Menos de quatro horas após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciar seu rompimento com o governo, ele já deu início às suas investidas contra o Executivo. Cunha afirmou que embora estivesse deixando a base aliada, atuaria no cargo de forma institucional, dando a entender que teria uma posição imparcial.
Mas os sinais de vingança ficaram explícitos com a confirmação, pela mesa diretora da Câmara, no final da tarde de ontem (17), da assinatura de documentos que possibilitam a instalação de duas comissões parlamentares de inquérito (CPIs): a do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a dos Fundos de Pensão. Ambas são consideradas negativas para o governo, num período de crise de governabilidade, e vinham sendo alvo de articulações por parte da base aliada para que fossem evitadas neste momento.
No caso da CPI do BNDES, Cunha já autorizou a instalação, uma vez que foram apresentados outros trâmites para sua criação anteriormente. A comissão terá como objetivo investigar as linhas de crédito autorizadas pelo banco nos últimos anos – depois de críticas diversas feitas pelo PSDB e outras legendas oposicionistas sobre a administração do órgão. Já em relação à dos Fundos de Pensão, o deputado apenas deferiu o requerimento que pede a instalação da CPI, devendo ainda, este requerimento passar por alguns ritos regimentais que levarão à criação.
Mesmo assim, a posição do parlamentar deixa poucas chances para esta segunda comissão não ser instalada, uma vez que para permitir o seu funcionamento – já que existe um número limitado de CPIs na Casa – o presidente rejeitou pedidos de requerimento para a criação de outras quatro comissões: do setor elétrico, de mulheres em situação de violência, de desabastecimento d'água e de telefonia.
Sem falar que a CPI dos fundos de pensão tem sido uma investida cobrada nas últimas semanas, também por senadores diversos. Até lá, Cunha vai aguardar o encerramento da CPI do sistema carcerário, para que haja espaço para a instalação da CPI dos fundos de pensão.
Antes de concluir o expediente, uma vez que o Congresso só passará a ter atividades legislativas efetivas a partir de 6 de agosto (quando acabará o recesso), Eduardo Cunha também autorizou a criação das CPI dos crimes cibernéticos e da CPI dos maus-tratos a animais.
Entre os parlamentares que ainda repercutem os acontecimentos deste dia tenso na capital do país, a avaliação é de que Cunha deixou clara, com a canetada, sua estratégia de partir para o ataque, conforme todo mundo esperava. “Não me engolem no Palácio do Planalto”, chegou a afirmar, durante entrevista coletiva nesta sexta-feira, quando anunciou a sua saída da base aliada do governo.
Créditos: Rede Brasil Atual
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