Mas era exatamente isto que as pessoas acreditavam antes do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando e de sua esposa dele por um extremista sérvio em junho de 1914.
Atualmente, existem no mundo alguns focos de conflito: a Europa e a Rússia vivem um momento de tensão devido à situação na Ucrânia, e a China e o Japão também discutem a posse de algumas ilhas no Mar do Leste da China.
Em tempos como estes, há dois riscos específicos. O primeiro é que países menores possam arrastar os maiores para conflitos.
Em 1914, após o assassinato do arquiduque, Rússia, França e Grã-Bretanha se envolveram com o lado sérvio, enquanto a Alemanha apoiou a Áustria.
O segundo risco é que os governos fiquem tentados a acreditar que podem iniciar guerras limitadas e bem-sucedidas que vão acabar rapidamente. Geralmente eles estão errados.
Nos dias de hoje presumimos que nosso mundo globalizado está conectado demais para que uma guerra mais ampla aconteça. Talvez, mas em 1910, um homem chamado Norman Angell também pensava assim.
Angell escreveu o livro A Grande Ilusão para provar que a guerra seria uma loucura, devido aos laços comerciais existentes entre as grandes potências na época.
O livro foi um grande sucesso mas, apesar de Angell estar certo em sua percepção de que um conflito seria insano e de ter recebido o Prêmio Nobel da Paz 22 anos depois, a guerra aconteceu de qualquer jeito.
No entanto as coisas mudaram muito em cem anos. Não importa o que possa parecer, nosso mundo é menos perigoso, e a tendência à guerra é menor do que era.
A ameaça de um conflito nuclear generalizado também não existe mais.
No momento, existem mais de 30 guerras em andamento no mundo. Mas elas tiram menos vidas humanas do que antes.
Entre 1950, quando a Guerra da Coreia começou, e 2007, quando o número de mortes na Guerra do Iraque finalmente começou a cair, ocorriam algo perto de 148 mil mortes por ano devido a guerras.
De 2008 a 2012 este número caiu de forma dramática, para 28 mil por ano. E poderá ser ainda menor em 2014.
Ao analisar os números de uma forma um pouco diferente, vemos que nos 14 anos do século 21, até o momento, o número médio de mortes em guerras foi de 55 mil - apesar de sempre haver uma polêmica cercando estes números, principalmente no que diz respeito ao número preciso de pessoas que morreram no Iraque depois da ofensiva americana e britânica no país.
Mas este número é a metade do que foi registrado na década de 1990 e um terço do número de mortes que ocorreram durante a Guerra Fria.
Teremos uma guerra mundial em um futuro próximo?
Não podemos saber mais do que Norman Angell sabia em 1910 quando lançou seu livro. Mas, desta vez, com certeza, é mais seguro esperar que não teremos.
Por John Simpson Editor Internacional, BBC News
Créditos; BBC Brasil
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