quinta-feira, 27 de junho de 2013

Diabetes tipo 1 pode ser confundido com gripe



A Sociedade Brasileira de Diabetes informa que cerca de 13,5 milhões de brasileiros são portadores de diabetes , sendo que 10% desse número são afetados pelo tipo 1 da doença, também conhecida como diabetes infanto-juvenil.

Nesse tipo específico da doença, os próprios anticorpos do organismo atacam o pâncreas, o produtor de insulina. É um ataque silencioso, mas quando afeta cerca de 80% do órgão, surgem os sintomas típicos do diabetes. A ausência da produção de insulina causa um desnivelamento da taxa de glicose no sangue – o que caracteriza a doença. 

O problema maior, explicam os especialistas, está na dificuldade de detecção para o tratamento precoce. O teste é simples, mas os sintomas que levam a criança ao médico podem ser facilmente confundidos aos de uma gripe. “Às vezes até os médicos confundem. Acham que é virose, gripe ou gastrite, porque a doença provoca dor abdominal, cansaço. Isso acontece quando o paciente está com o metabolismo descompensado. Muitas vezes, infelizmente, fazemos o diagnóstico quando o diabetes já está em estágio avançado”, diz a endocrinologista pediátrica Denise Ludovico, pesquisadora do Centro de Pesquisa Clínica (CPClin).

“Na maioria das vezes a pessoa não sente nada e quando os sintomas aparecem, a doença já está instalada. Isso, porém, não significa que complicou”, explica a médica.

A causa do diabetes tipo 1 ainda é desconhecida.

“Existem várias pesquisas que relacionam a doença com vírus, com infecção viral anterior, com o meio ambiente, mas ainda não existe nada realmente conclusivo”, afirma Denise.

Alguns dos sintomas apresentados são sede excessiva, fome, vontade de urinar, cansaço e perda de peso. Foi o que experimentou a pequena Iris, quando tinha apenas 1 ano e meio de vida.

“Ela bebia dois copos grandes de água, daqueles grandes, e fazia muito xixi. Como ela não era habituada a beber água demais, achei estranho e vi na internet que os sintomas eram de diabetes”, conta Shyrlene Costa, mãe da menina.

“Achei que estava equivocada, pois minha filha ainda comia apenas coisas saudáveis, como sopinhas. Quando contei para minha cunhada, que é enfermeira, ela apareceu no dia seguinte lá em casa com o kit para o teste".

Shyrlene não estava em casa quando a cunhada fez o teste e teve o resultado positivo. Foi avisada quando a menina já estava no hospital, onde ficou internada 8 dias para controlar a glicemia.

Tratamento

Shyrlene usou o tempo no hospital para aprender como cuidar da filha e lidar com a doença. Em seguida teve contato com a Associação de Diabetes Juvenil (ADJ) e fez alguns cursos. Foi lá que aprendeu a contar a quantidade de carboidrato das refeições, já que eles se transformam em glicose. Com isso, ela consegue mensurar a quantidade de insulina equivalente que deve aplicar na filha, para neutralizar o efeito do açúcar. E a garota agora aceita o tratamento com naturalidade.

“No início eu chorava muito, passava insegurança para ela, que também ficava com medo. Com a orientação da psicóloga da ADJ, aprendi a ser mais segura e a Iris também passou a ficar tranquila”, conta.

“Não a proíbo de comer nada, mas limito a quantidade das coisas e sempre digo: ‘você não pode comer nada escondido da mamãe’. Ela ajuda muito, é bem consciente. Se está na hora de medir a glicemia, ela não se opõe”.

A mãe conta que Íris, hoje com três anos, até se exibe para os colegas na escola, na hora de medir a glicemia.

“Às vezes quero ir para o canto, mas ela faz questão de mostrar aos amiguinhos. Às vezes quer fazer sozinha – e já sabe”, explica a mãe.

Doença na adolescência

A jornalista Vanessa Pirollo descobriu ser diabética quanto tinha 18 anos – o diabetes também pode surgir na adolescência.

“Já estava acordando de madrugada para ir ao banheiro havia um tempo, tinha dores nas costas de madrugada e já tinha começado a emagrecer e a minha visão foi ficando embaçada”, explica ela, que descobriu a doença por acaso.

“Sem querer eu fui à nutricionista e estavam fazendo testes de detecção de diabetes por lá. Acabei fazendo por curiosidade e deu alteração. Fiz um exame mais detalhado e constataram que eu tinha diabetes tipo 1”, conta.

Vanessa, que tinha acabado de entrar na faculdade de jornalismo, ficou chocada no início.

“Eu mesma tinha preconceito. Queria ser aceita pelo grupo da faculdade e não queria dizer para os outros que tinha diabetes, apesar de ter que carregar comigo a caneta medidora de glicose”, conta ela.

Cerca de três meses depois do diagnóstico, o bloqueio interno que ela mesma havia criado foi se tornando mais fraco e ela acabou contando para as pessoas mais próximas.

“Não fiz acompanhamento psicológico e passei por momentos complicados para aceitar a doença. Cheguei na Associação de Diabetes Juvenil três anos depois do diagnóstico, e com isso, muitas informações acabaram vindo e acabei aceitando melhor”, conta a jornalista.

A endocrinologista Denise Ludovico explica que, quanto menos o paciente contesta o diagnóstico, melhor ele consegue controlar a doença.

“Enquanto a pessoa está em fase de negação e revolta, é complicado. Mas é algo que pode ser encarado como natural. Depende muito de como a família lida com o paciente. Se levam numa boa, a criança não sente insegurança. Tenho uma paciente de quatro anos que acha que estranho é quem não tem diabetes”.

Vanessa conta que, na época, tinha o costume de comer um docinho depois da refeição – hábito que foi proibido pela médica.

“Hoje em dia já existe uma liberdade maior em relação à comida, por conta da contagem de carboidratos. Sabendo a quantidade correta de insulina a ser aplicada, posso comer um pouco de açúcar”, explica Vanessa.

Vanessa vive uma vida normal. “O diabetes não me impede de absolutamente nada. Há reeducação alimentar e qualidade de vida. Eu faço atividade física, porque, além de gostar, é algo que me ajuda, porque abaixa a glicemia” conta.

Fique alerta e procure orientação médica caso a criança ou adolescente apresente alguns dos sinais e sintomas abaixo: 

- Aumento inexplicável da sede

- Aumento da vontade de urinar

- Voltar a fazer xixi na cama (quando a criança já não tinha mais esse hábito)

- Perda de peso sem explicação

- Fadiga

- Alterações na visão, vista embaçada

- Irritabilidade

- Aumento da fome

- Hálito cetônico (odor frutado)

- Respiração pesada ou dificuldade para respirar

Fonte: Surgiu.com

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