Não são apenas as erupções vulcânicas poderosas, mas até mesmo as erupções pequenas, retardam o processo de aquecimento global, anunciaram os cientistas do Laboratório Nacional de Livermole nos EUA.
Isso terá de ser tido em consideração numa modelagem mais precisa do clima terrestre. Contudo, mesmo o modelo aprimorado continua a ter demasiadas incógnitas. Essa conclusão foi o resultado de uma estatística rigorosa das alterações climáticas ao longo de várias décadas. Foi assinalado que de 1970 a 1998 o aquecimento se dava a um ritmo de 0,17 graus Celsius por cada 10 anos. Mas de 1998 a 2012, e contrariando os cálculos prévios, o seu ritmo abrandou significativamente – até aos 0,04 graus por década.
Os cientistas supõem que esse paradoxo climático esteja associado de alguma forma à atividade vulcânica. Os cientistas já conhecem há muito tempo a sua influência sobre o clima. Durante as erupções as partículas de poeiras são transportadas para as camadas altas da atmosfera, mas o principal são os compostos de enxofre. O climatologista Alexander Ginzburg explica:
“Os compostos sulfurados se transformam em gotículas de solução de ácido sulfúrico ou sulfuroso. Essas gotículas funcionam como uma camada de nuvens adicional que reflete a luz solar. O resultado é que a superfície terrestre recebe menos luz e o efeito estufa resulta em um aquecimento menor do que seria se essa camada refletora na estratosfera não existisse. Assim, as erupções dos vulcões criam uma espécie de “efeito antiestufa.”
Assim, depois da erupção do vulcão Krakatoa na Indonésia em 1883, muitas regiões do globo resfiaram e houve grandes nevascas. Esse fenômeno durou quatro anos. Temos um exemplo mais recente: em 1991 o vulcão Pinatubo, nas Filipinas, reduziu as temperaturas médias globais durante três anos.
Contudo os ritmos do aquecimento ainda eram mais elevados que no período seguinte, entre 1998 e 2012, quando não houve quaisquer descargas vulcânicas fortes. Entretanto, durante o mesmo período, houve 17 erupções de força média. Quando os cientistas introduziram a sua componente ácida nos cálculos, tudo começou fazendo sentido. Graças ao fator vulcânico conseguiu se reduzir a diferença entre a teoria e os ritmos reais do aquecimento.
Na história da Terra houve épocas inteiras em que o clima se alterou sobretudo devido à ação dos vulcões, explica o geofísico Viktor Bokov:
“Se eles forem muito ativos, então o resfriamento será grande. Há 60 mil anos os vulcões expeliram muitas cinzas. Todo o planeta estava coberto com cinzas e se iniciou mais um resfriamento. Isso é visível nas análises feitas às amostras de solos recolhidas a grande profundidade. Nessa altura foi descoberta uma camada de cinzas.”
O trabalho dos investigadores norte-americanos esclarece que para influenciar o clima, as erupções devem ser frequentes, mesmo que fracas, porque isso provoca a presença de compostos sulfurosos na atmosfera. As nuvens ácidas demoram muito tempo a se decompor e reduzem o aquecimento.
Contudo os vulcões apenas explicam uma parte do “paradoxo climático” que é os ritmos do aquecimento serem inferiores aos previstos em teoria. Os cientistas de Livermore pensam que também se deve considerar a prolongada baixa atividade solar, assim como a subida dos níveis dos oceanos provocar um aumento na absorção do calor atmosférico.
Só que ainda não é possível incorporar todos esses aspetos no modelo climático por haver muitas incógnitas. Por outro lado, apesar de o papel dos vulcões nesse modelo se ter tornado mais perceptível, isso ainda não permite elaborar previsões do clima a longo prazo, porque a humanidade ainda não aprendeu a prever as erupções vulcânicas. Por Boris Pavlischev
Créditos: Voz da Russia
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