As manifestações com incessantes "concertos de caçarolas" é o símbolo mais evidente dos tempos políticos na Venezuela após as eleições presidenciais de 14 de abril.
Os apoiantes da oposição contestam a vitória do vice-presidente Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, e saem às ruas, provocando ruído ensurdecedor batendo em panelas e caçarolas. Os oposicionistas exigem a recontagem dos votos, afirmando que os resultados das eleições teriam sido falsificados. As manifestações começaram segunda-feira, continuando terça e, pelos vistos, terão também lugar quarta-feira, 17 de abril.
Na América Latina, os “concertos de caçarolas” sempre tiveram um caráter econômico. As pessoas protestam assim contra a subida dos preços e os baixos salários. Na Venezuela, porém, tais manifestações ganharam matizes exclusivamente políticos. Como se espera, as caçarolas serão o objeto mais pesado com que a oposição pretende fazer ruído.
Segundo os resultados das eleições presidenciais antecipadas de 14 de abril, a vitória foi alcançada por Nicolás Maduro, que ultrapassou em aproximadamente 1,5% seu principal rival, Henrique Capriles, representante do MUD (Mesa de Unidade Democrática), que exigiu imediatamente recontar os votos.
Embora Nicolás Maduro não se manifeste contra tal procedimento, praticamente não há esperanças de que os votos sejam recontados. O Conselho Eleitoral Nacional, controlado plenamente pelo poder, já proclamou Nicolás Maduro como vencedor.
Washington apoiou a oposição de direita e a recontagem dos votos. Caso contrário, os Estados Unidos não irão reconhecer os resultados das eleições, disse Patrick Ventrell, representante do Departamento de Estado.
Entretanto, a vitória do novo presidente da Venezuela já foi reconhecida pelos principais vizinhos do país no continente. A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, telefonou a Nicolás Maduro, felicitando sua proclamação como presidente e expressando a disposição de trabalhar com a nova direção da Venezuela.
A Colômbia procedeu do mesmo modo. As eleições foram reconhecidas como honestas e livres pelos observadores da União de Nações Sul-Americanas (Unasur), que congrega 12 principais países da região, inclusive Argentina, Brasil, Chile, Bolívia, Peru e Equador.
Três representantes da Rússia também foram observadores nas eleições. “Não vimos quaisquer violações”, disse à Voz da Rússia Nikolai Konkin, secretário da Comissão Eleitoral Central da Federação da Rússia:
“A votação decorreu em conformidade com a legislação vigente da Venezuela. Só em duas mesas de voto vimos uma fila de pessoas na entrada em centros eleitorais, mas, em geral a votação decorreu tranquilamente, sem apelos e propaganda”.
A maioria de peritos opina que não haverá uma recontagem dos votos. Mas o escrutínio mostrou que o país se desintegrou em duas partes iguais: os partidários e os adversários de Nicolás Maduro. Nesta situação, para o novo presidente será difícil dirigir a Venezuela. Em qualquer caso, ele está longe de ser Hugo Chávez.
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