Um novo medicamento poderia reduzir significativamente as células cancerígenas – quase 80% – de pacientes com uma forma avançada de leucemia. O estudo levou quatro anos e causou remissão completa da doença em 20% dos pacientes.
“Muitos pacientes mantiveram esta resposta mais de um ano após o tratamento começar, e alguns permanecem em remissão por mais de quatro anos”, disse Andrew Roberts, um dos responsáveis pelo estudo, em parceria com o Royal Melbourne Hospital e o Walter and Eliza Hall Institute, ambos na Austrália. “Este é um resultado muito emocionante para um grupo de pessoas que, muitas vezes, não tinha outras opções de tratamento disponíveis”, completou.
A nova droga, chamada Venetoclax, é ministrada em forma de comprimido, dado em diferentes doses para 116 pacientes na Austrália e nos EUA ao longo de um período de quatro anos. Os pacientes testados tinham casos avançados de Leucemia Linfoide Crônica (LLC) e todas as outras opções de tratamento convencionais não foram efetivas.
Apesar da situação dos pacientes no começo do tratamento ser complicada, 79% deles tiveram suas células cancerígenas reduzidas pela metade. De forma impressionante, 20% tiveram remissão completa, ou seja, cura total da leucemia. Esta foi uma resposta inédita para qualquer forma de tratamento existente. “Estes resultados definem a base para um caminho em direção à cura para a Leucemia Linfoide Crônica”, disse John Seymour, um hematologista envolvido no estudo, do Peter McCallum Cancer Centre, em Melbourne, Austrália.
Com base nos resultados, publicados no The New England Journal of Medicine, o Venetoclax foi autorizado pela Agência Federal de Drogas dos EUA (FDA) para o tratamento de certos casos de Leucemia Linfoide Crônica, pois o medicamento alcançou resultados impressionantes nos testes. Tudo isso foi possível através do combate a uma proteína chamada BCL-2, que já na década de 1980 mostrou-se eficaz na sobrevivência de células de câncer.
O Venetoclax é a primeira classe de drogas desenvolvida especificamente para bloquear a ação de BCL-2. “Altos níveis de BCL-2 protegem as células de leucemia, fazendo ela crescer e tornar-se resistente ao tratamento padrão. Venetoclax atinge a interação responsável por manter as células de leucemia vivas e, em muitos casos, temos visto que as células cancerígenas simplesmente derreteram após o tratamento”, revelou Roberts.
Porém, a droga não é perfeita, por isso é destinada apenas aos pacientes que não possuam outra alternativa. Os efeitos colaterais experimentados por alguns pacientes durante os ensaios incluíram náuseas, pneumonia, diarreia, infecções do trato respiratório, anemia e câncer de próstata. Alguns pacientes, entretanto, não relataram efeitos colaterais. Apesar de não ser algo tão bom, todos os outros tratamentos falharam e o risco poderia ser mínimo a fim de reduzir significativamente as células de leucemia.As fases 2 e 3 ensaios já estão em andamento para testar a droga contra uma gama de cancros do sangue a nível mundial.
A LLC é uma das formas mais comuns de leucemia, com mais de 14.000 diagnósticos em 2015, apenas nos EUA. Destes, mais de 4.000 morreram por conta da doença.
Segundo informações da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), este é um tipo de câncer sanguíneo causado por uma alteração no DNA de células-tronco localizadas na medula óssea. Os linfócitos, de forma misteriosa, alteram seu material genético, multiplicando-se desenfreadamente, aparecendo em número excessivos no sangue.
A doença é crônica, pois além de ocorrer o crescimento desordenado dos linfócitos, a produção de células normais não é impedida. Apesar de ser raro, quando a medula é tomada pelas células afetadas, seu funcionamento é comprometido e o prognóstico é piorado.
A leucemia linfoide crônica é dividida em estágios e classificada conforme a linhagem de linfócitos acometidos, e um exame simples, como um hemograma de rotina, pode localizar o aumento dos linfócitos no sangue. Exames físicos podem indicar o aumento de um nódulo linfático, pois como tais células costumam viver mais tempo do que as saudáveis, invadindo esses órgãos, elas se acumulam e podem virar tais “caroços”.
Não existem causas conhecidas da doença e o que altera o DNA das células também é desconhecido. Ao contrário das leucemias mieloides, as linfoides não estão associadas à exposição a altas doses de benzeno ou radiação.
“Procure um especialista e siga as orientações dele. Para obter apoio psicológico, jurídico, nutricional, ou mesmo para tirar as suas dúvidas, conte com a Abrale. É mais fácil seguir na luta contra o câncer, munido de informações, conhecendo melhor as opções de tratamentos e seus direitos”, escreveu a ABRALE em um artigo oficial.
Créditos: Jornal Ciência
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