terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Uso de agrotóxicos em plantações provoca doenças e morte de agricultores

A destruição no organismo é lenta, e a doença, em muitos casos, surge de forma disfarçada, em consequência do uso indiscriminado de agrotóxicos por trabalhadores do campo. O veneno usado para controlar as pragas nas plantações é o mesmo que separa famílias, deixa mulheres viúvas, crianças órfãs e casas silenciosas na zona rural dos municípios paraibanos. Apesar do risco iminente, muitos trabalhadores, mesmo doentes, preferem fingir que está tudo bem, com medo de serem dispensados pelos patrões, segundo o Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalhador (Cerest-PB).
Na Paraíba, o agrotóxico está presente em diversas culturas, conforme dados da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado da Paraíba (Fetag). Embora não haja números concretos em relação ao adoecimento do homem do campo, o presidente da Fetag, João Alves, afirmou que a situação é muito preocupante.
Já o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) informou que, em toda a Paraíba, há 17.689 Segurados Especiais (denominação usada para identificar trabalhadores do campo) afastados de suas atividades. Desse total são 11.801 em Campina Grande e 5.888 em João Pessoa. Dadas as condições de trabalho, suspeita-se que boa parte deles tenha adoecido em consequência dos efeitos dos agrotóxicos.
O problema que passa despercebido pelos agricultores, tem deixado autoridades em alerta. O assunto vem sendo discutido pelo Fórum Paraibano de Combate ao Uso Indiscriminado dos Agrotóxicos, que conta com representantes do Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB), Ministério do Trabalho e Previdência Social, dentre outros. A preocupação é com as consequências do uso do agrotóxico para a saúde humana. Uma série de fiscalizações no campo será iniciada nas próximas semanas em toda a Paraíba.
A procuradora Marcela Asfora, representante do MPT no Fórum, disse que a intenção é ter uma autuação voltada para as pessoas que trabalham diretamente com o agrotóxico, como forma de conscientizar os agricultores sobre o risco que existe no manuseio da substância. “Nosso objetivo é fazer um trabalho com início, meio e fim. Vamos escolher uma cultura para desenvolver nossas ações e buscar condições dignas de trabalho para homens e mulheres do campo”, afirmou. Serão feitas fiscalizações em áreas que apresentam risco potencial.
Segundo a procuradora, o trabalhador rural acaba sendo duas vezes atingido pelo agrotóxico. Primeiro quando tem contato com o veneno, nas plantações; depois quando leva o alimento à mesa, já no papel de consumidor. “Dentro desse fórum estadual foram feitos alguns grupos de trabalho e um deles tem a finalidade de promover ações e monitoramento de saúde e segurança do trabalhador na utilização e comercialização do agrotóxico”, declarou. (JP).
Créditos: TV WebCidade

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