A presidenta Dilma Rousseff rechaçou, em pronunciamento ontem (4), a suposta delação do senador Delcídio do Amaral (PT) que seria a base de matéria de capa da revista IstoÉ, publicada ontem e repercutida pelos demais meios de comunicação. A presidenta é responsabilizada por ilegalidades em relação a negócios da Petrobras e acusada de tentar interferir na condução da Operação Lava Jato.
“É lamentável que ocorra ilegalmente o vazamento de uma delação que, se chegou a ser feita, teve como objetivo único atingir minha pessoa e meu governo, provavelmente pelo imoral e mesquinho desejo de vingança e retaliação de quem não o defendeu. E não poderia ser defendido pelo atos que cometeu", afirmou Dilma.
Delcídio teria acusado Dilma de ter feito gestões junto ao Poder Judiciário para mudar rumos da Operação Lava Jato, interferindo nas investigações. Isso teria ocorrido em uma reunião realizada em Coimbra, Portugal, com o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, e o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Segundo a presidenta, o objeto da reunião foi um projeto de lei que tratava de reajuste salarial de servidores do Poder Judiciário. Em nota, o presidente do STF já havia reafirmado essa informação.
“A premência da reunião se deveu ao fato de que os servidores estavam em greve. Os ministros do STF e Cardozo estavam em Coimbra, em uma reunião. E eu estava indo para a Rússia e parei em Porto. Pois todas as vezes temos de fazer escalas. E eu escolhi Coimbra para fazer essa reunião”, explicou Dilma.
A presidenta foi acusada ainda de tentar negociar a nomeação, “de forma imoral”, de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para conseguir a libertação de investigados que se encontravam presos preventivamente. “Jamais falei com o senador a esse respeito. Aliás, do ponto de vista institucional, não teria nenhuma razão de pedir a um senador para conversar com um juiz. Não é o senador que participa dos processos de nomeações de ministros do STJ e nem tampouco do STF”, afirmou a presidenta.
Dilma nomeou 16 ministros do STJ e cinco do STF. “Na turma que ele se refere havia três nomeados por mim. Um votou a favor e os outros dois contra (os habeas corpus). É absolutamente subjetiva e insidiosa a fala do senador, se ela foi feita”, destacou. Os ministros Marcello Navarro e Francisco Falcão, este presidente do STJ, negaram a existência de quaisquer tratativas do governo a respeito. “A informação atribuída ao senador restou claramente desmentida”, completou Dilma.
Dilma também lembrou que todas as informações relativas à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foram repassadas à Procuradoria-Geral da República. E o procurador-geral, Rodrigo Janot, arquivou o processo que apurava irregularidades no negócio. “Não foi possível imputar o cometimento de delitos de nenhuma espécie aos membros do Conselho de Administração. Mormente quando comprovado que os procedimentos legais foram seguidos”, argumentou Janot, à época.
“Nas declarações atribuídas ao senador Delcídio nenhum elemento concreto ou novo foi apresentado de forma a propiciar condições de mudar o entendimento do procurador. Quero lembrar que a primeira parte, os 50% de fato adquiridos pela Petrobras e autorizados pelo conselho, foi em 2006. Os remanescentes 50% não foram autorizados pelo conselho, pois foi informado pela diretoria executiva a existência de duas cláusulas que não constavam da informação inicial. Delcídio não integrava nem diretoria executiva, nem conselho administrativo”, disse Dilma.
Dilma rechaçou a suposta informação de Delcídio, que o encerramento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos teria sido feito para beneficiar a campanha presidencial dela em 2010. “Essa informação não precisa de testemunho para ser desmentida. Ela se desmente pela própria temporalidade. A CPI teve início em 29 de junho de 2005 e foi encerrada em 20 de junho de 2006. Ou seja, ela foi aberta a uma semana de minha posse como ministra-chefe da Casa Civil e distante quatro anos da minha indicação como candidata à Presidência da República”, afirmou.
Créditos: Rede Brasil Atual
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