Para Eduardo Fagnani, economista e professor do Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a atual crise institucional e política, que teve se agravou nesta semana com dezenas de políticos passando a condição de investigados, aponta para a falência do atual sistema que, segundo ele, opera desde a ditadura.
Para o professor, a saída é a reforma política, que não pode ser feita pelos políticos investigados, que também não têm legitimidade para levar adiante os projetos de reformas defendidos pelo governo Temer.
"Os personagens são os mesmos, estão todos aí. Os oligarcas regionais que morreram foram substituídos pelos filhos e netos. Tudo se mantém intacto. Isso que estamos vendo, no meu ponto de vista, revela a questão de fundo: sem reforma política é muito difícil ter qualquer perspectiva daqui para frente", analisa o professor.
Ele, e mais outros quatro professores da Unicamp, em entrevista ao jornal da universidade, avaliam as consequências da divulgação da chamada lista de Fachin (Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal) – que traz dezenas de políticos, entre ministros, senadores, deputados e governadores, que agora são investigados a partir das delações de executivos da Odebrecht – para o atual cenário político, agora em xeque.
Sobre as reformas do governo Temer, em especial a reforma da Previdência, Fagnani diz que, na verdade, o país enfrenta um déficit de democracia. "Quero lembrar que estamos em um país que tem déficit de democracia, não é da Previdência – apenas 50 anos de democracia em 500."
Ele contesta a legitimidade do atual governo, originado a partir de um "golpe parlamentar" promovido contra a presidenta Dilma Rousseff. "Qual a legitimidade desse governo para fazer essas mudanças? Qual a legitimidade desse Congresso – que tem sob suspeita os presidentes da Câmara e do Senado, 40 deputados e um terço dos senadores – para implantar a toque de caixa um projeto liberal ao extremo, que vai aumentar a pobreza e praticamente interditar o futuro do país rumo a um padrão civilizatório?", questiona Fagnani.
Créditos: Rede Brasil Atual
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