A decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de invalidar a delação de Léo Pinheiro, da OAS, que atingia duramente o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o chanceler José Serra, por propinas nas obras da Cidade Administrativa e no Rodoanel, pode ter invalidado a denúncia oferecida nesta semana contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
É o que aponta reportagem deste domingo do jornalista Mario Cesar Carvalho. Segundo ele, a peça apresentada pelo MP (Ministério Público) contém uma informação que só aparece no esboço da delação premiada do empresário Léo Pinheiro, que foi recusada pela Procuradoria-Geral da República.
"No documento que fez para negociar o acordo de delação premiada, Pinheiro, sócio da OAS que já foi condenado a 16 anos de prisão, dizia: 'Ficou acertado com [João] Vaccari que esse apartamento seria abatido dos créditos que o PT tinha a receber por conta de propinas em obras da OAS na Petrobras'", diz Mario Cesar.
Essa conexão entre desvios na Petrobras e as reformas no Guarujá é o único ponto que permite, inclusive, que o caso fique nas mãos do juiz Sergio Moro, uma vez que o imóvel se situa em São Paulo – e não no Paraná.
Na acusação, o ex-presidente é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com a peça, a reforma teria sido abatida de um valor maior (R$ 87,7 milhões), que a OAS teria pago em propinas por conta de duas obras em que foi contratada pela Petrobras, nas refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Presidente Vargas, no Paraná, ainda segundo os procuradores.
"O uso de uma informação que não aparece no inquérito abre um flanco para a defesa contestar as acusações, de acordo com Renato Melo Jorge Silveira, professor titular de direito penal da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo", diz a reportagem de Mario Cesar Carvalho.
"Se essa informação não estiver em lugar nenhum do inquérito, a defesa vai arguir que a acusação de corrupção é uma ilação vazia dos procuradores, sem qualquer fundamento", afirma o professor. O juiz federal Sergio Moro terá que decidir na próxima semana se aceita ou não a denúncia dos procuradores. Procurados por Mario Cesar Carvalho, os procuradores não se pronunciaram.
Créditos: Brasil 247
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