Entre 60% a 70% da comida que vai para a mesa dos brasileiros são produzidas pelos que fazem o cooperativismo social de agricultura familiar. A afirmação é do secretário geral da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unissol Brasil), Leonardo Pinho, que participou da mesa redonda “Trabalho, Cidadania e Transformação Social: estratégias para a construção de um novo lugar social para sujeitos invisibilizados”, no 2º Fórum Brasileiro de Direitos Humanos e Saúde Mental, promovido pela Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme).
De acordo com Leonardo Pinho, o cooperativismo solidário conta com quatro mil cooperativas em todo o Brasil com uma média de 40 mil famílias envolvidas no trabalho, alcançando em torno de 300 mil pessoas beneficiadas. “Nós temos uma grande cooperativa vinculada ao setor metalúrgico com 400 trabalhadores. Temos cooperativas que tem 20 pessoas, outras têm 30. Nesse universo de mais ou menos quatro mil cooperativas solidárias existentes no Brasil, nós temos aí de 35 mil a 40 mil famílias, totalizando em torno de 300 mil pessoas sendo beneficiadas indiretamente. Mas lutamos para aumentar ainda mais esse número”, afirmou.
O representante da a Unissol Brasil e também diretor da Abrasme disse que as duas entidades têm buscado construir espaços de auto-organização, de organização de projetos de inclusão pelo trabalho fundado na autogestão, para que as pessoas invisibilizadas tenham o protagonismo do seu processo de organização no trabalho.
Nesse trabalho, os defensores do cooperativismo vem construindo o Programa Nacional de Apoio ao Cooperativismo Social, com a proposta de um cooperativismo que além da atividade econômica tenha uma função social de inclusão das pessoas. O público desse cooperativismo são os usuários da Rede de Saúde Mental, usuários abusivos de álcool e outras drogas, egressos e reeducandos do sistema prisional, pessoas em situação de rua, jovens em situação de vulnerabilidade social e aquelas pessoas que ficaram muitos anos trancafiados em manicômios e que hoje estão recebendo o tratamento em liberdade.
Nessa luta, as principais dificuldades enfrentadas pela Unissol Brasil é conseguir a alteração geral da lei do cooperativismo, que é de 1971, e convencer o governo brasileiro a incentivar e investir de forma incisiva no cooperativismo social. Leonardo afirma que a lei vigente hoje coloca muitas dificuldades na organização das cooperativas, a exemplo da exigência de no mínimo 20 membros para se abrir uma nova cooperativa. Outro problema está no direcionamento dos recursos do Sistema do Cooperativismo só para uma central, a OCB, deixando as demais centrais de fora.
“Isso dificulta a pluralidade do campo do cooperativismo solidário. E o que mais forte a gente quer é a implementação do grande programa nacional de cooperativismo de trabalho no Brasil. Que o governo incentive e invista no cooperativismo brasileiro”.
E ele acrescenta: “O grande desafio, hoje, é criar o programa nacional de apoio ao cooperativismo social, além do cooperativismo geral. Nesse 2º Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental, a maior parte do público presente faz parte do cooperativismo social. São aquelas pessoas que além da atividade econômica, usam o cooperativismo para recuperar a autoestima, para recuperar o protagonismo na sociedade. É urgente, uma política de investimento no Brasil para esse setor. Sair da invisibilidade e mostrar todo o seu potencial criativo e produtivo”.
Créditos: Focando a Notícia
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