
Desde sábado, percebendo que sofreria um revés na eleição da Câmara, ministros do governo já tentavam reconstruir as pontes que foram danificadas durante a disputa entre PT e PMDB pela presidência da Casa, relatou à Reuters um parlamentar petista, sob condição de anonimato.
"Não pode começar o dia amanhã (segunda-feira), quebrando tudo. Precisamos ter um acordo pela governabilidade", disse o petista.
Dilma convocou, no Palácio da Alvorada, os ministros das Relações Insitucionais, Pepe Vargas, das Comunicações, Ricardo Berzoini, da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, e da Defesa, Jaques Wagner, para analisar o resultado das eleições no Congresso.
O candidato do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), eleito no primeiro turno para a presidência, sempre foi considerado um desafeto político do governo e há temor de que ele tenha uma postura radical no comando da Casa.
Após eleito, Cunha afirmou que não será "submisso" ao governo, mas que não terá postura de oposição.
Segundo a fonte pestista, Wagner tem conversado com o vice-presidente Michel Temer, que preside o PMDB, para curar rapidamente as feridas deixadas pela disputa acirrada entre os dois partidos na Câmara.
Um auxiliar de Cunha disse à Reuters, na sexta-feira, sob condição de anonimato, que o peemedebista estava "muito irritado" com o governo e com a tentativa de interferência na disputa no Congresso.
E, apesar de Cunha ter negado que fará retaliações ao governo, um peemedebista disse que já é possível perceber que ele mira uma pauta que pode causar problemas para o governo.
"Ele defendeu (no discurso) mudanças no pacto federativo. E disse que os governos estaduais e os prefeitos passam por dificuldades e que o Orçamento está concentrado nas mãos da União. Ou seja, esse discurso indica que ele pode querer tirar receita do governo federal para ajudar os governos locais, o que é ruim para o Executivo", avaliou a fonte, pedindo para não ter seu nome revelado.
Esse peemedebista avaliou ainda que o governo mostrou sua desarticulação política nas eleições da Câmara e que a base está muito enfraquecida.
"Se a gente somar os votos do Cunha e os do (Júlio) Delgado (candidato do PSB à presidência da Câmara, que teve 100 votos), dá 367 votos. Ou seja, é uma maioria oposicionista", afirmou a fonte. Chinaglia teve apenas 136 votos.
"Mesmo com o governo dando ministérios importantes ao PR, ao PP, ao PSD e ao PTB", arrematou o peemedebista.
Se no Senado o governo viu, como queria, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) reeleito, a situação também não é totalmente segura, na avaliação desse peemedebista.
"Lá os 31 votos do Luiz Henrique (da Silveira, peemedebista que concorreu contra Renan) são preocupantes, porque mostram que a oposição parte desse patamar", disse.
A articulação política foi uma das marcas negativas de Dilma no primeiro mandato, com reclamações constantes dos aliados. Apesar disso, o governo colheu poucas derrotas em votações importantes.(Reuters).
Créditos: Brasil 247
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