terça-feira, 12 de janeiro de 2016

EUA: onze milhões de trabalhadores vivem abaixo da linha da pobreza

Em 1938, o então presidente estadunidense, Franklin D. Roosevelt, criou o salário mínimo, que foi fixado em 25 centavos de dólar por hora. "Um pagamento justo por uma jornada justa", destacava Roosevelt.
Desde então houve uma série de aumentos, até o salário mínimo ser elevado a US$ 5,15, e mais recentemente em 2007, seria aumentado para US$ 7,25 durante a presidência de George W. Bush.

Cifra completamente insuficiente para 70% dos americanos, que desde 2013 apoiam o aumento do salário mínimo para US$ 10,10 a hora. Mesmo que o presidente Obama tenha prometido em suas duas campanhas eleitorais aumentar o salário mínimo, ainda não o fez a nível nacional, em parte pelo rechaço e bloqueio dos republicanos no Congresso, que argumentam que o aumento salarial implicaria a perda de 500 mil postos de trabalho.

Certamente este será um dos temas importantes que estarão presentes nas próximas eleições presidenciais em 2016. Uma das possíveis candidatas, pelo Partido Democrata, Elisabeth Warren, senadora pelo estado de Massachusetts, é quem está tomando a dianteira neste tema, apoiada por forças do progressismo político e sindical como a AFL-CIO (Federação Estadunidense do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais). Warren assegura que "mesmo que o desemprego tenha caído 5,8%, para milhões de estadunidenses a economia não funciona".
Warren não se equivoca: 46 milhões de pessoas vivem na pobreza nos EUA; dentro desse número, 14,4 milhões são trabalhadores de meio período e 4,4 milhões trabalham em tempo integral.
De acordo com o Departamento de Saúde e Recursos Humanos dos Estados Unidos, uma pessoa está abaixo do nível da pobreza quando recebe US$ 11.170 por ano e US$ 23.050 para uma família de quatro pessoas.

Segundo estudos realizados pelo Pew Research Center, 20,6 milhões de trabalhadores (30% de todos os trabalhadores por hora do país) maiores de 18 anos se encontram na categoria dos que recebem salário mínimo. 50% têm 30 anos, 76% são brancos, 45,8% homens, 54,2% mulheres, 26,7% hispanos e 73,3% não hispanos, 56% têm baixos níveis de educação (apenas secundária) e 37% têm algum grau de universidade.
Referente às regiões onde se concentram a maioria dos empregados com salário mínimo, 36,7% se encontram na região oeste do centro-sul (Arkansas, Luisiana, Oklahoma e Texas), 36,2% na região leste do centro-sul (Alabama. Kentucky, Mississippi e Tennessee) e 31% na divisão do Atlântico-Sul (do Delaware até a Florida). É menos comum na Nova Inglaterra, onde só uma quarta parte (23,4%) dos trabalhadores ganham salário mínimo.
Muitos desses trabalhadores mencionados têm que recorrer à ajuda do governo para sobreviver. Em 2010, 1.847.155 moradias receberam Assistência Temporária para Famílias Necessitadas (TANF, pela sigla em inglês), 18.618.436 vales-alimentação, 65.989.147 seguros-doença (Medica ID, na sigla em inglês).

Segundo investigações, se o salário fosse incrementado, melhoraria a economia nacional, se reduziriam as ajudas governamentais, o aluguel ou a compra de melhores moradias seria fomentado e doenças relacionadas com o estresse laboral seriam evitadas.
Ralph Nader, defensor dos consumidores e ex-candidato presidencial pelo Partido Verde, calculou que "o aumento do salário mínimo beneficiaria 30 milhões de trabalhadores, que em 2014 ganharam menos do que em 1968, tendo em conta a inflação".
Em 2014, um empregado teve que trabalhar três meses para ganhar o que ganhava seu chefe executivo. Enquanto isso estiver ocorrendo não acontecerá o que o presidente Roosevelt disse: "um pagamento justo por uma jornada justa". (Por Anahi Rubin, tradução do Diário Liberdade)

(Anahí Rubin é uma jornalista e psicóloga argentina que vive em Nova Iorque. Investigadora de temas migratórios e de gênero. Realizadora de exposições artísticas sobre fenômenos migratórios, identidade e cultura).
Créditos: Diário Liberdade

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