A atuação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na quarta-feira (19), como arrecadador informal de doações empresariais na campanha eleitoral de 2014 envolve o risco de afetar o presidente Michel Temer. Mesmo sem papel formal na sigla, Cunha mantinha relações próximas com o setor privado e direcionava transferências para o comando de seu partido. Presidente do PMDB na ocasião, Temer compartilhava responsabilidades financeiras com a tesouraria da legenda, assinando documentações e transferências bancárias.
Auxiliares do Palácio do Planalto reconhecem a possibilidade de que uma delação premiada negociada por Cunha resvale nessa função de Temer, então candidato à reeleição como vice na chapa de Dilma Rousseff. Seus principais aliados ressaltam que ele jamais tomou conhecimento de qualquer ilegalidade na arrecadação e que todas as doações empresariais que Cunha direcionava para o partido foram registradas na Justiça Eleitoral. O Planalto reconhece, por outro lado, que uma delação que indique que o dinheiro teve origem em negociações ilícitas ligadas ao petrolão criaria um constrangimento político ao presidente da República, que sempre negou envolvimento com o esquema do qual expoentes do PT são acusados de participar.
Na sede do governo, a potencial delação premiada após a prisão é vista como uma saída provável para Cunha. Aliados de Temer acreditam que esse risco passou a ser uma das únicas fontes de poder do ex-deputado, que viu sua influência ser esvaziada ao longo do processo que levou a sua cassação no plenário da Câmara, em setembro, por 450 votos a 10. Alguns de seus antigos aliados que o abandonaram ao longo do processo circularam nesta quarta-feira pelo Palácio do Planalto. Todos classificaram a probabilidade de delação como alta, mas levantaram dúvidas de que ele terá sucesso nas negociações com a procuradoria. (Fonte: Época).
Créditos: Focando a Notícia
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