quarta-feira, 20 de junho de 2012

Preocupado com aliança, Suplicy lembra 92 e champagne de Maluf


Suplicy se diz triste com a desistência de Erundina como vice de Haddad. Foto: Adriano Lima/Terra
         Apolêmica foto em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Paulo Maluf (PP-SP) aparecem apertando as mãos no quintal da casa do ex-prefeito de São Paulo na última segunda-feira gerou muitos desconfortos por parte dos militantes fervorosos do Partido dos Trabalhadores. Prova disso é que a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), ex-filiada ao PT e que já havia oficializado  apoio como candidata a vice-prefeita ao petista Fernando Haddad, desistiu de ser o braço direito do ex-ministro da Educação.
Apesar de o PP de Paulo Maluf fazer parte da base aliada da presidente Dilma Rousseff no governo federal, a presença de Lula na casa de seu eterno adversário político causou grandes discussões e desconfianças até mesmo dentro do PT. Em entrevista ao Terra, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que está preocupado com os rumos dessa coligação e relembrou a disputa que teve com Maluf para prefeitura da capital paulista nas eleições de 1992, na busca pela sucessão de Luiza Erundina, então do PT. Na época, Maluf era filiado ao PDS, sucessor da Arena, uma das bases do regime militar brasileiro.
"Da forma como foi feita (a aliança) me preocupou bastante. Achei que a vinda da Erundina e do PSB foi uma excelente notícia, mas fiquei entristecido com o desfecho", afirmou Suplicy.
Adversários nas eleições municipais de 1992, Suplicy lembra alguns detalhes da campanha que colocou Maluf como prefeito de São Paulo pela segunda vez. Antes de suceder Erundina na capital paulista, o líder do PP já havia governado a cidade de 69 a 71, quando foi indicado pelo então presidente da República, general Costa e Silva, para assumir o cargo.
"Nos debates que tive com Maluf minha ênfase foi sempre social. Tive debates diretos e foram em um clima de respeito, mas sempre de divergências, que vinham desde o tempo que fui deputado estadual. Eu criticava severamente a forma como agia, tentando persuadir os que eram da oposição para votarem nele de uma maneira não adequada. Criticava métodos, prioridades e valores. Porém, ele procurava me tratar com muito respeito, conhecia meus irmãos, sempre perguntava como estava a Dona Filomena, minha mãe. Não me lembro dele ter feito críticas ofensivas a mim", lembrou Suplicy.
O senador lembrou histórias curiosas que aconteceram durante a campanha de 92 e gargalhou ao trazer à tona uma em específico envolvendo o então coordenador de sua campanha, Chico Malfitani, temido pela oposição por conta do sucesso na disputa de 88 ao lado de Luiza Erundina, que saiu vitoriosa no pleito.
"Reuniram-se Erundina, Lula, (José) Dirceu e todo o diretório e todos disseram a mim que o Maluf estava forte em São Paulo e que eu era o melhor entre nós no momento. No segundo turno, surgiram divergências com Chico Malfintani e os atritos foram de tal ordem que o Chico saiu. Então o Duda Mendonça, responsável pela campanha do Maluf, disse que quando souberam que o Chico tinha saído, eles abriram uma garrafa de champagne para comemorar", afirmou Suplicy. O petista lembrou ainda que Maluf venceu com o slogam "Nós não temos nada contra o Suplicy, mas não queremos o PT por aqui".
Quando questionado sobre sua relação com Maluf atualmente, Suplicy afirmou que não há muito contato entre o senador e o deputado federal, "apenas cumprimentos". "Não me lembro nem de ter o telefone dele. Não costumo dialogar com ele na minha vida política e não tenho razões de conviver com Paulo Maluf. Tenho amizade com pessoas que tenho afinidade. Eu acho que o Paulo Maluf pode ter tido pontos positivos, mas em geral as suas prioridades como prefeito, governador e os métodos de governos são muito diferentes das que eu defendi em toda a minha vida", completou.
Extraido do Terra

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