Em seminário promovido na Casa de Portugal, em São Paulo (SP), a presidenta eleita do Brasil,Dilma Rousseff, e a ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, debateram na noite desta sexta (9) sobre o tema “A luta política na América Latina hoje”. Organizado pela Fundação Perseu Abramo (FPA), o evento, que abriu o seminário “Nossa America Nuestra”, atraiu centenas de pessoas. A bancada foi formada apenas por mulheres. Além de Dilma e Cristina, havia a presença da secretária de Relações Internacionais do PT, Mônica Valente, e da vice-presidenta da FPA,Iola Ilíada.
"Hoje é uma mesa feminina e feminista”, conclamou Dilma, para aplausos da plateia que lotava a Casa de Portugal. Logo depois, a presidenta eleita, e destituída por conchavos políticos comandados pelo golpista Michel Temer, criticou o crescimento atual do neoliberalismo na América Latina após uma sequência de governos populares e democráticos.
Ela também destacou a distribuição de renda promovida pelos governos dela e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e apontou para o futuro da luta política da esquerda no Brasil.
“Numa primeira etapa, nós atacamos o problema da distribuição de renda. Mas não conseguimos combater a concentração de riqueza em nosso País, que seria uma segunda etapa. Esse seria, e será, o nosso próximo objetivo”.
Dilma lembrou que, em seu governo e de Lula, houve a política de valorização do salário mínimo, o acesso a casa própria para milhões de brasileiros, além da valorização de ações educacionais, como a lei de cotas, o Prouni, o Fies, a formação técnica, entre outras medidas.
Sobre o seu processo de impeachment, Dilma afirmou que o início da crise se deu após sua reeleição. Seus adversários, explicou a presidenta eleita, não aceitaram os resultados democráticos das urnas e pediram a recontagem de votos e o seu não empossamento.
Após tomar posse, porém, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se tornou presidente da Câmara dos Deputados, a quem define como “neoliberal na economia e conservador nos direitos civis”. “Mas se fosse só o Cunha o problema, estava bom, estava ótimo… O grande problema era o grupo de apoio ao Cunha”, afirmou a presidenta.
Para ela, um dos objetivos principais do golpe é completar o trabalho que foi deixado interrompido pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Ele não conseguiu privatizar a Petrobras, a Eletrobras, e ‘virar a página do Getúlio’, ou seja, acabar com os direitos trabalhistas”. Dilma elogiou a luta dos estudantes secundaristas, que tomaram centenas de centros educacionais pelo Brasil para combater as medidas contra a educação de Temer.
“Jovens ocupam escolas, para lutar por seus direitos, e são tratados com dureza e repressão. Mas quando um grupo invade o Congresso para pedir a volta da ditadura militar, é tratado com brandura”. Por fim, a líder petista criticou fortemente diversas medidas do governo Temer, como a PEC 55, a reforma da Previdência, e a indicação de retiradas de direitos trabalhistas.
Ela também sentenciou quais são as duas medidas emergenciais para trazer o País de volta à normalidade democrática: “Eleições diretas e reforma política”.
Créditos: Agencia PT
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