O número de refugiados da Síria pode quase dobrar até o final do ano que vem, informou ontem (16) o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Dos atuais 2,3 milhões de sírios deslocados para outros países, o total pode chegar a 4,1 milhões até 2014, segundo estimativas do órgão.
Devido ao grande número de deslocados sírios, o total de refugiados em 2013 foi o maior dos últimos 20 anos, quando houve a crise populacional relacionada ao genocídio em Ruanda, na década de 1990.
"Em 2013, mais de 2 milhões de pessoas deixaram seus países por causa de um conflito, é o maior número de novos refugiados em quase 20 anos. Atualmente, 2,3 milhões de refugiados sírios foram registrados na região, entre os quais 1,7 milhão [de pessoas que] chegaram em 2013, mas as estimativas indicam que o número pode ultrapassar os 4,1 milhões no final de 2014", disse o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres.
Para Guterres, a crise de refugiados sírios é a mais perigosa para a paz e a segurança desde a 2ª Guerra Mundial. Ele destacou as consequências desses deslocamentos para a sociedade, a demografia e a economia dos países vizinhos – que são os que mais recebem os refugiados da Síria.
"Eles precisam da solidariedade massiva da comunidade internacional, solidariedade em apoio financeiro, humanitário, estrutural e solidariedade na repartição das consequências", destacou.
Guterres pediu ainda que todos os países mantenham as suas fronteiras abertas aos refugiados sírios. Ele disse estar decepcionado com a falta de ajuda internacional a essas pessoas. De acordo com o alto comissário, foram oferecidos 15 mil abrigos por meio de programas de reinstalação.
“Precisamos de vistos, programas de reunificação e de reinstalação. Precisamos de mecanismos que permitam às pessoas estar em segurança sem passar pelas mãos de traficantes, que estão entre os piores criminosos no mundo", disse.
De acordo com António Guterres, o maior desafio da atualidade é organizar a crise na Síria, a multiplicidade de situações de emergência, como nas Filipinas ou na República Centro-Africana (RCA), além da persistência de outras, como no Sudão ou no Afeganistão.
As Nações Unidas (ONU) pediram hoje US$ 12,9 bilhões (cerca de R$ 30,1 bilhões) para aplicar em operações humanitárias em 2014. O valor, o mais alto já pedido pela organização, será usado para atender a 52 milhões de pessoas.
O plano inclui a participação de 568 organizações humanitárias e abrange, entre outros, a Síria, a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, o Sudão, o Sudão do Sul, a Somália, os países do Sahel (faixa de território subsaariano que vai do Leste ao Oeste da África), a Palestina, o Iêmen, o Afeganistão, Birmânia, as Filipinas e o Haiti.
Foto Khalil Ashawi/Reuters
Créditos: Agencia Brasil
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