Em breve, os médicos poderão predizer o risco de um derrame ou acidente vascular cerebral, AVC, apenas pela análise da retina. Um estudo publicado na revista Hypertension mostra uma associação entre a retinopatia hipertensiva - uma condição causada pela pressão arterial elevada, onde a retina é danificada - e o risco de AVC.
“Isso porque, segundo os pesquisadores, a retina fornece informações sobre o estado de vasos sanguíneos no cérebro. A imagem da retina é uma forma não invasiva e barata de examinar os vasos sanguíneos”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion do Instituto de Moléstias Oculares (IMO).
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados de 2907 pessoas com pressão arterial elevada que tiveram AVC, ao longo de um período de 13 anos. No início do estudo, todos os participantes tiveram suas retinas fotografadas, de modo que os pesquisadores puderam diagnosticar a retinopatia hipertensiva.
No final do período de estudo, 146 dos participantes tinham experimentado um acidente vascular isquêmico (falta ou ausência de circulação numa área do cérebro provocada por obstrução de uma ou mais artérias por ateromas, trombose ou embolia. Ocorre, em geral, em pessoas idosas, com diabetes, colesterol elevado, hipertensão arterial, problemas vasculares e fumantes), ao passo que 15 experimentaram um acidente vascular hemorrágico (sangramento cerebral provocado pelo rompimento de uma artéria ou vaso sanguíneo, em virtude de hipertensão arterial, problemas na coagulação do sangue, traumatismos. Pode ocorrer em pessoas mais jovens e a evolução é mais grave).
Após a contabilização de outros fatores de risco conhecidos, os pesquisadores descobriram que as pessoas que tinham retinopatia hipertensiva leve tiveram um risco 35% maior de acidente vascular cerebral, e as pessoas com retinopatia hipertensiva moderada ou grave tinham um risco 137% mais elevado de acidente vascular cerebral. Além disso, mesmo as pessoas que estavam tomando medicamentos para a pressão arterial e tinham um bom controle de sua condição tinham um maior risco de derrame devido à retinopatia hipertensiva.
No entanto, os pesquisadores alertam que é muito cedo para que a imagem da retina possa determinar com 100% de certeza o risco de uma pessoa ter um acidente vascular cerebral. “Mas, ainda assim, esta não é a primeira vez que essa associação foi sugerida: a de que os olhos podem dar pistas sobre o risco de uma pessoa ter um acidente vascular cerebral. Um outro estudo publicado na revista Ophthalmology mostrou que o uso de amplitude do pulso ocular - um teste que pode ser feito durante uma consulta no oftalmologista - pode ajudar a detectar a estenose da artéria carótida, fator de risco do AVC”, afirma a oftalmologista Roberta Velletri, que também integra o corpo clínico do IMO.
Créditos: WSCOM
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