O papa Francisco destituiu o cardeal alemão Gerhard Müller de seu cargo de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, afirmou sábado (01) o Vaticano. Müller, que ocupava um dos cargos mais influentes do Vaticano, é considerado conservador e conhecido por sua oposição às reformas dentro da Igreja Católica.
Ele será substituído pelo espanhol Luis Francisco Ladaria Ferrer, de 73 anos, que também é jesuíta, como Francisco, e atua atualmente como secretário da congregação. Ladaria Ferrer é visto já há alguns anos como a "mão direita" do papa e tem opinião semelhante a ele na maioria dos assuntos.
Jornais italianos, como La Stampa e Il Messaggero, informaram que o papa se encontrou na véspera com Müller, de 69 anos, para comunicá-lo que seu mandato terminaria neste domingo, justamente quando ele completa cinco anos no posto. O religioso alemão fora nomeado em 2 de julho de 2012.
As razões para a demissão não são conhecidas, mas o cardeal alemão, considerado linha-dura, era tido como contrário às reformas na Igreja Católica. Além disso, ele é um crítico da exortação apostólica Amoris Laetitia, do papa Francisco, publicada no ano passado e que sugeria que pessoas divorciadas e novamente casadas poderiam, sob circunstâncias especiais, participar da comunhão.
A congregação de Müller também foi acusada em março por Marie Collins, uma vítima de abuso sexual por padres, de fazer resistência à comissão criada pelo papa Francisco para combater abusos sexuais de menores na Igreja Católica. Collings disse à revista jesuíta America que a atitude "vergonhosa" da Congregação a levou a se retirar da comissão.
A notícia vem depois de, na quinta-feira (29), o cardeal australiano George Pell, de 76 anos, responsável pelas finanças e "número três" do Vaticano, ter se afastado temporariamente para se defender de acusações de abuso sexual em seu país.
A Congregação para a Doutrina da Fé, dirigida por Müller, é responsável por difundir a doutrina católica e defender os pontos da tradição católica que possam estar em perigo devido a doutrinas novas não aceitáveis pela Igreja. Ela também é responsável por investigar casos de abuso. No final de fevereiro, ele negou haver ocultado sistematicamente casos de abusos na Igreja Católica. "A Igreja não esconde nada. Em alguns casos pode ter havido desconhecimento, mas não sistemático", disse, na época, ao jornal italiano La Repubblica.
Créditos: Rede Brasil Atual
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