Com apenas cinco meses de vida, I.H., filho de um casal jordaniano, tem uma história revolucionária para a medicina reprodutiva. É o primeiro bebê que carrega genes herdados de três pessoas: do pai, da mãe e de uma doadora.
Controversa, a técnica de fertilização protegeu o menino de uma mutação genética responsável pela síndrome de Leigh, presente na mãe e responsável por quatro abortos anteriores. Segundo artigo divulgado pela equipe, liderada por John Zhang, do Centro de Fertilidade New Hope, nos Estados Unidos, a tecnologia se mostrou “inovadora na minimização da transmissão da falha genética”, e a criança “está indo bem”. Detalhes do procedimento serão apresentados, no próximo mês, no Congresso Científico da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, em Salt Lake City.
Essa forma de fertilização foi aprovada legalmente no Reino Unido, em feveveiro do ano passado. Os pais de I.H., porém, receberam o tratamento da equipe norte-americana na unidade da clínica em Guadalajara, no México. Em entrevista à revista New Scientist, John Zhang disse que, diferentemente dos EUA, não havia impedimento para aplicar os métodos no México. O especialista ressaltou estar convencido de que fez a melhor escolha. “Para salvar vidas, é a coisa ética a se fazer”, justificou. Especialistas ouvidos pela publicação avaliaram que o trabalho vai intensificar a discussão sobre a técnica e pode até acelerar a aprovação dela em outros países. “É revolucionário”, avaliou Dusko Ilic, do King’s College London, no Reino Unido.
Na técnica autorizada pelos britânicos, o óvulo da mãe e da doadora são fertilizados pelo esperma do pai. Os núcleos dos óvulos fertilizados são removidos antes que eles comecem a se dividir, a doadora recebe o material retirado da mãe e passa a geri-lo. O procedimento, porém, não pôde ser feito com o casal jordaniano porque, como são muçulmanos, não aceitam a destruição de embriões. A solução encontrada por John Zhang e equipe foi retirar o núcleo de um dos óvulos da mãe e inseri-lo no óvulo, com o núcleo já removido, da doadora.
A combinação resultante — com o DNA nuclear da mãe e o DNA mitocondrial da doadora — foi, então, fertilizada com o esperma do pai. A abordagem resultou na criação de cinco embriões, sendo que apenas um se desenvolveu normalmente e foi implantado na mãe da criança. “A transferência do embrião resultou em uma gravidez sem complicações, com a entrega de um menino saudável em 37 semanas de gestação”, escreveram os autores. Fonte: Correio Brasiliense.
Créditos: WSCOM
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