domingo, 6 de janeiro de 2013

Osteoporose não está ligada somente ao envelhecimento


Caracterizada pela degradação e redução da estrutura óssea, a osteoporose está atrelada a uma série de fatores e não apenas à hereditariedade, ao envelhecimento e à perda natural das células que formam o esqueleto. O estilo de vida adotado na adolescência e na fase adulta também tem importância fundamental, pois pode tanto propiciar como prevenir ou retardar o aparecimento da doença, que já atinge 10 milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde.

Isso acontece porque o pico de formação dos ossos é atingido entre a adolescência e os 35 anos de idade, como explica o ortopedista Fernando Moisés José Pedro, gerente-médico do Hospital Alvorada. Por esse motivo, a constituição de uma estrutura forte nessa fase é essencial para sua adequada manutenção no futuro. "Um aumento de 10% no índice de massa óssea nos jovens diminui em 50% o risco de fratura por osteoporose na vida adulta", declara.

O reumatologista Roberto Heymann, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que para conquistar um esqueleto "reforçado", o tabagismo e a ingestão excessiva de café e bebidas alcoólicas devem ser evitados ou mesmo eliminados. O sedentarismo, o consumo insuficiente de alimentos fontes de cálcio e vitamina D e a baixa exposição solar são outros hábitos de risco.
 
Influências hormonais


As mulheres devem ter uma preocupação ainda maior, pois constituem as vítimas mais numerosas da doença. "A osteoporose é mais comum no sexo feminino por dois motivos: entre elas, os ossos são mais leves e finos. Além disso, na menopausa ocorre uma deficiência do hormônio estrogênio, que tem influência direta nas células ósseas", esclarece Pedro.

Heymann acrescenta que 30% das mulheres saudáveis desenvolvem o problema ao cessarem seus ciclos menstruais. Aquelas que foram submetidas à cirurgia de remoção de ovários e não fizeram reposição de estrógenos e as que iniciaram tardiamente seus ciclos menstruais também são alvos da doença, segundo o especialista.

A osteoporose também atinge o sexo masculino, embora numa proporção menor. O gerente-médico do Hospital Alvorada explica que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), acima dos 50 anos, 30% das mulheres são acometidas pela doença, enquanto entre os homens a proporção é de 10%.

Eles são menos suscetíveis por terem ossos mais fortes e largos, mas a combinação da perda de elementos minerais com a baixa produção de testosterona, a manutenção de hábitos não saudáveis e a presença de antecedentes na família com a doença pode acelerar a deterioração da massa óssea.
 
Doenças preexistentes
  
Além dos fatores mencionados acima, o problema pode se manifestar como consequência de outras doenças, como informa Heymann. Hiperparatireoidismo, linfoma, leucemia, mieloma múltiplo, artrite reumatoide, sarcoidose e doença de Cushing são alguns exemplos desses casos.

Alguns medicamentos utilizados por longo prazo podem ter o mesmo efeito. "A National Osteoporosis Foundation (instituição norte-americana dedicada à prevenção da doença) cita entre os fatores de risco o uso de glicocorticoides via oral, um grupo de fármacos utilizados como imunossupressores e anti-inflamatórios", pontua Pedro.
 
Diagnóstico precoce

A densitometria óssea é o método mais indicado para diagnosticar a doença, inclusive precocemente. "O exame deve ser feito por mulheres que estão entrando na fase de menopausa, homens acima de 65 anos e indivíduos de qualquer idade expostos aos fatores de risco", esclarece o especialista da Unifesp.

Sua realização é fundamental, pois a patologia é assintomática. Ou seja, não há qualquer indício que aponte sua existência além da ocorrência das próprias fraturas, sua principal consequência. "Elas podem ocorrer por traumas mínimos ou mesmo sem relação a trauma algum", fala o reumatologista. Redução de altura e aumento da curvatura dorsal (corcunda) são outros indícios importantes.

Entre as fraturas mais frequentes, Heymann menciona as das vértebras das colunas dorsal e lombar, a do colo do fêmur e a do antebraço. "A do fêmur é a mais grave, pois além de causar dor intensa, demanda um procedimento cirúrgico para colocação de prótese", esclarece.
  
Os tratamentos baseiam-se na prescrição de medicamentos para aumentar a resistência dos ossos sem, no entanto, recuperar a massa óssea perdida ou curar a doença. "Independente do tratamento medicamentoso escolhido, todos os portadores devem ter uma ingestão adequada de cálcio e vitamina D", reforça.
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