terça-feira, 30 de julho de 2013

Índice de desenvolvimento humano cresce 50% no Brasil

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Segundo o Pnud, índice geral saltou de 0,493 observado em 1991 (considerado muito baixo) para 0,727 (considerado alto) em 2010
O Brasil apresentou significativa redução de desigualdades entre os municípios nos últimos 20 anos, com alta do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) da ordem de 50%. Esse aumento, no entanto, não contribuiu para melhorar a situação do país como um todo, que além de ficar em 85º lugar dentre as nações do mundo com melhor IDHM, apresenta – em comparação com países da América Latina – índices abaixo do Chile (40º lugar), Argentina (45º), Uruguai (51º) e Peru (77º). Os dados são resultado do mapeamento intitulado “Atlas Brasil”, divulgado hoje (29) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro.
O trabalho, um recorte do Brasil com dados comparativos dos últimos 20 anos, apresentou os últimos índices do IDHM nos 5.635 municípios brasileiros. Toma como base a avaliação de indicadores sociais, sobretudo os relacionados a educação, longevidade e renda. De um modo geral, o IDHM apresenta números de 0 a 1 para cada indicador. O índice geral, no país, saltou de 0,493 observado em 1991 (considerado muito baixo) para 0,727 (considerado alto) em 2010.
Conforme avaliação dos coordenadores do trabalho, o Brasil continuou na mesma posição em comparação com os outros países porque a melhoria observada aqui também foi observada em outras nações. Além disso, dos 187 países cujos dados são apurados para o cálculo comparativo do IDHM, 108 mantiveram suas posições (enquanto 44 tiveram IDHM reduzido e 35 subiram de posição nesse ranking).

Educação e renda

Dos três principais indicadores, o que apresentou mais destaque nos municípios brasileiros foi a Educação. Nas duas últimas décadas, o índice subiu 128,3%. Mesmo assim, ainda é considerado baixo: saiu de 0,2788 em 1991 para 0,637 em 2010. Para os responsáveis pelo estudo, esse aumento reflete o crescimento do fluxo escolar da população jovem no mesmo período e o nível de escolaridade da população adulta. “Os números revelam que enquanto na década de 1990 a grande preocupação era colocar as crianças na escola, em 2010 essa preocupação passou a ser o que fazer para que os alunos continuem na escola e sejam bem preparados”, acentuou o presidente do Ipea, Marcelo Nery, mostrando a diferença em relação ao setor.
O IDHM Longevidade, por outro lado, registrou crescimento de 23,2% nos últimos 20 anos. Em outras palavras: resultou em um aumento de 9,2 anos na expectativa de vida ao nascer no país, entre 1991 e 2010. Já em relação ao IDHM Renda, o crescimento foi de 14,2%, o que representou R$ 346 de aumento na renda per capita mensal dos municípios brasileiros. Mas a diferença entre os municípios com maior e menor IDHM Renda per capita é gritante. Oscila de R$ 2.043,74 (a maior média, observada em São Caetano do Sul – SP) e R$ 96,25 (a menor, do município de Marajá do Sena – MA). Significa dizer que, em 2010, um cidadão médio de São Caetano do Sul tinha renda per capita mensal 20 vezes maior que a de um cidadão médio de Marajá do Sena – diferença de mais de 2000 %.
Esse tipo de desigualdade é observado de uma forma abrangente em todo o trabalho, sobretudo quando se faz um comparativo entre as regiões. Dos 5.635 municípios brasileiros, 74% deles, ou 4.122 municípios possuem entre médio e alto IDHM. Já 25% (1.431 municípios) possuem baixo ou muito baixo IDHM. A observação mostra uma boa melhoria, já que em 1991, 85,8% dos municípios brasileiros tinham IDHM muito baixo. Também leva ao entendimento de que o país está conseguindo reduzir disparidades de desenvolvimento humano em suas regiões. Além destes municípios, se destacam 0,8% do total (ou 44 deles) que possuem IDHM considerado muito alto.
De acordo com o mapeamento, as regiões Sul e Sudeste possuem a maioria dos municípios com maior índice de desenvolvimento humano. No Centro-Oeste e no Norte do país, a maioria dos municípios é considerada de médio desenvolvimento humano. As regiões Norte e Nordeste, por sua vez, não possuem nenhum município na faixa de multo alto IDHM. E as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste não possuem nenhum município de baixo IDHM.
Quando o índice é avaliado em relação a unidades da Federação, constata-se que o melhor IDHM (o mais elevado) é observado no Distrito Federal (de 0,824). O DF, levando-se em conta todas as suas regiões administrativas, tem o maior IDHM Renda (0,863) e um IDHM Educação de 0,742. Os piores índices, em compensação, são observados nos estados nordestinos de Alagoas (0,63 DE IDHM) e Maranhão (0,639).
“O Brasil tem registrado um avanço extremo em termos de saúde, educação e distribuição de renda, mas ao mesmo tempo, possui passivos históricos”, afirmou Marcelo Nery, para quem esse mapeamento é uma boa fotografia do mundo, a partir do Brasil. “Não superamos a desigualdade, mas a diminuição desta desigualdade e a melhoria dos indicadores é expressiva”, ressaltou o pesquisador.

São Paulo

Um dos destaques do estudo sobre o IDHM é São Paulo. O mapeamento constatou que dos 44 municípios com IDHM mais alto, 24 estão concentrados no estado. Os melhores índices observados no país são os municípios de São Caetano do Sul (SP), Águas de São Pedro (SP), Florianópolis (SC), Vitória (ES), Balneário Camboriú (SC), Santos (SP), Niterói RJ), Joaçaba (SC), Brasília (DF) e Curitiba (PR). Os piores índices são dos municípios de Melgaço (PA), Fernando Falcão (MA), Atalaia do Norter (AM), Marajá do Sena (MA), Uiramutã (RR), Chaves (PA), Jordão (AC ), Bagre (PA) Cachoeira do Piriá (PA) e Itamarati (AM).
Dos municípios com melhor IDHM se destacaram Nova Lima (MG), Rio Fortuna (SC), com IDHM e Rio do Sul (SC). Os três municípios subiram da condição de médio desenvolvimento humano para muito alto desenvolvimento humano na última década. Já entre os 50 municípios com pior IDHM, embora eles tenham permanecido na mesma situação em aferições anteriores, os índices de todos registraram melhorias.
Atualmente, o Brasil é considerado um dos países com alto desenvolvimento humano, com expectativa de vida de 73,8 anos, média de escolaridade de 7,2 anos e renda per capita anual de US$ 10.152. Mas os dados não são atualizados totalmente. Os indicadores da educação são de 2005, e os de saúde e renda, de 2010. Segundo a analista Daniela Pinto, do Pnud, o estudo consiste num exercício comparativo e serve para nortear políticas públicas para melhoria do país nos mais diversos setores, mas é preciso levar em conta que alguns países possuem dados mais atualizados que outros.
O IDH mede o nível de desenvolvimento humano de determinada região. É a terceira vez que o órgão da ONU realiza o levantamento sobre a situação nos municípios do país – outras duas edições da pesquisa foram divulgadas em 1998 e 2003. No recorte deste ano, o índice foi realizado a partir de um novo critério – em razão disso, foram recalculados, também, os dados do Brasil referentes aos anos de 1998 e de 2003.

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