Pela manhã, as plenárias e tendas do Fórum Social Mundial, que ocorre em Salvador (BA), foram utilizadas para lembrar a luta da militante. As atividades foram interrompidas em diversos momentos para falas de protesto contra o assassinato de Marielle e Anderson, executados a tiros na noite desta quarta (14) no Rio de Janeiro. Em seguida, os presentes marcharam pelas ruas da capital baiana.
Presente no Fórum, a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) lamentou o ocorrido em uma das mesas da conferência. "Não há golpe sem barbárie e sem violência. O que aconteceu com a Marielle Franco foi um assassinato, uma execução", disse a ex-presidenta. "Este bárbaro assassinato e essa indignidade que aconteceu hoje têm que causar em nós a mais profunda indignação", completou.
No Rio de Janeiro, cidade onde Marielle viveu e atuou por toda a vida, os cariocas se reuniram para se despedir da vereadora e do motorista Anderson em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Por volta das 14h, durante o velório, a emoção tomou conta dos presentes, em sua maioria mulheres negras. No final da tarde, a manifestação ultrapassou a marca dos 50 mil participantes.
Em Brasília, Marielle foi homenageada em uma sessão solene no Congresso Nacional. Os presentes seguravam girassóis e faixas pretas para marcar o luto. Companheiras de partido, como a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), e outros parlamentares exaltaram a trajetória política da vereadora carioca. No início da noite, um ato com movimentos populares ocorreu na praça Zumbi dos Palmares.
Na capital paulista, os servidores públicos municipais, em luta contra a reforma da Previdência, expressaram apoio e solidariedade com um minuto de silêncio em memória de Marielle e Anderson. Alguns professores seguiram do centro de São Paulo para a Avenida Paulista, onde ocorreu o “Ato Contra o Genocídio Negro - Marielle Presente” no Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Lá, milhares de manifestantes caminharam em direção à Rua da Consolação e entoaram palavras de ordem contra a militarização da Polícia Militar e pelo fim da intervenção federal no Rio de Janeiro. Lideranças de movimentos populares e de partidos políticos, como a vereadora Sâmia Bomfim (PSOL-SP), participaram do protesto. Ela ressaltou a importância da união da esquerda na atual conjuntura.
"Marielle foi assassinada pelo Estado e pelo poder, a mando daqueles que não admitiam ver uma mulher negra e favelada no comando. Eles fizeram isso para tentar calar a voz das mulheres, mas escutem aqui: olhem para este Masp lotado, olhem para o mundo todo. Vocês vão ter que calar milhões de pessoas", disse emocionada a vereadora paulistana.
Também presente na manifestação, Iara Bento, militante da Marcha das Mulheres Negras, afirmou que Marielle é símbolo de uma juventude que está sendo exterminada.
"Hoje a Paulista lotada significa que a nossa juventude não aguenta mais, ela não quer mais ser morta. E se nós queremos mudar o que hoje está acontecendo no sistema político do nosso país, é dessa juventude que nós precisamos. E nós não podemos nos calar diante do que está acontecendo no Brasil. Marielle, presente!", conclamou.
Em Curitiba (PR), cerca de 2,5 mil pessoas participaram de uma vigília em solidariedade aos familiares e amigos da vereadora Marielle e Anderson na Praça Santos Andrade. Militantes também saíram às ruas em Belo Horizonte (MG) contra o genocídio da população negra. O ato ocorreu na Praça da Estação. Já na capital alagoana, as homenagens ocorreram em frente à Câmara Municipal de Maceió.
Em Pernambuco, o ato público tomou conta da frente do portão de entrada da Câmara dos Vereadores de Recife, onde houve falas de representantes de partidos de esquerda e movimentos populares. Daniela Portela (PSOL-SP), se solidarizou com a companheira de partido. "Mariella trazia voz às pessoas que foram silenciadas e invisibilizadas ao longo da história do Brasil. Não temos como desvincular sua morte com as denúncias que vinha fazendo contra os desmandos da intervenção militar", afirmou. Aconteceram atos em Florianópolis, Porto Alegre, Fortaleza, Londrina, Santos e outras cidades.
As manifestações de solidariedade não se restringiram ao Brasil e também ganharam eco no Parlamento Europeu, onde eurodeputados pediram a suspensão das negociações comerciais entre a Europa e o Mercosul. "Pedimos para a Comissão uma suspensão imediata das negociações com o Mercosul até que haja o fim da violência e intimidação contra a oposição política e defensores de direitos humanos", declararam os partidos que compõem a aliança Esquerda Europeia Unida. Foto: Mídia Ninja.
Créditos: Brasil de Fato
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