Caracterizado por uma repetição de ações que buscam constranger ou intimidar um funcionário, o assédio moral é um mal silencioso: hoje, pouco se fala, ainda, sobre sua existência, embora inúmeros trabalhadores passem diariamente por situações deste tipo. Esses casos, no entanto, merecem atenção – caso o trabalhador não enfrente e denuncie aquele que o tem constrangido, a situação pode causar graves comprometimentos psicológicos, gerando inclusive inúmeras doenças.
Embora o Tribunal Superior do Trabalho (TST) tenha registrado pouco mais de mil processos de assédio no ambiente de trabalho em 2014, uma pesquisa do site Vagas, divulgada em junho deste ano, revelou que esses números ainda estão distantes da realidade: dos cinco mil profissionais entrevistados em todo país, 52% afirmam já ter sofrido algum tipo de abuso, moral ou sexual, mas apenas 12% denunciaram.
Ainda segundo a pesquisa, 47% dos entrevistados revelaram ter sido alvo de assédio moral e quase 10% de assédio sexual. Em ambas as situações, as mulheres são as vítimas mais comuns: elas correspondem a 52% dos casos de assédio moral e a 80% de assédio sexual.
O assédio sexual, por exemplo, pode acontecer entre pessoas que ocupam o a mesma posição hierárquica. Independente das relações de poder, a empresa é responsabilizada pelos danos sofridos pela vítima”, explica Leone Pereira, coordenador pedagógico da Área Trabalhista na Damásio Educacional.
De acordo com ele, a principal dificuldade de se lidar com o assédio moral é que muitas vezes ele é feito de uma forma tão sutil que é difícil para o trabalhador identificar. “Mas se você chega para trabalhar e o seu chefe não te cumprimenta, tira o seu acesso do computador e não tira de outras pessoas, te trata com rigor excessivo, isso tudo pode ser caracterizado como assédio moral”, argumenta. É preciso, no entanto, saber que cada situação difere da outra e que é preciso uma análise atenta de cada caso para que se considere realmente como assédio moral.
A técnica em odontologia Maria Helena de Araújo Pinheiro, por exemplo, após passar por uma situação de assédio moral no local onde trabalhava, desenvolveu um quadro de depressão. Segundo ela, o que ocorria era o seguinte: a esposa do dono da clínica em que trabalhava começou a persegui-la, dificultando seu trabalho e transformando o clima do ambiente em um verdadeiro ‘inferno’. “Ela mudava meu horário de almoço a torto e a direito, mandava eu fazer coisas que não eram minha função, reclamava por conta de tudo que acontecia”, conta.
O caso chegou a ficar tão sério que teve que ser levado à delegacia para o registro de um BO (boletim de ocorrência) após uma grave discussão. Depois disso, Helena tirou licença pelo INSS devido à sua condição psicológica. “Eu saí chorando de raiva”, pontua. Hoje, ela se prepara para entrar com um processo na Justiça.(Rafaela Gambarra).
Créditos: Focando a Notícia
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