A produção de veículos no Brasil encolheu 18,4% em agosto, na comparação com o mesmo mês de 2015, segundo dados divulgados pela associação de fabricantes (Anfavea). Foram montados no total 177.726 carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. Em relação a julho, que somou 189.907 unidades, houve desaceleração de 6,4%. Em relação ao período de janeiro a agosto do ano passado, o montante de veículos produzidos neste ano é 20,1% inferior.
A parada completa da Volkswagen por causa de uma disputa com um fornecedor de peças foi o principal fator de queda da produção em agosto, segundo Megale. “Se essa empresa estivesse em situação normal de produção, o número estaria mais próximo de 200 mil, ou até superando isso”, explicou. Ele disse ainda que a retomada das linhas de montagem da Volkswagen é uma condição pontual, mas que pode afetar a estimativa de produção para o ano, que é de 2,29 milhões de unidades, o que representaria queda de 5,5% em relação a 2015.
A retração nas linhas de montagem em agosto é maior do que nas vendas, que caíram 11,3% ante o mesmo mês de 2015, mas subiram 1,4% na comparação com julho. Foi o 4º mês seguido de alta sobre o mês imediatamente anterior, mas houve queda na média diária de vendas, considerada um indicador chave da demanda do setor.
“Poderia ter sido até melhor. A Olimpíada foi de grande sucesso para o país, mas trouxe dificuldades ao setor. O Rio de Janeiro teve uma queda de emplacamentos de 14%, enquanto o Brasil cresceu 1,4%”, afirmou Antonio Megale, presidente da Anfavea. “Com a definição do processo do impeachment, entendemos que é um começo. Temos que seguir em frente, não podemos mais perder tempo. As reformas que estão por vir são absolutamente indispensáveis e nosso apoio é irrestrito ao ajuste fiscal”, completou.
As montadoras seguem reduzindo a força de trabalho nas fábricas, mas não no mesmo ritmo de queda nas vendas. O número de empregados diretos no final de agosto foi de 126 mil, o que é 6,2% menor do que o verificado 1 ano atrás, quando 134,4 mil trabalhavam nas montadoras associadas. De acordo com Megale, as demissões de agosto refletem alguns planos de demissão voluntária (PDV) feitos pelas montadoras.
A Anfavea diz que defende a mudança nas leis trabalhistas propostas pelo governo Michel Temer, como a supremacia dos acordos entre empresa e funcionário sobre a legislação trabalhista e a regulamentação da terceirização das atividades fim, que libera a montadora para terceirizar os funcionários de chão de fábrica, por exemplo.
As montadoras também propuseram transformar o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que vale até 2017, em um instrumento permanente para ajustar o volume de funcionários conforme as crises. Em agosto, 22,3 mil trabalhadores estavam com algum restrição na jornada de trabalho no final do mês, sendo 2,5 mil em lay-off e 19,8 mil no PPE. Foto: 247.
Créditos: Focando a Notícia
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