A estrela mais antiga do Universo é três vezes mais velha do que o Sol, e apenas algumas centenas de milhões de anos mais jovem do que o Universo. A idade do corpo celeste é de mais de treze bilhões de anos. A essa descoberta chegaram cientistas australianos que conseguiram encontrar a estrela depois de onze anos de observação. Esta pesquisa ajudará os cientistas a entender melhor os processos que ocorrem no Universo.
A estrela mais antiga das conhecidas hoje foi descoberta relativamente perto da Terra – a seis mil anos-luz. Mas o principal nesta descoberta não é nem mesmo a idade do corpo celeste, mas a sua composição. Usando análise espectral, os astrônomos descobriram que a estrela contém poucos metais pesados – dez milhões de vezes menos do que o Sol. Isso permite atribuir o corpo celeste a uma das primeiras gerações de estrelas, diz o astrofísico Vladimir Lipunov:
“Sucede que o Universo passou por várias fases de evolução. Inicialmente, nele não havia elementos mais pesados do que oxigênio, carbono e azoto. Observando esta estrela, as pessoas descobriram que ela contém quantidades incrivelmente baixas de ferro. Isto significa que a expansão do Universo e sua evolução química andam de mãos dadas. Vemos uma clara evidência do fato de que o Universo jovem era quimicamente mais leve.”
Os metais pesados foram sintetizados em estrelas de primeira geração. Esses corpos celestes eram muito grandes e viviam pouco. E explodindo, davam origem a novas estrelas, já enriquecidas com ferro. São justamente elas que se estão tornando agora objeto de busca e estudo de astrônomos, diz o astrônomo Dmitri Vibe:
“Já há várias décadas, os cientistas estão tentando encontrar estrelas que foram criadas desta matéria primordial. São estrelas que consistem apenas de hidrogênio e hélio. No entanto, todas as tentativas de encontrá-las têm fracassado até agora. Por isso, em geral, todos os esforços estão focados em encontrar estrelas que contenham muito menos elementos pesados. E neste respeito, os cientistas australianos estabeleceram um novo recorde. Não é uma estrela primordial mas é a estrela mais antiga que conseguimos encontrar.”
Os cientistas australianos levaram 11 anos em busca da estrela. Afinal de contas, tais estrelas únicas que quase não têm metais pesados só há algumas. Segundo o chefe do grupo de pesquisa, o Dr. Stephen Keller, tais estrelas só existem uma em sessenta milhões. E elas são muito difíceis de encontrar, diz Vladimir Lipunov:
“O raio da galáxia é de cerca de 50.000 anos-luz. Não há dúvida de que na nossa galáxia existem bilhões de estrelas. Mas para medir todos os parâmetros é necessário um trabalho longo e meticuloso. Estrelas de diferentes idades na galáxia estão todas misturadas, a formação de estrelas levou bilhões de anos. Não se trata de simplesmente olhar as estrelas uma após outra, mas de um estudo científico espectral detalhado, e isso leva tempo. Simplesmente apontar e apanhar uma estrela antiga é muito difícil.”
Nos próximos cinco anos, os cientistas australianos pretendem estudar completamente o céu do hemisfério sul e criar seu mapa digital. Além disso, eles vão continuar a procurar estrelas ainda mais antigas com um teor de metais ainda menor. Isso irá ajudar os astrônomos a entender como eram as primeiras estrelas, e descobrir novas informações sobre as etapas de desenvolvimento do Universo, escondidas até mesmo dos maiores telescópios. Foto: AFP. Por Maria Balyabina
Créditos: Voz da Russia
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