamente: a cada 20, morrem 13. Os dados são do projeto
UTIs Brasileiras, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (
Amib), que reuniu informações sobre 1.289 Unidades de Terapia Intensiva de 617 hospitais públicos e privados do Brasil, entre 1º de março e 12 de agosto.
Os dados da Amib revelam um cenário trágico em meio a uma estabilização do número de internações pela covid-19. A situação é um pouco mais grave na rede pública, onde a mortalidade da infecção em UTI para pacientes intubados chega a 69,8%. Na rede privada, é de 62,1%. Já entre pacientes que não necessitam de intubação, a taxa de mortalidade geral é de 8,6% para covid-19 – mas chega a 16,4% na rede pública.
Essa diferença se dá principalmente por uma maior espera pelo leito de UTI na rede pública – que leva ao agravamento do caso – do que na rede privada, já que esta recebe menor demanda por atendimento. Em maio, o governo de São Paulo apontou para uma letalidade de 20% dos pacientes com covid-19 internados em UTI.
Os números mostram que, no período do levantamento, foram internadas 211 mil pessoas, das quais 40,1 mil tiveram diagnóstico confirmado para covid-19 e outras 62 mil tiveram diagnóstico de Síndrome da Angústia Respiratória Idiopática (Sari) – situação em que o agente causador do problema não foi identificado, podendo também ser covid-19. A mortalidade por Sari em pacientes intubados em UTI é a mesma: 65%.
O levantamento da Amib também revela que a quantidade de dias de internação de pacientes com covid-19 na UTI é um fator que aumenta o risco de morte. A média das internações foi de 18 dias, mas cerca de 15% dos pacientes chegaram a superar os 30 dias de internação. Nesses casos, a letalidade geral chegou a 34,1% – indo a 49,2% na rede pública.
Além disso, houve necessidade de uso de medicamentos anticoagulantes em 34,6% dos pacientes com covid-19 em UTI. E suporte para o funcionamento dos rins em 15,3%. Pacientes com covid-19 que necessitaram de hemodiálise tiveram agravamento ainda maior do quadro, com a mortalidade em UTI chegando a 72,6%.
O perfil dos internados mostra que quase 60% dos pacientes com covid-19 em UTI eram idosos. E 35,8% deles tinham comorbidades. Os homens são a maioria dos que necessitam de cuidados intensivos: 59% dos pacientes eram do sexo masculino. Po Rodrigo Gomes, da RBA.
Créditos: Rede Brasil Atual