terça-feira, 26 de março de 2013

Apropriação da água para fins privados provocou 115 conflitos em 2012 no Brasil

Apropriação da água para fins privados provocou 115 conflitos em 2012 no Brasil

 Em 2012, o Brasil registrou 115 conflitos por água em 19 estados, que envolveram ocupações, manifestações, disputas por mananciais e contaminação de rios e nascentes. Ao todo, 184.925 pessoas foram afetadas, de acordo com dados preliminares do relatório Conflitos no Campo Brasil, quer será publicado na íntegra pela Comissão Pastoral da Terra no próximo dia 22.
A maioria dos conflitos (79) tem como principais agentes mineradoras, fazendeiros e construtoras de barragens e hidrelétricas e foram motivados, especialmente, pela apropriação privada dos recursos hídricos, como explica o assessor nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Roberto Malvezzi. “A água que deveria ir para consumo humano ou para matar a sede de animais acaba indo para irrigar grandes propriedades.” Ao todo 158.920 pessoas foram afetadas, segundo a CPT.
Outros 36 conflitos tiveram como causa principal a seca. Foram, principalmente, manifestações, ocupações e fechamento de estradas, se estenderam por seis estados e afetaram 26.005 pessoas. “Há um problema da distribuição de água no semi-árido, onde ela fica muito concentrada nas grandes propriedades”, afirmou Malvezzi. “Além disso, os recursos hídricos são mal distribuídos geograficamente no país.”
O total de conflitos de 2012 é quase o dobro de 2011, quando foram registrados 68. Os dados vêm de pesquisas de campo e de informações divulgadas por veículos de comunicação. O levantamento sobre os usos da água no Brasil é monitorado pela Comissão Pastoral da Terra desde 2005 e compõe o relatório Conflitos no Campo Brasil, que é produzido desde 1985.
“Nosso principal objetivo é dar subsídio para políticas públicas e para ajudar a atuação dos movimentos sociais, para conseguirmos garantir que a água seja usada prioritariamente para consumo humano.”

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