quarta-feira, 6 de março de 2013
Renda mensal de R$ 10 mil, novo golpe da pirâmide
Um negócio que promete faturamento alto e rápido, de mais de R$ 10 mil por mês, está ganhando “investidores” paraibanos, mas que podem se tornar vítimas de um novo tipo do chamado “golpe da pirâmide”. Em João Pessoa, cartazes da empresa de telefonia Telexfree, além de usuários paraibanos do Facebook, convocam para ganhar dinheiro fazendo anúncios da empresa na internet.
O professor de economia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Alysson Cabral, explicou que a lógica é agregar novos participantes e, enquanto estes estiverem entrando no “negócio”, os pioneiros ganham muito dinheiro, mas chega um ponto em que não é possível mais agregar novos participantes, a pirâmide desmorona e a maioria sai perdendo o investimento.
Para lucrar com a empresa Telexfree, que é norte-americana, os participantes precisam publicar diariamente anúncios em páginas na internet. O negócio faz com que os investidores trabalhem convencendo novas pessoas a participar. No seu site, a empresa informa que, para ser um divulgador e ganhar dinheiro fazendo anúncios na internet, o investimento anual é de 339 dólares.
“O golpe da pirâmide é antigo e costuma ressurgir com nova roupagem. O último grande escândalo ocorreu na crise de 2008, nos Estados Unidos, o chamado ‘esquema Madoff’. Também é conhecido como esquema Ponzi, datado na década de 1920. Basicamente, é oferecido algo, que pode ser um investimento, um negócio, um produto, que promete um retorno alto e rápido”, esclareceu o economista Alysson Cabral, acrescentando que o criador do golpe faz com que os que entram no esquema ‘trabalhem’ para ele convencendo novas pessoas a entrarem no negócio.
Ele explicou que o termo pirâmide deriva do formato do negócio. Começa com um, que agrega determinado número de participantes que, por sua vez, também devem agregar novos participantes para poder ganhar. Assim, os novos participantes têm que convencer mais pessoas a entrarem no negócio e, assim, sucessivamente.
“A contribuição financeira do novo participante gera ganho para os que já estão no negócio, então, só o pioneiro ou os pioneiros ganham com isso. A maior parte dos participantes entra no negócio e não consegue o retorno do que investiu porque não conseguirá agregar novos participantes. Sem contar que é necessário um número maior de participantes para conseguir o retorno, pois o dinheiro dos novos participantes é dividido entre os participantes antigos. A divisão entre os participantes varia de golpe para golpe”, alertou.
De acordo com o professor de economia da UFPB, Alysson Cabral, as pessoas devem sempre desconfiar da possibilidade de ganho fácil. Com a redução das taxas de juros no Brasil no último ano, ele acredita que muitos têm procurado oportunidades de ganho mais alto. Contudo, é sempre importante ter em mente que por trás da possibilidade de altos retornos, há sempre um risco alto.
Com essa maior disposição ao risco, ele afirma que muitos golpistas aproveitam para oferecer possibilidades de ganho, seja no mercado financeiro já estabelecido, seja numa espécie de “mercado financeiro paralelo”.
Nos Estados Unidos, na época anterior ao estouro da crise, quando as taxas de juros estiveram baixas, muitos embarcaram no negócio do “subprime” - mercado financeiro legal, que emprestava para quem não tinha histórico de bom pagador, mas estava disposto a pagar juros mais altos, ao mesmo tempo em que captava recursos de clientes dispostos a ter um retorno mais alto.
O economista informou também que, na mesma época, surgiu o esquema do financista Bernard Madoff, que convencia empresas, instituições e ‘endinheirados’ a investirem no seu fundo de investimentos, com promessa de retorno bem acima das taxas de juros do mercado. Ele prometia 1% ao mês, que era a taxa anual do país. “Esse fundo de investimentos de Madoff nada mais era que uma pirâmide. Quando o caso estourou, muita gente descobriu que tinha caído num golpe e perdeu muito dinheiro. Ele terminou condenado”, afirmou.
Fonte: Portal Correio
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