"Teoricamente, a técnica funciona, mas há condições. Em primeiro lugar, você precisa ter umidade no ar para poder desencadear esse processo, e estamos em período de seca", explica a professora Maria Assunção da Silva Dias, do Instituto de Ciências Atmosféricas da USP. "Além disso, você precisa atingir um grande número de nuvens em um curto espaço de tempo para criar uma chuva suficiente para abastecer um reservatório de água. Não adianta chover em um único ponto, tem de chover muito sobre uma área muito grande da superfície do reservatório", completa. Segundo a professora, mesmo que essas condições fossem atendidas, não existem estudos científicos que comprovem o sucesso da técnica.
"Não entendo com base em qual indicador o governo estadual mantém esses contratos, já que os resultados não podem ser medidos. Toda época de seca eles voltam com os aviões, e os resultados nunca são perceptíveis", comenta Maria Assunção. "A logística para fazer essa teoria funcionar é muito complicada. Existe um momento exato para atingir a nuvem e causar a condensação de gotas, e, se o processo de evaporação já tiver começado, não funciona."
O Sistema Cantareira é um dos maiores do mundo, com área de drenagem de 2.307 km², mas, de acordo comreportagem da TV Cultura de 2009, apenas uma aeronave prestava o serviço de indução de chuva ao governo estadual naquele ano. Sabesp e Modclima foram procuradas pela RBA para confirmar os valores do contrato, a quantidade de aeronaves que prestam serviço atualmente e os resultados obtidos por meio da prática, mas não ofereceram respostas. Registros no Diário Oficial do Estado, porém, dão conta de que os contratos da Sabesp com a empresa têm valor médio de R$ 1,5 milhão por contratação, sempre feita sem licitação por se tratar da única prestadora de serviço na área.
LUCIANO CLAUDINO/FRAME/FOLHAPRESS
Créditos: Rede Brasil Atual
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