Apesar de ainda não terem sido apresentadas todas as candidaturas à presidência da Câmara, na eleição do substituto do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o discurso pregado pelas correntes na Casa, tanto as que fazem oposição ao governo provisório de Michel Temer, formado por legendas como PT, PCdoB, Rede e Psol, como as formadas por partidos da base de apoio do presidente em exercício (o chamado Centrão), é único.
Todos defendem que o candidato vencedor seja alguém que unifique os discursos do lado que integrar, além de ter boa capacidade de diálogo, como forma de acabar com os rachas e dissensos observados nos últimos meses na Casa.
Embora 13 nomes tenham sido mencionados ou demonstrado interesse em serem prováveis candidatos à disputa, as definições das candidaturas só devem ser observadas, de fato, a partir da próxima segunda-feira (11). Foram registradas oficialmente até agora, três: Marcelo Castro (PMDB-PI), Fausto Pinato (PP-SP) e Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO).
Os três são considerados parlamentares do baixo clero. Castro conta com a simpatia dos que fazem oposição ao governo Temer pelo fato de ter votado contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Ele foi ministro da Saúde no governo Dilma. Além disso, é considerado desafeto de Eduardo Cunha, com quem rompeu depois que o ex-presidente da Câmara o tirou da relatoria da proposta de reforma política.
Fausto Pinato, por sua vez, foi o relator do processo contra Cunha no Conselho de Ética. Ele é advogado e já atuou como assessor parlamentar da Casa. Também foi assessor técnico na Assembleia Legislativa de São Paulo. Já Carlos Henrique Gaguim, embora esteja no seu primeiro mandato como deputado federal, foi duas vezes vereador em Palmas (TO), três vezes deputado estadual, duas vezes presidente da Assembleia Legislativa e governador de Tocantins. Exerce seu primeiro mandato de deputado federal.
Por parte dos candidatos pré anunciados, fazem parte da lista Rogério Rosso (PSD-DF), Osmar Serraglio (PMDB-PR), Baleia Rossi (PMDB-SP), Fernando Giacobo (PR-PR) e Beto Mansur (PRB-SP). Outros nomes citados são os de Júlio Delgado (PSB-MG), Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Carlos Manato (SD-ES). Também não escondem interesse em serem candidatos, de acordo com a decisão a ser definida pelas bancadas dos seus partidos, Esperidião Amim (PP-SC) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
Palácio do Planalto
Rosso, que é líder do PSD, vem sendo considerado o favorito da disputa, mas o fato de ter ligações com Cunha pode vir a ser usado como empecilho. Especulações de bastidores são de que o Palácio do Planalto prefere algum outro nome com maior ligação com o PMDB ligado a Temer do que relacionado a Cunha, mesmo que não integre o partido. Oficialmente, no entanto, o Planalto mandou recado à Câmara de que não quer se meter na disputa, conforme afirmou em entrevista o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Nem todos demonstraram disposição de falar em suas candidaturas, uma vez que elas ainda não foram acertadas pelos partidos e blocos partidários. De acordo com Rosso, a Câmara defende um nome de consenso, para evitar rachas na base aliada do governo Temer. Beto Mansur, por sua vez, diz que o importante é dar seguimento aos trabalhos da Casa, que, segundo ele, não podem mais ficar parados.
“A Câmara sofreu um processo de desgaste muito grande e precisamos seguir com as atividades. Por mais que tenha havido boa vontade por parte de muitos deputados neste período de interinidade, o triunvirato formado entre mim, Waldir Maranhão (o presidente interino da Casa, do PP-MA) e Giacobo (2º vice-presidente da Casa) não deu muito certo, porque as sessões não conseguiram ter um bom andamento”, afirmou Mansur.
Autonomia e produtividade
A baixa produtividade das matérias em tramitação na Câmara, o pequeno funcionamento das comissões técnicas, a crise política e os trabalhos da comissão do impeachment, que levaram à morosidade das atividades legislativas no primeiro semestre, são fatores segundo os quais os parlamentares querem que a eleição, mesmo em caráter tampão, marque um novo tempo na Casa.
No caso do PT, o líder, Afonso Florence (PT-BA), afirmou que o partido levará em consideração, na escolha do nome que irá apoiar, um programa específico e a busca da unificação da minoria com outros setores que estejam comprometidos com a autonomia da Casa em relação ao governo interino de Michel Temer.
De acordo com Florence, a eleição para a presidência da Casa mostrará bem a divisão que passa a existir na Câmara, desde o afastamento da presidenta Dilma.
“De um lado, teremos as candidaturas que são do grupo do chamado ‘Centrão’ ou da antiga oposição, cujo compromisso é com a agenda de retiradas de direitos e de sustentação do golpe”, disse Florence. “Já nós vamos do lado dos que defendem a autonomia da Câmara dos Deputados em relação ao Executivo e a preservação dos direitos sociais e trabalhistas do nosso povo, que estão sendo atacadas. Vamos apresentar uma candidatura do lado de cá.”
O líder afirmou ainda que a renuncia de Eduardo Cunha, anunciada ontem (7) consistiu, a seu ver, num “jogo de cartas marcadas”. E considera que tem o objetivo de blindar Cunha para salvar o seu partido.
A princípio, o colégio de líderes definiu, na noite de ontem, marcar a data da eleição para a próxima terça-feira (12). Mas durante a manhã Waldir Maranhão disse que não haverá tempo hábil até lá e alterou a data para quinta (14). Com informações do site do PT na Câmara
Créditos: Rede Brasil Atual
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