Um estudo liderado pelo geneticista Carl Bruder, da Universidade do Alabama, nos EUA, revelou que o código genético de gêmeos idênticos não é exatamente igual, como se pensava anteriormente.
Comparando o DBA de 19 pares de gêmeos idênticos, Bruder e sua equipe surpreenderam-se ao encontrar diferenças que antes não eram conhecidas, como o número de cópias de alguns genes específicos entre os irmãos. O natural é que cada ser humano carregue duas cópias de cada gene, uma herdada da mãe e outra do pai. Porém, o que Bruder notou, é que os gêmeos, em algumas regiões do genoma, fogem à regra, tendo número diferentes desses genes, carregando de 0 até 14 cópias deles. Isso mostrou que os gêmeos apresentavam números diferentes um do outro.
O estudo genético de gêmeos é bastante frequente entre o meio científico, justamente para saber se há influência genética para o crescimento ao longo da vida, o aparecimento de doenças e condições específicas, a forma de se comportar, personalidade e transtornos. Com o estudo recente, a maioria das convicções podem mudar, revelando uma alternativa ao estudo das raízes genéticas e ambientais de algumas doenças e condições.
O próximo passo da pesquisa consiste na comparação genética entre gêmeos, sendo que um deles contenha alguma doença que possa modificar o número de cópias genéticas relacionadas. Porém, de acordo com Kerry Jang, fisiologista da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, líder do maior estudo com gêmeos em seu país, os resultados que Bruder encontrou não mudaria tanto os estudos anteriores. “Podemos ajustar nossos modelos para levar as diferenças genéticas em conta da mesma maneira que os ajustamos para diferenças de ambiente”, disse ela.
Porém, alguns fatores da pesquisa podem, de fato, surpreender. Acredita-se que tal diferença no número de cópias dos genes possa ocorrer ao longo da vida, batendo de frente com a ideia de que a combinação genética do nascimento determina quem você será ao longo da vida, com suas peculiaridades e tendências biológicas. “Acredito que o genoma com o qual você nasce não é o mesmo com o qual você morre – pelo menos não para todas as células no organismo”, disse Bruder, que também espera que a diferença entre os gêmeos possa ajudar, por exemplo, em investigações criminais, podendo “inocentar” o irmão que não estivesse envolvido no caso.
Charles Lee, geneticista do Women’s Hospital de Boston, nos EUA, salientou que a mudança do DNA ao longo da vida é surpreendente e deve ser levada em conta. “É um alerta para que possamos tomar conta do ambiente, pois ele pode alterar nosso genoma. À medida que você envelhece, as chances de ter um rearranjo genômico que provoca uma certa doença são cada vez maiores”,opinou, levando em consideração os dados do estudo que revelam que tais diferenças genéticas aumentam com o passar do tempo.
O estudo de Bruder, no entanto, possui dados conflitantes, pois ao mesmo tempo que aponta para a mudança dos genes ao longo da vida, também determina que os gêmeos já nascem diferentes. “Talvez não devêssemos chamá-los de gêmeos idênticos, mas de gêmeos de um único óvulo”, sugeriu Frederick Bieber, patologista da Harvard Medical School, visando uma melhor compreensão do termo, baseando-se nos dados do surpreendente estudo. (Scientific American Brasil / Foto: Reprodução / Pixabay ).
Créditos: Jornal Ciência
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