terça-feira, 6 de novembro de 2012

Seca, agricultor tem que pegar água até 60 quilômetros de suas casas


Animais mortos no Sertão
A escassez de água nas zonas rurais de municípios do Sertão da Paraíba já chegou ao ponto de agricultores terem que pegar água a até 60 quilômetros de suas casas. A situação está sendo vivida em zonas rurais do município de Catolé do Rocha (na região do Alto Sertão, distante 427 quilômetros de João Pessoa) e com uma população de 27,9 mil habitantes.
O destino das vítimas da seca é o açude de Baião, no município vininho de São José do Brejo do Cruz. A água domanancial é dividida com o Exércit, que também está indo buscar água para absatecimento através de carros pipas.  O açude Baião tem capacidade para armazenar 39 milhões e 226 mil metros cúbicos de água. Está com 19 milhões e 586 mil metros cúbicos. Ou seja, 49,9% de sua capacidade.
O veterinário chefe de Defesa Agropecuária do município de Catolé do Rocha, Ranisran Gomes, informou a água do rio Piranhas que abastece cidades da região polarizada pelo município, está com níveis muito baixos e imprópria para o uso. A estação de tratamento instalada no rio está fazendo o abastecimento somente da população da zona urbana das cidades.
A situação está levando os agricultores a resgatar os antigos carros de boi e as latas para carregar água, que servirá para os animais e para o uso doméstico. Eles alegam que a água distribuída pelos carros pipas do Exército é insuficiente e chega em dias alternados.
A situação da falta dágua penaliza principalmente os rebanhos que estão sendo dizimados. Ranisran Gomes calculou que estão morrendo cerca de 80 animais por mês por causa da falta de água e pasto na região de Catolé do Rocha que comprende 19 municípios.
No município de Itaporanga, no Vale do Piancó, também no Sertão do Estado, a previsão do secretário de Agricultura do município, Sebastião Rodrigues, é de que o açude que abastece a cidade, o Cachoeira dos Alves, que  possui capacidade para acumular 10 milhões e 611 mil metros cúbicos de água, está com 3 milhões 953 mil metros cúbicos. Ou seja, 37 % da capacidade. Ele calcula que o açude só possa continuar abastecendo a zona urbana do município até o fim deste ano. “Se não chover para acumular água no manancial, a cidade de Itaporanga pode sofrer um colapso no abastecimento já a partir do início do ano que vem”, disse.
Nos 19 municípios que compreendem o Vale do rio Piancó, já são cerca de 50 mil pessoas, principalmente das zonas rurais, dependendo do abastecimento feito pelos carros pipas do Exército. De acordo com o secretário, as necessidades mais urgentes para os agricultores são distribuição de ração para os rebanhos e a escavação de poços para garantir água nas comunidades.
De acordo com dados da Agência Estadual da Águas, quase 70 por cento dos açudes paraibanos monitorados estão com menos da metade de sua capacidade de armazenamento de água. Mais dois açudes ficaram abaixo dos 5%, aumentado para sete os mananciais que estão quase que completamente secos. Dois deles estão com capacidade chegando a zero.
A situação vem sendo considerada crítica principalmente naqueles reservatórios com menos de 20% de suas capacidades. O número de açudes monitorados nessa situação já chega a 28.
Com o prolongamento do período de estiagem, o percentual de armazenamento continua diminuindo. Açudes como o de Ouro Velho, no município do mesmo nome (localizado a 259 quilômetros de João Pessoa, na região do Cariri), que estava com 2,9% de sua capacidade em setembro, diminuiu para 1,7% em outubro, segundo dados da Aesa. Em Ouro Velho, o abastecimento d’água da população  de cerca de 2,9 mil habitantes está sendo feito através de carros pipas do Exército.
Dados fornecidos pela Aesa no mês passado notificavam cerca de 118 mil pessoas dependendo do abastecimento dágua através de carros pipas somente do Exército.
A situação da escassez de água deve continuar nos próximos meses. A previsão da meteorologista da Aesa, Marlene Bandeira, é de que somente em fevereiro devem ocorrer precipitações de chuvas suficientes para que os mananciais possam acumular água e aumentar a capacidade de armazenamento.
A previsão feita pela técnica traz outra preocupação. As chuvas, segundo ela, vão acontecer de fevereiro até maio e não até junho como acontece normalmente
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