Grande a expectativa pelo discurso que o Papa Francisco fará esta segunda-feira (09/01) aos membros do Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé. Atualmente o Vaticano mantém relações diplomáticas com 181 países.
Sobre o papel do Papa em favor da paz e o compromisso da diplomacia vaticana pelo diálogo entre os povos, a Rádio Vaticano entrevistou o Prof. Agostino Giovagnoli, docente de história Contemporânea na Universidade Católica de Milão:
“A voz do Papa sobre as maiores questões internacionais é cada vez mais ouvida; talvez - não apesar – não tenha um poder político a exercer, mas também – e sobretudo – graças a isto: o fato de ser simplesmente um líder moral, mas também o representante de uma fé muito difundida em todo o mundo. E também porque a Igreja Católica, e em particular os Sumos Pontífices, no decorrer do século XX e também no atual, sempre deram mais atenção aos problemas da paz e aos problemas de todo o mundo, para além de uma visão especificamente confessional. E isto torna a voz do Papa uma das pouquíssimas vozes com uma projeção global e uma atenção tão intensa ao problema da paz”.
RV: Além da voz do Papa, existe também uma ação concreta que a Santa Sé expressou, também em 2016: pensemos no restabelecimento das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba; à reconciliação na Colômbia; aos esforços pela pacificação da Venezuela. Portanto, existe também este elemento muito concreto...
“O Papa Francisco tem um interesse e um empenho muito ativo pelo tema da paz, também nas muitas situações concretas em que se está desenvolvendo, aquela que ele define como uma espécie de “Terceira Guerra Mundial em pedaços”. Deste ponto de vista, é necessário constatar uma certa crescente solidão do Papa como voz de paz. O Papa falou recentemente no Consistório de um “vírus de inimizade”. Enquanto no ano passado havia falado ao Corpo Diplomático do problema da indiferença, como de um “grave mal de nosso tempo”, tocar o tema da inimizade significa constatar quase um agravamento que talvez exista no mundo atual, que torna a guerra alguma coisa de sempre mais habitual e aceita. Não obstante isto, o Papa Francisco está decididamente contra a corrente e por isto as suas palavras tornam-se ainda mais importantes”.
RV: Na sua opinião, existe algum elemento específico do Francisco que se coloca, obviamente, sempre na esteira dos grandes Papas, pela paz, porém com algum elemento novo, alguma renovação de conteúdos?
“Certamente os traços originais deste Pontificado não são poucos, e também nesta questão. Eu diria que em Francisco existe uma sensibilidade particular do ponto de vista dos povos – se posso assim dizer – isto é, daqueles que são, em qualquer lugar do mundo – sofredores pela guerra: da América Latina ao Oriente Médio, à Ucrânia e aos outros lugares aos quais ele dirige seguidamente sua atenção. Isto é particularmente adaptado ao tempo em que vivemos, que é um tempo de esfriamento dos grandes planos internacionais e das grandes organizações internacionais e em que, aquilo que conta, é a capacidade de uma iniciativa, presente nas situações de crise e atenta em colher as grandes questões, como por exemplo, a das migrações internacionais, que são também elas, de qualquer maneira, ligadas ao tema da paz. Assim, é um Papa que sabe ler o mundo pós-moderno, se assim posso dizer”. (AG/JE).
Créditos: Rádio Vaticana
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores.